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O elemento da pesada
Maria Manuela Machado de Moraes*
A partir das palavras suecas “tung" e "sten”, que significam “pedra pesada”, surgiu o nome de um elemento muito versátil da Tabela Periódica: o tungstênio. Sua forma pura foi obtida pela primeira vez em 1783, na Espanha, pelos químicos Juan José e Fausto Elhuyar. Os dois irmãos foram os pioneiros na extração do metal puro a partir da volframita (FeWO4), que em alemão é chamada de Wolframite, e por isso usamos o W para representar o tungstênio na tabela periódica. Antes dos irmãos Elhuyar obterem o tungstênio puro, este era identificado como Wolfram. [1]
O tungstênio é um metal de transição, obtido principalmente da volframita e da xilita (CaWO4), a partir do mesmo método desenvolvido pelos irmãos José e Elhuyar, onde os minérios são triturados, limpos e tratados com álcalis para formar o trióxido de tungstênio (WO3). O WO3 é aquecido com carbono ou hidrogênio (H2), formando o tungstênio metálico e dióxido de carbono (ou vapor d’água). A China é responsável por aproximadamente 80% da produção mundial, mas existem grandes reservas nos Estados Unidos, Coréia do Sul, Bolívia, Portugal e Rússia. [1]
E no nosso dia-a-dia? O tungstênio puro é um metal cinza claro ou esbranquiçado, macio o suficiente para ser cortado com uma serra, além de dúctil e maleável o suficiente para ser utilizado em diferentes aplicações, como fios. Por ter o ponto de fusão mais alto de todos os elementos metálicos (incríveis 3.140 °C), é um excelente condutor, muito utilizado na fabricação de filamentos de lâmpadas incandescentes e lâmpadas fluorescentes e também na produção de raios-X, aquecimento de fornos elétricos, peças de espaçonaves e mísseis, enfim, peças que devem suportar altas temperaturas.[2] Mas a mágica desse elemento não acaba por aí: sua aplicação mais importante é na produção de ligas metálicas, pois ele aumenta consideravelmente a dureza, força, elasticidade e resistência à tração dos aços obtidos. [3]
Também encontramos o elemento na forma de carbeto de tungstênio (WC), uma das substâncias mais duras que existem, muito importante para as indústrias de usinagem, mineração, petróleo e construção, pois é usado nas pontas de brocas e ferramentas de corte de alta velocidade e em máquinas de mineração. [2]
Não podemos deixar de fora o trióxido de tungstênio (WO3), que tem chamado a atenção em aplicações fotocrômicas. Esse óxido, quando preparado na forma de filmes finos, apresenta a interessante propriedade de alterar sua cor sob a ação de radiação UV (ou luz visível) ou a partir da aplicação de uma diferença de potencial, dando origem aos fenômenos conhecidos fotocromismo e eletrocromismo, respectivamente. [4, 5]
*Docente do Curso de Química do Centro Universitário Unifieo.
Referências
[1] GBARUKO, B. C., IGWE, J. C., Global Journal of Environmental Research, 1 (1), 2007, 27-32.
[2] KURLOV, A. S., GUSEV, A. I., Inorganic Materials, 42 (2), 2006, 121.
[3] PATHAK, A., PANCHAL, A., NANDY, T. K. , SINGH, A. K., International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, 75, 2018, 43-49.
[4] KADAM, A. V. et al., Thin Solid Films, 673, 2019, 86-93.
[5] GALVAO, J. R., SCARMINIO, J., Quim. Nova, 26, 4, 2003, 488-492.