Programa AR no Brasil: novos modelos de trabalho é tema da quinta live
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Na parte superior, da esquerda para a direita: os palestrantes Rafael Dantas e Giancarlo Brandão. Na parte inferior, da esquerda para a direita: a palestrante Ana Carolina Peuker e o mediador David Fontes. |
Na terça-feira, 26, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) promoveu mais um encontro em comemoração aos 30 anos do Programa Atuação Responsável (AR) no Brasil. Realizado via plataforma Teams, o webinar gratuito tratou sobre o tema Novos modelos de trabalho em saúde, segurança e higiene do trabalho em tempos de pandemia, com o objetivo de abordar os desafios enfrentados pelo setor químico para a manutenção da produção, em paralelo com a conservação da saúde do trabalhador.
A Diretora Técnica da Abiquim, Andréa Carla Cunha, lembrou que durante a pandemia a indústria química foi considerada setor essencial à saúde e ressaltou iniciativas adotadas pela associação diante desse contexto. “A Abiquim elaborou um guia orientativo para auxiliar os associados sobre como dar continuidade às atividades através do alinhamento das questões de saúde e segurança do trabalhador. Tivemos participação ativa nas questões de abastecimento de produtos químicos, auxiliando o planejamento entre governo e indústria, como por exemplo na resolução de alguns gargalos para a distribuição de oxigênio”, disse.
A seguir, Giancarlo Rodrigues Brandão, gerente-executivo médico do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP), falou sobre o papel do serviço social frente à pandemia da Covid-19. A entidade possui grande experiência na atenção à saúde, realizando cerca de 1 milhão de atendimentos por ano, que abrangem desde serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, atendimentos odontológicos, médicos assistenciais e ocupacionais.
Durante a pandemia, a Seconci-SP reforçou suas ações de saúde e segurança no trabalho e adotou novas estratégias, como a elaboração de materiais informativos; a criação do “Disque Coronavírus” para orientações sobre a doença; a criação do “Programa SOS – Seconci-SP Obra com Saúde”, com ações de orientação e atendimento médico nos canteiros de obras; e a realização de mais de 15 mil testes rápidos em trabalhadores da construção civil.
No quesito Medicina Ocupacional, Brandão conta que foram identificados os funcionários pertencentes aos grupos de risco, com orientação de afastamento. Também foi feito o acompanhamento dos funcionários desde o diagnóstico positivo até o retorno ao trabalho, e o auxílio aos clientes quanto ao cumprimento das normas que surgiram durante a pandemia, como a Portaria Nº 20 (isolamento, distanciamento e afastamento dos integrantes de grupo de risco) e a Medida Provisória 927 (medidas trabalhistas para enfrentamento à pandemia).
Para que as empresas possam se adequar ao “novo normal”, Brandão acredita ser necessário criar uma política conjunta entre os setores de Recursos Humanos e Jurídico para avaliar as novas modalidades de trabalho, com a possível criação de um novo sistema de marcação de ponto, avaliação dos ambientes de trabalho que surgiram com o home office, realizando as adequações necessárias para preservar a saúde e segurança dos funcionários.
Em sua apresentação, Ana Carolina Peuker, CEO da BeeTouch Digital Health Startup e Diretora de Mercado e Expansão da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, falou sobre os riscos emergentes do teletrabalho. “Talvez nunca antes, do ponto de vista histórico, tenha se falado tanto em esgotamento, burnout [tecnicamente conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional. Trata-se de distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante], ansiedade, depressão, e estresse. Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral relata que mais de 70% dos trabalhadores admitem terem sido afetados pela crise pandêmica do ponto de vista psicológico”, disse.
Segundo a executiva, o adoecimento psicológico relacionado ao teletrabalho pode estar vinculado a fatores como a superexposição a telas (computador, celular); hiperconexão, com informações e demandas ganhando um senso de urgência imediata; inexistência do convívio com colegas de trabalho; excesso de controle por parte das lideranças, com falta de autonomia do trabalhador, entre outros.
Frente à pandemia, a Organização Mundial da Saúde e a Organização Internacional do Trabalho elaboraram orientações para um teletrabalho seguro e saudável. O material também informa sobre os prós e os contras dessa modalidade, e alerta sobre como identificar os primeiros sintomas de doenças mentais e onde ter acesso à recursos de apoio.
“Sem dúvida, o futuro do trabalho é flexível, a pandemia aumentou essa demanda. Mas é importante não só pensar no espaço físico, mas se esse local e estrutura de trabalho é seguro do ponto de vista psicológico”, ressaltou Ana Carolina.
A comunicação corporativa com o trabalhador em atividades laborais à distância foi o tema da última palestra, ministrada por Rafael de Vasconcelos Dantas, Engenheiro na indústria química brasileira Elekeiroz. Em busca de novas estratégias para manter uma comunicação eficaz com o público interno durante a pandemia, a empresa apostou num método de ensino focado na autogestão e no processo ativo de aprendizado, com aplicação imediata do conhecimento.
Vídeos curtos de treinamento foram gravados e apresentados pela própria equipe interna da empresa. Também foram criados jogos e desafios (perguntas e respostas, palavras cruzadas, jogo da memória, criação de memes) relacionados à área atuação dos funcionários, com premiação daqueles que mais pontuaram.
O envolvimento da equipe interna na elaboração dos materiais buscou aumentar o interesse e envolvimento por parte dos demais colegas de trabalho. Segundo Dantas, a ideia deu certo, resultando numa adesão positiva e transmissão de conhecimento de forma eficaz, leve e divertida.
A live foi encerrada com uma rodada de perguntas e bate-papo entre os palestrantes, desta vez com a mediação de David William Fontes, supervisor de Segurança Industrial na empresa Umicore.
O próximo encontro da série em comemoração aos 30 anos do Programa Atuação Responsável no Brasil ocorrerá no dia 3 de agosto com o tema “A Química como Provedora de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável”.
Publicado em 27/07/2022
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