Mesa debatedora no primeiro bloco do evento discutiu competências e habilidades esperadas pelo mercado
Ocorreu na sexta-feira (12/09), na sede do CRQ-IV, o I Fórum de Ensino Superior da Área Química, idealizado para discutir se a formação dada pela instituições de ensino aos futuros Profissionais da Química atende às necessidades do mercado de trabalho. O evento foi dividido em dois blocos de debates: o primeiro discutiu habilidades e competências esperadas do Profissional da Química recém-formado e o segundo perspectivas da indústria em relação à formação do futuro profissional. Centro Universitário Padre Anchieta (Jundiaí), Unesp de Araraquara, Instituto de Química da USP, Instituto de Química da Unicamp, Fundação Educacional de Assis, Universidade Metodista de Piracicaba, Faculdades Oswaldo Cruz, Faculdades Integradas de Fernandópolis, Universidade do Oeste Paulista (Presidente Prudente) e Universidade de Guarulhos estiveram entre as escolas representadas no fórum.
A abertura foi feita pelo Químico Industrial Aelson Guaita (foto à esquerda), presidente do Sindicato dos Químicos, Químicos Industriais e Engenheiros Químicos do Estado de São Paulo (Sinquisp), que organizou o fórum juntamente com o CRQ-IV. Guaita afirmou que uma das linhas de atuação do sindicato é implementar ações voltadas ao aprimoramento profissional, como a realização de cursos e a participação efetiva em eventos que discutam esse assunto.
A seguir, a coordenadora da Comissão de Ensino Superior do CRQ-IV, Andrea Mariano, fez uma breve apresentação do Programa Selo de Qualidade. Trata-se de uma iniciativa destinada a estimular as Instituições de Ensino a promover atualizações metodológicas e tecnológicas de seus cursos, reavaliar continuamente suas estratégias, adequar suas instalações e buscar parcerias com vistas ao aprimoramento dos futuros profissionais. Clique aqui para obter mais detalhes.
Participaram das discussões do primeiro bloco Iris Tébéka, da área de pesquisa de matérias-primas alternativas na Dow Química, José Eduardo Bevilacqua, da Cetesb, e Lúcio Angnes, professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da área de Química na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O desenvolvimento de habilidades por meio de programas de estágio e trainee foi tema abordado por Iris Tébéka. Ela ressaltou a importância de se ter uma boa comunicação interpessoal para que o recém-formado conquiste uma oportunidade. "O conhecimento técnico é essencial, mas também é necessário saber transmiti-lo", assinalou.
Outras características que o recém-formado deve possuir, como visão estratégica, gosto por desafios e capacidade de tomar decisões, foram destacadas por José Eduardo Bevilacqua, Químico da Cetesb. "A natureza da atuação na Cetesb leva o Profissional da Química a pensar localmente e agir globalmente", afirmou. Ele citou como exemplo a própria área de meio ambiente, que "exige correlação de diversas questões para se chegar a um diagnóstico final".
A última apresentação do primeiro bloco foi feita por Lúcio Angnes, que também atua como coordenador adjunto de Inovação Tecnológica na Fapesp. Ele abordou oportunidades na área de pesquisa, detalhando o funcionamento de iniciativas da entidade, como o Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que oferece apoio à execução de pesquisa científica e/ou tecnológica em pequenas empresas sediadas no Estado de São Paulo.
Marcos Basso, da Eastman, afirmou que os profissionais devem buscar qualificações de forma permanente
A segunda parte do evento teve como apresentadores Antônio Carlos de Freitas Espeleta, que fez uma palestra sobre empreendedorismo, Marco Aurélio Basso, da Eastman, que apresentou uma visão estratégica de mercado, e Maria Gorette Fernandes, da Basf, que falou sobre parcerias entre indústrias e Instituições de Ensino.
"O empreendedorismo e a inovação são indissociáveis", segundo Espeleta, que possui ampla experiência na área, em especial na multinacional 3M. Para ele, as instituições de ensino devem fomentar parcerias com o mercado. Além disso, propôs um modelo no qual seria possível desenvolver soluções inovadoras por meio de incentivos governamentais, fornecimento de estrutura e recursos por parte de empresas e disseminação de conhecimento pelas universidades.
Na visão de Marcos Aurélio Basso, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Eastman, o Profissional da Química não pode ter fronteiras na atualidade, já que as principais empresas tendem a trabalhar em equipes virtuais de forma global. "Saber inglês e espanhol são conhecimentos mínimos hoje em dia. O diferencial começa a partir do terceiro idioma", exemplificou. Além de se adaptar a horários flexíveis de trabalho, quem visa as melhores colocações no mercado deve se aperfeiçoar continuamente. "Qualquer profissional fica parcial ou totalmente obsoleto depois de quatro anos de formação. As instituições de ensino devem focar em educação continuada e cursos de pós-graduação e alertar seus alunos para essas exigências. Para manter a empregabilidade, os profissionais precisam se manter constantemente atualizados", enfatizou Basso.
Larissa Ruiz defende maior interação entre escolas e empresas da área
No encerramento da programação, Maria Gorette Fernandes apresentou ações realizadas pela Basf na busca por parcerias visando a inovação tecnológica. Também citou quatro características fundamentais para os Profissionais da Química: criatividade, mente aberta, responsabilidade e empreendedorismo. "É necessário 'pensar fora da caixa'", salientou. Ela também apresentou casos de sucesso envolvendo projetos incentivados pela empresa no campo da sustentabilidade.
Interface - Entre os participantes do Fórum, estiveram estudantes e professores de instituições de ensino que buscaram informações sobre a visão das empresas a respeito da formação dos profissionais. Aluna do curso de Bacharelado em Química das Faculdades Oswaldo Cruz, Larissa Ruiz acredita que uma interação maior entre indústrias e escolas poderia ser um incentivo. "Em eventos como este, é possível ter um contato maior com a realidade do mercado", apontou.
Coordenador do curso de Bacharelado em Química do Instituto Superior de Ciências Aplicadas (ISCA Faculdades), de Limeira, o professor Ricardo Francischetti Jacob considera que o Fórum demonstrou o panorama atual da interface entre o mercado e o meio acadêmico. "As multinacionais trazem uma cultura de integração com instituições de ensino que ainda não se constata nas empresas nacionais", comparou.
Participação - Apesar de existirem em torno de 150 escolas de nível superior que oferecem cursos na área no estado de São Paulo, inscreveram-se para o encontro pouco mais de 40 coordenadores de cursos. Segundo a Engenheira Química Andrea Mariano, coordenadora da Comissão de Ensino Superior do Conselho, todas as instituições cadastradas na entidade foram convidadas, porém algumas alegaram que não poderiam enviar representantes devido a outros compromissos agendados por parte dos coordenadores.
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