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Set/Out 2011 

 


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ACS premia Químico que pesquisa medicamento para doença de Chagas


Ass. de Comunicação/IFSC-USP

 

Andricopulo está entre os cientistas mais influentes do século

Adriano Andricopulo é Químico Industrial, professor do Instituto de Física de São Carlos, da USP de São Paulo e, antes dos 40 anos – a serem completados em novembro –, ostenta um currículo invejável. Sua mais recente conquista foi o prêmio Young Talents in Science, conferido pela American Chemical Society (ACS) e pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ). Em março passado, com base em avaliações de instituições conceituadas como a CAPES e o CNPq, a revista Veja o colocou entre os cientistas brasileiros mais influentes deste século. Gaúcho de Porto Alegre, Andricopulo recebeu vários prêmios e destaques nos últimos anos, tendo sido selecionado pela Academia Brasileira de Ciências como Membro Afiliado na área de Ciências Químicas. É também membro do corpo editorial de várias revistas científicas internacionais.


Seu principal campo de atuação é a Química Medicinal e Planejamento de Fármacos, área em que desenvolve estudos sobre doença de Chagas. Os prêmios foram um reconhecimento pelas pesquisas de fármacos e os avanços científicos e tecnológicos que obteve como coordenador do Centro de Referência em Química Medicinal para Doença de Chagas, da Organização Mundial de Saúde (OMS).


Também chamada como mal de Chagas, é uma doença endêmica encontrada na América Latina. Sua causa é o protozoário Trypanosoma cruzi, presente nas fezes de um inseto hematófago conhecido com barbeiro. A transmissão ocorre quando a pessoa coça a região picada pelo inseto, facilitando o contato de suas fezes com o sangue. Descoberta em 1909 pelo brasileiro Carlos Chagas, o mal está no rol das chamadas doenças negligenciadas, o que em parte explica a razão de, até hoje, não existirem medicamentos eficazes para o seu tratamento e prevenção.


De acordo com o Ministério da Saúde, hoje no Brasil predominam os casos crônicos decorrentes da doença.  O mal apresenta uma fase aguda, caracterizada por febre prolongada, dor de cabeça, fraqueza intensa e inchaço no rosto e pernas, e formas crônicas, com complicações cardíacas, digestivas ou ambas. Estima-se que existam no País de dois a três milhões de portadores da doença já em seu estágio crônico.


Adriano Andricopulo conta que se interessou pelas doenças negligenciadas quando fez o doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina e, principalmente, mais tarde, no pós-doutorado realizado na Universidade de Michigan. As doenças negligenciadas são assim chamadas por atingirem as populações mais pobres que, em função do seu baixo potencial econômico, praticamente não despertam o interesse da indústria farmacêutica em virtude da baixa perspectiva de lucros. Tal contexto eleva o mérito dos trabalhos de Andricopulo.


O grupo que ele coordena já identificou e testou in vitro e em camundongos uma série bastante promissora de novas moléculas que agem contra proteínas-alvo e o próprio parasita e que podem se transformar em candidatos a fármacos. “Nossas pesquisas agora visam à melhoria de suas propriedades”, explica. Ao trabalhar em conjunto com a OMS, o laboratório de São Carlos tem a vantagem de contar com o apoio de empresas farmacêuticas, como a Pfizer e a Merck, que fazem o processo de desenvolvimento clínico, para que as moléculas possam, no futuro, ser testadas em humanos. “Não temos como fazer os testes clínicos, os custos são muito altos e a estrutura requerida é muito grande. Por isso tem que haver parceria com a indústria", diz.

 
Apesar dos resultados promissores, vai demorar até que um novo medicamento esteja disponível para os doentes: “Falta concluir o processo de melhoria das moléculas, depois tem a fase clínica, que pode variar de dois a seis anos, e o processo de aprovação do medicamento pelas autoridades de saúde. São alguns anos até se chegar a uma nova alternativa terapêutica”, calcula.


Além do apoio da Organização Mundial de Saúde, os estudos também são financiados pelo programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP e, mais recentemente, pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biotecnologia Estrutural e Química Medicinal em Doenças Infecciosas (INBEQMeDI-INCT/CNPq), do Ministério da Ciência e Tecnologia, do qual Andricopulo é vice-coordenador.

 





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