CFQ alerta sobre riscos de contato com manchas de óleo
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Voluntários sem o devido equipamento de segurança correm riscos, pois a composição química do petróleo e seus derivados é altamente tóxica
O Brasil todo acompanha o esforço dos milhares de voluntários para retirar o óleo cru (petróleo não refinado) que já atingiu mais de 2.100 quilômetros de litoral de nove estados. O Conselho Federal de Química (CFQ) alerta para o perigo a que essas pessoas estão se expondo: as substâncias tóxicas do petróleo bruto são potencialmente carcinogênicos e mutagênicos.
A presidente do Conselho Regional de Química da 1ª Região (CRQ-I), que atua em Pernambuco, é a Química Industrial e mestre em Tecnologia Ambiental Sheylane Luz. Ela esclarece que hidrocarbonetos poliaromáticos (HPA) presentes no petróleo bruto e seus derivados pertencem a um grupo de compostos orgânicos semi-voláteis que estão entre os compostos mais tóxicos do óleo nesse estado e podem causar problemas sérios de saúde, como câncer.
Segundo ela, a intoxicação por HPAs pode ocorrer por diferentes vias, como a pele, ou por ingestão. Por isso o banho de mar, mesmo que para auxílio na limpeza local, é desaconselhado e perigoso nos locais onde haja presença do óleo. No afã por retirar o maior volume de óleo que encontrar e proteger arrecifes de corais e animais marinhos, muitos voluntários estão entrando no mar e tocando no óleo sem a devida proteção. A presidente do CRQ-I explica que, nesse caso, as luvas e botas não são suficientes. “Por possuírem baixo peso molecular, alguns HPAs podem ser solubilizados em água, aumentando os riscos de contaminação, ou seja, apenas indivíduos devidamente treinados e com equipamentos e vestimentas seguras podem manusear esses compostos”, destaca.
E para onde vai o óleo? O Sistema CFQ/CRQ lembra que os HPAs são compostos altamente estáveis e que persistem no ambiente, resistindo à degradação química e biológica, além de terem a capacidade de bioacumular em organismos vivos, sendo prejudiciais aos humanos. Sheylane esclarece que estes são poluentes orgânicos, portanto de grande persistência ambiental. Para ela, o grande questionamento que a sociedade ainda não fez diz respeito ao destino desse óleo que está sendo coletado nas praias. “Os profissionais da Química podem contribuir para o tratamento e destinação correta desses resíduos, precisamos pensar na forma correta de descarte para não termos um problema mais a frente”, sinaliza.
Com informações da Assessoria de Comunicação do CFQ