Artigo: saiba mais sobre a ISO 14001
Autor(a): por Vandelino Ribeiro dos Reis
1 – Introdução
Depois do sucesso das Normas de Qualidade da série ISO-9000, a ISO (International Organization for Standardization) desenvolveu uma família de Normas na área de SGA (Sistema de Gestão Ambiental), algumas delas já publicadas e outras em andamento. Da mesma maneira que a série ISO-9000, as normas ISO de Gestão Ambiental foram prontamente aceitas pelo mundo todo e estão sendo rapidamente adotadas, embora não tenham caráter legal e sejam de adoção voluntária.
2 - O que é ISO? A Organização Internacional para Normalização é uma federação mundial de organismos de padronização de 140 países, representando cerca de 95% da produção mundial. Para fazer parte da ISO é necessário que o País tenha um único organismo normalizador. São estes organismos, tais como ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, AENOR - Asociación Española de Normalización y Certificación, AFNOR – Association Française de Normalisation, ANSI – American National Standards Institute, BSI – British Standards Institution, DIN - Deutsches Institut für Normung, NSF - Norges Standardiseringsforbund e outros que compõem a ISO. A ABNT, fundada em 1940, é o único organismo normalizador que temos, sendo o Brasil um dos sócios fundadores da ISO e um dos 18 países que participam do Conselho Superior daquela entidade. A ISO é uma organização não-governamental, fundada em 23/02/1947 e sua sede fica em Genebra, Suíça.
Fato relevante para nós é que no momento quem preside a ISO é um brasileiro. O Sr. Mário Cortopassi foi eleito em janeiro de 2001 para um mandato de dois anos. Cabe destacar ainda, traduzindo as palavras do site da ISO, que o Sr. Cortopassi é um Químico experiente, industrial de sucesso da indústria têxtil e de fibra sintética, tendo com mais de 30 anos de atuação na área de padronização.
O termo “ISO” utilizado para representar a organização não é uma sigla, pois em português seria “OIN” e em inglês seria “IOS”. A palavra “ISO” é derivada do grego [ISO] que significa igual, que é a raiz do prefixo “ISO”, como ocorre em palavras como isonomia, isósceles, etc. Este termo “ISO” foi escolhido para representar o sentido de igualdade que representa uma norma mundial voluntária e também porque a Organização fica conhecida no mundo todo pela mesmo nome “ISO” e não com as adaptações aos idiomas locais (por exemplo, OIN, IOS, etc.).
A missão da ISO é promover o desenvolvimento de normas voluntárias no mundo, facilitando o comércio de produtos e serviços e o desenvolvimento da cooperação de atividades nos campos intelectual, científico, tecnológico e econômico.
A ISO desenvolve normas nas áreas de produtos e serviços. Durante a sua existência, já foram criadas mais de 11.000 normas internacionais nos campos técnicos da engenharia mecânica, produtos químicos, materiais não-metálicos, agricultura, tecnologias especiais, medicina e saúde, embalagens, distribuição de produtos etc. Porém, para o público não especializado, a ISO surgiu com mais força em 1987 com o advento das primeiras normas do Sistema de Qualidade série ISO-9000 (primeira edição). E no ano de 1996, ganhou uma nova visibilidade para o consumidor, com a publicação da norma de certificação de Sistema de Gestão Ambiental ISO-14001.
3 – História e desenvolvimento
O conjunto de Normas ISO-14000 nasceu primariamente como resultado da Rodada do Uruguai de negociações do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), encerrada em 1994, e da CNUMAD (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento), mais conhecida como ECO-92. Enquanto o GATT tinha a preocupação em reduzir as barreiras não tarifárias, a ECO-92 gerou o comprometimento de proteção do meio ambiente em todo o planeta e fortaleceu a discussão do conceito de Desenvolvimento Sustentável.
No início da década de 90, diversos países desenvolviam normas e procedimentos no campo ambiental. O Reino Unido possuía a Norma BS-7750 (base para o posterior desenvolvimento da EMAS – Environmental Management and Audit Scheme e da série ISO-14000); o Canadá, as auditorias de gerenciamento ambiental, rótulos ecológicos e outras normas; a União Européia possuía a EMAS, o Gerenciamento Ecológico e Regulamentos para Auditorias. Muitos outros países, como EUA, Alemanha e Japão, tinham introduzido Programas de Rotulagens Ecológicas.
Esta profusão de normas ambientais – e uma certa pressão internacional para que houvesse uma unificação – fez com que a ISO avaliasse a necessidade de uma norma internacional para o Gerenciamento Ambiental. Foi formado então o SAGE (Strategic Advisory Group on the Environment), em 1991, para analisar onde tais padrões poderiam ter utilidade. Seus objetivos eram:
Promover um Sistema de Gestão Ambiental similar ao Sistema de Qualidade;
Enriquecer as habilidades das organizações em atender e medir as melhorias do desempenho ambiental;
Facilitar o comércio e remover as barreiras comerciais.
Resultado foi que em 1993 o SAGE recomendou a formação de um novo comitê, o TC-207 (Technical Committee), para desenvolver uma norma internacional de gerenciamento ambiental. Tanto no TC-207, como nos Sub-Comitês que foram criados, estavam inclusos representantes das indústrias, órgãos de normalização, organizações governamentais e organizações não-governamentais de diversos países. A Série ISO-14000 foi designada para cobrir os seguintes temas:
a) Sistema de Gerenciamento Ambiental; b) Auditoria Ambiental; c) Avaliação do Desempenho Ambiental; d) Rotulagem Ambiental; e) Análise do Ciclo de Vida; f) Aspectos Ambientais em Normas de Produtos.
4 – A utilidade das novas normas
O conjunto de Normas ISO-14000 fez com que o mundo todo focasse as questões ambientais, encorajando a busca de um planeta mais limpo, seguro e saudável para todos. A existência destas normas permitiu que as organizações dirigissem seus esforços de adequação ambiental contra os critérios de uma norma de aceitação mundial, de modo que não surjam conflitos regionais quanto à interpretação da boa prática ambiental.
Em geral, as organizações precisam de uma certificação ambiental para concorrer no mercado. Em todos os continentes, muitas das organizações obtiveram a certificação ISO-9000 primeiramente para atender a crescente necessidade de seus clientes. A certificação de qualidade ISO-9000 tornou-se essencial e necessária para a realização de negócios em diversas áreas do comércio. Similarmente, a certificação dos Sistemas de Gestão Ambiental está se tornando uma necessidade primária para a realização de negócios em muitas regiões ou indústrias. As grandes empresas do setor automobilístico, por exemplo, estabeleceram uma meta para que todos seus fornecedores tenham um SGA certificado de acordo com a ISO-14001 até dezembro de 2002. A penalidade para aqueles que não se certificarem será a exclusão da lista de fornecedores autorizados. Um preço muito alto para aqueles que ainda pensam que o estabelecimento de um SGA é uma despesa para a Organização ao invés de pensar que é um investimento com alto nível de retorno.
5 - O uso destas normas
As normas se aplicam a todos os tipos e tamanhos de organizações, com um ou cem mil empregados, empresa pública ou privada, do setor produtivo ou de serviços, e são designadas para atender as diversidades geográficas, culturais e sociais. A ISO-14001, com exceção da exigência do comprometimento com a melhoria contínua, atendimento a legislação e prevenção da poluição, não estabelece necessidades absolutas para o desempenho ambiental. Organizações que desenvolvem atividades similares podem ter um SGA e ou desempenho ambiental completamente diferente, e, no entanto todas podem estar adequadas a ISO-14001.
Como aplicar a ISO-14001 é uma questão de decisão da organização e deve ser claramente documentada para cobrir a extensão do projeto. Contudo a implantação de um SGA, limitado a pequenas áreas, pode fornecer uma oportunidade de mercado para o competidor.
Não existe um limite para a aplicação de um sistema de gestão ambiental e podem ser incluídos os produtos, serviços, atividades, operações, plantas, transportes etc. Todas as atividades da organização devem ser consideradas para o levantamento dos aspectos e impactos ambientais, considerando as práticas atuais, passadas e futuras. Devem ser revisados estes aspectos e impactos ambientais para as condições normais, anormais e para situações de emergências.
6 – As normas da série ISO-14000
A melhor maneira de apresentar este item é mostrar a lista de normas já publicadas e a serem publicadas, conforme tabela 1.
Tabela 1: Lista de normas da série ISO-14000
DESIGNAÇÃO
ANO PUBLICAÇÃO
TÍTULO
ISO 14001:1996
1996
Sistema de Gestão Ambiental - Especificação com Diretrizes para Uso.
ISO 14004:1996
1996
Sistema de Gestão Ambiental - Diretrizes Gerais Sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio.
ISO 14010:1996
1996
Diretrizes para Auditoria Ambiental - Princípios Gerais.
ISO 14011:1996
1996
Diretrizes para Auditoria Ambiental - Procedimentos de Auditoria - Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental.
ISO 14012:1996
1996
Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios para Qualificação de Auditores Ambientais.
ISO/WD 14015
2001
Avaliação Ambiental de Sites e Entidades.
ISO 14020:1998
1998
Rótulos e Declarações Ambientais - Princípios Gerais.
ISO/DIS 14021
1999
Rótulos e Declarações Ambientais - Auto Declaração Ambiental.
ISO/FDIS 14024
1998
Rótulos e Declarações Ambientais - Declarações Ambientais Tipo I - Diretrizes de Princípios e Procedimentos.
ISO/WD/TR 14025
A Publicar
Rótulos e Declarações Ambientais - Declarações Ambientais Tipo III - Diretrizes de Princípios e Procedimentos.
ISO/FDIS 14031
1999
Gerenciamento Ambiental - Avaliação do Desempenho Ambiental - Diretrizes.
ISO/TR 14032
1999
Gerenciamento Ambiental - Avaliação do Desempenho Ambiental - Estudo de Caso Ilustrando o Uso da ISO 14031.
ISO 14040:1997
1997
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida - Princípios e Estrutura.
ISO 14041:1998
1998
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida - Definição dos Objetivos, Escopo e Análise do Inventário.
ISO/CD 14042
1999
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida - Avaliação do Impacto do ciclo de Vida.
ISO/DIS 14043
1999
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida - Interpretação do Ciclo de Vida.
ISO/TR 14048
1999
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida - Forma da Documentação de Dados da Análise do Ciclo de Vida.
ISO/TR 14049
1999
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida - Exemplos para Aplicação da ISO 14041.
ISO 14050:1998
1998
Gerenciamento Ambiental - Vocabulário.
ISO/TR 14061
1998
Informações para Orientar Organizações florestais no Uso das Normas de Sistema de Gerenciamento Ambiental ISO 14001 e ISO 14004.
ISO Guide 64:1997
1997
Diretrizes para Inclusão de Aspectos Ambientais em Normas de Produtos.
Legenda:CD = Committee Draft – DIS = Draft International Standard – FDIS = Final Draft International Standard – TR = Technical Report – NWIP = New Work Item Proposal
Fonte: ISO (2001)
7 – A norma de certificação ISO-14001
Em primeiro lugar, a definição do SGA: “a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental”. O SGA é um contínuo ciclo de planejamento, implementação, análise crítica e melhoria contínua dos processos e ações que a organização desenvolve para alcançar suas obrigações e objetivos ambientais.
Os profissionais da Química têm um papel fundamental na implementação, monitoramento e melhorias dos sistemas de Gestão Ambiental das organizações. O que reivindicamos aqui é o papel de igualdade junto com profissionais de outras áreas, vez que o meio ambiente requer necessariamente a multidisciplinaridade e interdisciplinaridade. Isto posto, não cabe aos profissionais da química, o papel secundário, de coadjuvantes, como infelizmente aconteceu com sistema de Qualidade, em boa parte das organizações.
A ISO-14001 é a mais conhecida da série, por ser a única Norma certificável. É uma norma de utilização voluntária e que pode ser utilizada para implantação de SGA, quer seja na busca da certificação, reconhecimento por um órgão certificador ou simplesmente para uma autodeclaração de que possui um SGA implantado no modelo da referida norma. O intuito da ISO-14001 é que a organização estabeleça um Sistema de Gestão Ambiental. Ressaltamos que esta não é a norma que trata da avaliação do desempenho ambiental. Outras normas da série foram designadas para tratar a avaliação do desempenho ambiental.
8 – Os elementos da norma ISO-14001
A série de Normas ISO-14000, em particular a Norma para Sistema de Gestão Ambiental ISO-14001, tem sido amplamente estudada e implementada tanto em empresas privadas como em empresas públicas. A Norma ISO-14001 foi oficialmente publicada em setembro de 1996 e de lá para cá tem conquistado as organizações, acenando como o mesmo sucesso ou talvez até maior do que a Série de Normas ISO-9000, voltadas para o Sistema de Gestão da Qualidade.
Tendo como foco a melhoria contínua, a implantação do SGA ISO-14001 segue a metodologia PDCA (Plan, Do, Check , Act), que em português podemos traduzir por Planejar, Implementar, Verificar e Analisar Criticamente. mostrada na figura 1.
Figura 1: Ciclo PDCA para o Sistema de Gestão Ambiental ISO-14001
Fonte: NSF International (2001)
O SGA tem que estar inserido no planejamento estratégico da empresa, levando em conta o tipo de organização, potencial de agressão ao meio ambiente, posicionamento dos negócios, identificando seus pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças (SWOT – Strong – Weak – Opportunities - Threat).
A norma ISSO -14001 possui 17 elementos que são distribuídos dentro do ciclo PDCA e que rapidamente descrevemos na tabela 2.
Tabela 2: Os 17 elementos da ISO-14001
1 - Política Ambiental
Declaração da organização, mostrando o comprometimento com o meio ambiente. Deve ser utilizada como base para o planejamento e ações do SGA.
Planejamento
2 – Aspectos e Impactos Ambientais
Identifica as atividades, produtos e serviços da organização que interagem com o meio ambiente e que estão sob seu controle;
Determina quais destes aspectos tem ou podem ter impactos significantes ao meio ambiente.
3 - Requisitos Legais e outros requisitos
Identifica e assegura acesso as legislações e regulamentos ambientais relevantes e ou outros requisitos setoriais que tenha aplicação aos aspectos ambientais da organização.
4 - Objetivos e Metas
Estabelece objetivos para a organização, de acordo com a política ambiental, aspectos ambientais e visão das partes interessadas e outros fatores.
5 - Programa(s) de Gestão Ambiental
Planeja as ações necessárias para se alcançar os objetivos e metas do SGA.
Implementação e Operação
6 - Estrutura e Responsabilidade
Define a participação, responsabilidades e autoridades necessárias para facilitar o gerenciamento ambiental eficaz.
7 - Treinamento, conscientização e competência
Assegura que todos os empregados, envolvidos com os impactos significativos, tenham o treinamento apropriado e estejam capacitados para suportar o SGA.
8 – Comunicação
Estabelece procedimentos para facilitar a comunicação interna e dar respostas às comunicações externas referentes ao SGA.
9 - Documentação do SGA
Estabelece procedimento para descrever a estrutura e relacionamento entre os documentos exigidos pelo SGA.
10 - Controle de documento
Estabelece procedimento para um efetivo gerenciamento e controle de todos documentos do SGA.
11 - Controle operacional
Identifica as operações e atividades associadas com os aspectos ambientais significativos e desenvolve procedimentos para assegurar a minimização dos impactos ao meio ambiente, considerando a política, objetivos e metas.
12 - Preparação e atendimento à emergência
Identifica as emergências potenciais e desenvolve procedimentos para preveni-las e para mitigar os impactos, caso venha a ocorrer.
Verificação e Ação Corretiva
13 - Monitoramento e medição
Estabelece procedimentos para monitorar e medir as atividades e operações que causam impacto ao meio ambiente.
14 - Não-conformidades e ações corretivas e preventivas
Estabelece procedimentos para prevenir e para eliminar a recorrência de não-conformidades.
15 – Registros
Estabelece procedimentos para a identificação, manutenção e descartes de registros ambientais.
16 - Auditorias do SGA
Estabelece procedimento para que a organização periodicamente verifique se o SGA está implementado de acordo com o planejado.
Análise Crítica
17 - Análise Crítica pela Administração
Periodicamente a alta administração deve revisar a implementação e efetividade do SGA, tendo como foco a busca da melhoria contínua.
Fonte: ABNT NBR ISO-14001 (1996)
9 – Potenciais benefícios obtidos com a ISO-14001
Todas empresa já certificadas, afirmam que, além de inúmeros benefícios obtidos, um que se destaca é o ganho econômico alcançado imediatamente com a certificação. Embora na implantação haja um gasto com treinamentos, medições, possíveis consultorias, etc., a verdade é que a redução de desperdícios com o gerenciamento de resíduos, o uso racional dos recursos e o gerenciamento de energia, gera uma receita inúmeras vezes superior ao investimento.
A implantação bem sucedida de um SGA, poderá trazer os seguintes benefícios:
Melhorar o gerenciamento das questões ambientais e para mostrar o comprometimento com a proteção ambiental;
Facilitar a obtenção de empréstimo internacional – pode estar condicionado a implantação do SGA;
Redução no valor do prêmio do seguro;
Possibilitar transações comerciais com alguns clientes, especialmente na Europa e com o Governo Americano;
Atenuação perante tribunais em caso de demanda judicial, com demonstração de evidência do comprometimento e esforços realizados;
Facilitar realização de acordos multilaterais entre países, onde apareça a necessidade de mostrar o comprometimento do governo com a proteção ambiental;
Aumento da vantagem competitiva;
Melhora a adequação a legislação ambiental da organização;
Facilita a prevenção da poluição e conservação dos recursos;
Conquista de novos clientes e ou mercados;
Reduz os custos operacionais;
Permite o envolvimento e conscientização dos empregados, com o aumento da moral da equipe;
Ganho de aumento da confiança dos clientes;
Facilita o atendimento exigências contratuais dos clientes;
Melhoria do desempenho ambiental;
Permite o desenvolvimento de um comportamento pró-ativo para ir além das exigências da legislação;
Auxilia a organização a obter melhor reconhecimento do público em geral;
Facilita a criação de uma visão focada nas questões mundiais sobre o meio ambiente;
Permite o desenvolvimento de padrões voluntários para a melhoria do desempenho ambiental, se antecipando as novas exigências legais, devido à publicação de novas legislações ambientais.
10 – Minha organização deve implementar a ISO-14001?
Esta é uma questão interna da alta direção da organização. O planejamento estratégico da organização deve contemplar esta questão para se obter o melhor custo-benefício com esta decisão. Porém algumas perguntas devem ser respondidas diante deste questionamento:
Existe ou poderá existir algum requisito legal para certificação na região e ou segmento em que a organização opera?
Existem legislações e ou regulamentos ambientais a serem cumpridos?
Sua organização está buscando maneiras de melhorar o desempenho ambiental?
Sua organização exporta produtos?
Sua organização é classificada como de grande potencial poluidor?
Existe falta de recursos e ou tempo para efetivamente gerenciar as responsabilidades ambientais?
A relação entre os objetivos estratégicos e os objetivos ambientais da sua organização não estão claros?
A certificação é ou será uma necessidade de mercado ou uma vantagem competitiva?
É ou será uma exigência de seus clientes?
Existe ou poderá existir uma pressão pública exigindo esta certificação?
A certificação trará resultados positivos que melhore o desempenho ambiental?
Qual a análise do custo/benefício desta implementação?
Depois de todas essas questões, é muito difícil deixar a certificação de lado, só para os concorrentes.
11 – O atual estágio de implantação do SGA ISO-14001
Pesquisa realizada pela ISO, verificou que até dezembro de 2000, foram emitidos 22.897 certificados de conformidade com a Norma ISO-14001, mostrado na tabela 3. Uma marca significante pelo tempo de vida que esta norma tem. A mesma tabela mostra que a Europa sozinha detinha 48,1% do total de certificados, que somado aos 34,4% do Oriente, dava um total de 82,5% das certificações, sobrando apenas 17,5% para os outros continentes.
Tabela 3: Quantidade e % de certificações ISO-14001 nos continentes (1996 a 2000)
Continentes
1996 [45]
1997 [55]
1998 [72]
1999 [84]
2000 [98]
Nº de Certei- cabidos
%
Nº de Certei- cabidos
%
Nº de Certei- cabidos
%
Nº de Certei- cabidos
%
Nº de Certei- cabidos
%
África e Oriente Médio
10
0,7
73
1,7
138
1,8
337
2,4
651
2,8
América Latina
15
1,0
98
2,2
144
1,8
309
2,2
556
2,4
América do Norte
43
2,9
117
2,6
434
5,5
975
6,9
1.676
7,3
Europa
948
63,6
2.626
59,2
4.254
53,9
7.365
52,2
11.021
48,1
Oriente
419
28,1
1.356
30,6
2.532
32,1
4.350
30,8
7.881
34,4
Austrália
e Nova Zelândia
56
3,8
163
3,7
385
4,9
770
5,5
1.112
4,9
Total
1.491
100
4.433
100
7.887
100
14.106
100
22.897
100
[xx] número de países com certificação ISO-14001
Fonte: ISO (2001)
Em 2000, o Brasil detinha 59,4% das certificações dentro da América Latina, que somados aos outros 17 países deste continente, somava um total de 556 certificações, conforme mostra a figura 2.
Figura 2: Quantidade de certificações ISO-14001 na América Latina
Fonte: ISO (2001)
A figura 3, mostra como se situava a certificação do SGA ISO-14001, por setor de negócios. Disparado na frente, temos o setor de equipamentos elétrico e óticos e em segundo fica o setor químico e de produtos químicos e fibras.
Figura 3: Maior quantidade de Certificados Mundial por setor industrial no ano de 2000
Fonte: ISO (2001)
12 – Conclusão
Provavelmente, você e toda sua organização já receberam informações, de que ano a ano, cresce o interesse pela proteção ambiental e pelo desenvolvimento sustentável. São notícias veiculadas na mídia, reportagens sobre vazamentos e outros acidentes ambientais, aplicação de pesadas multas, indagações de seus vizinhos e Organizações Não-Governamentais, publicação de novas legislações e visitas mais rigorosas das agências de controle ambiental, e ainda tem as exigências ambientais de seus clientes (as vezes com data estabelecida para certificação), o interesse do seu chefe e ou do pessoal da matriz que cuida da área ambiental e só para finalizar, um dos grandes interessados hoje é o acionista, preocupado onde investe o capital
Sua organização, quer seja pública ou privada, pequena ou grande, pode-se utilizar do Sistema de Gestão Ambiental ISO-14001 para atender os anseios de todas as partes interessadas.
A implementação do SGA, em muito ajudará sua organização a alcançar o desafio de comprovar publicamente o comprometimento com o meio ambiente facilitando a identificação e a remoção das causas dos problemas ambientais, contribuindo para a economia de dinheiro. Tenha em mente que:
É melhor fazer o certo (produto ou fornecer um serviço) da primeira vez, e sempre, do que corrigi-los depois;
É mais barato prevenir um derramamento do que limpá-lo depois, e
Obtêm-se um melhor custo efetivo ao prevenir a poluição, evitando assim a remediação, depois de sua geração.
É imprescindível que você e ou sua organização inicie o mais rápido possível o processo de implantação do SGA ISO-14001. São muitas as vantagens, além da conscientização da organização em direção ao desenvolvimento sustentável, a implantação do SGA propicia uma economia muito grande de dinheiro.
Como visto nas tabelas e figuras, muitos dos seus competidores já saíram na frente, agora a escolha é sua. Ainda há tempo, mas não há tempo a perder.
Encerro com as palavras do CEO e presidente da ABB, Srº Percy Barnevick:
“Se Vocês acham que as demandas ambientais de hoje parecem uma brisa suave, esperem pela tempestade de amanhã”.
12 – Bibliografia
ABNT. NBR ISO 14001 – Sistemas de gestão ambiental - Especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996.
ABNT. NBR ISO 14004 – sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 1996.
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Reis, M. J. L. ISO 14000 Gerenciamento Ambiental, Qualitymark Editora. Rio de Janeiro, 1996.
Reis, V. R. Agenda 21 Local: Uma Abordagem Crítica. São Paulo. Universidade Presbiteriana Mackenzie, 1999, (Dissertação de mestrado em Saneamento Ambiental).
Bacharel em Química com Atribuições Tecnológicas e Licenciatura Plena em Química pela Faculdade Oswaldo Cruz, o autor possui mestrado em Saneamento Ambiental pela Univ. Presbiteriana Mackenzie/SP e pós-graduação em Administração Industrial (ênfase em Qualidade e Produtividade) pela Fundação Vanzolini - USP. É auditor ambiental com reconhecimento da EARA (UK), auditor líder da qualidade com reconhecimento do IQA/IRQA (UK), diretor da seção Brasil da A&WMA e tutor do curso à distância de Qualidade Ambiental ISO 14000 do SENAC-SP. É, ainda, Gerente de Qualidade e Meio Ambiente da Fábrica de Graxa da Chevron Texaco Global Lubricant, em Osasco/SP, e Diretor de Cultura e Divulgação do Sindicato dos Profissionais da Química de São Paulo. Contatos pelo e-mail vandelino.reis@chevrontexaco.com.