Grupo teatral desperta interesse dos jovens pelo estudo da Química
Autor(a): Jonas Gonçalves
Um projeto de extensão universitária do Instituto de Química (IQ) da Unesp de Araraquara, desenvolvido em 1988, deu origem a uma forma lúdica e inteligente de disseminar conhecimentos e aproximar a Química da sociedade, especialmente os jovens. Trata-se do Grupo Alquimia, que une teatro e ciência em um mesmo palco.
A iniciativa foi de alunos do curso do IQ-Unesp, com o apoio dos professores Marian Davolos e Miguel Jafelici. Ao longo do tempo, o grupo cresceu, se consolidou e o trabalho que desenvolve em escolas, teatros e espaços culturais tem auxiliado estudantes que estão para prestar vestibular, bem como ajudado a desvendar os mistérios da ciência para adultos e crianças.
"Em suas apresentações, o Alquimia procura destacar o papel central da Química no desenvolvimento do mundo moderno, mostrando que as transformações da matéria realizadas pelo Homem somente foram possíveis graças aos conhecimentos dessa ciência. Durante as encenações, são realizadas experiências simples, de demonstração rápida, mas que oferecem um interessante efeito visual para a plateia", relata a professora Marisa Veiga Capela, atual coordenadora do grupo, para o qual colaboram os professores Jorge Manuel Capela e Leinig Antonio Perazolli, além do servidor técnico-administrativo Reinaldo Deodato.
A docente assumiu a coordenação em julho de 2011. "Sou da área de Matemática e Estatística e não tinha experiência em teatro, mas resolvi aceitar o desafio, o que tem se mostrado muito gratificante. O trabalho é todo feito pelos integrantes do grupo, desde a adaptação dos temas para a linguagem teatral até a produção do figurino, o que torna o Alquimia uma experiência muito rica", enfatiza.
Para facilitar a compreensão e chamar a atenção do público, todos os temas abordados nas peças são tratados com humor, mas com a preocupação de que os aspectos científicos sejam preservados, explica a coordenadora. Pequenas e inofensivas explosões que liberam luz, fumaça e cores, a observação de diferentes cores em uma mesma solução quando transferida de um copo para outro ou ainda um texto que aparece escrito "milagrosamente" após um pedaço de tecido branco ser borrifado com uma solução transparente, são alguns exemplos dos experimentos feitos durante as apresentações.
No total, o grupo já montou 11 peças e realizou cerca de 200 apresentações para aproximadamente 60 mil espectadores, em cidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Em geral, os espetáculos ocorrem em semanas temáticas de cursos e também durante feiras de ciências ou de profissões.
Experiência - Irã Borges Coutinho Gallo já é estudante de mestrado, mas participa do Alquimia desde 2007, quando ainda estava no terceiro ano de graduação. Para ele, "conciliar os estudos com os ensaios e apresentações requer bastante esforço, tanto que na época das provas temos que reservar tempo para os estudos, o que diminui as atividades do grupo. Mesmo assim, conseguimos nos reunir em alguns intervalos e produzir as peças", conta.
Integrante do grupo desde que ingressou na faculdade, Thais Silva do Amaral está no terceiro ano do curso de Bacharelado em Química. Com experiência anterior em teatro, naturalmente sentiu-se atraída pelo projeto de extensão. "É muito gratificante fazer parte desse trabalho, principalmente quando há o contato com o público. Durante as peças, respondemos a várias perguntas e tiramos dúvidas. A relação com as crianças é especial, pois elas são bastante curiosas", diz.
De acordo com Gláucio de Oliveira Testoni, que foi integrante do elenco por seis anos e, atualmente, colabora no desenvolvimento das histórias, o foco atual é adaptar temas da Química para a linguagem teatral. "No início, havia a preocupação de se fazer um teatro mais profissional. Porém, com pouco tempo para ensaios, foi melhor nos assumirmos como amadores e desenvolver uma forma própria de criação. Desenhamos figurinos, ensaiamos coreografias e escrevemos os roteiros. Geralmente, duas pessoas são encarregadas de liderar esse trabalho", explica Testoni.
Segundo ele, a estrutura permite o improviso dos atores envolvidos nos espetáculos, que nem sempre interpretam os mesmos papéis. "Em cada peça é feita uma rotatividade e um mesmo ator pode interpretar um personagem diferente, a não ser em alguns casos especiais, quando quem interpreta se encaixa de uma forma perfeita", afirma.
Uma das vantagens de fazer parte do Alquimia é a desenvoltura na comunicação, adquirida com o passar do tempo. Para Juliana Ramos de Lima, estudante de Bacharelado, esse fator foi fundamental. No grupo desde que ingressou na universidade, a futura profissional acredita que o projeto é uma forma de aproximar a Química dos jovens, especialmente daqueles que não têm acesso a laboratórios em suas escolas. "Estudei em escola pública e sei como é, gostando de Química, não ter a oportunidade de conhecer mais sobre o assunto. Quando nos apresentamos em escolas me sinto gratificada em ver tantos alunos nos tratando com muito carinho e ficando motivados em aprender com o nosso trabalho. Sentirei muitas saudades", conclui Juliana.
O elenco atual do Grupo Alquimia é formado pelos seguintes integrantes, a maioria estudantes do Bacharelado em Química. São eles: Beatriz Otaviano, Bianca Marques dos Santos, Bruno de Santis Andrioli, Caroline Oliveira Rocha, Daniel Arisa, Diego Carneiro Camara, Flávio Pereira Cardoso, Gabrielle Severino Sarkis, Guilherme Gonçalves Costa, Irã Borges Coutinho Gallo, José Augusto Moreira de Oliveira, Juliana Ramos de Lima, Leonardo Bergamasco Ribeiro, Mariane Spadoto, Rafael Abdala Politano, Raul Cruz Paleuco, Thais Brasil Lenhard, Thais Silva do Amaral e Vinícius Galatti Silva.
Contato - O grupo está atualmente em cartaz com o espetáculo Pandemonium, que estreou em 2011 e faz um alerta sobre problemas ambientais que colocam o planeta em risco. As instituições que se interessarem pelo trabalho podem entrar em contato pelo e-mail teatroalquimia@yahoogrupos.com.br ou diretamente com os professores: Marisa Veiga Capela (16 3301-9647 ou marisavc@iq.unesp.br), Jorge Manuel Vieira Capela (16 3301-9646 ou capela@iq.unesp.br) e Leinig Perazolli (16 3301-9711 ou leinigp@iq.unesp.br). As apresentações são gratuitas, sendo o deslocamento dos atores custeado pela própria Unesp.