O Brasil precisa da Química e a Química precisa do Brasil
É com grande apreensão que o Sistema CFQ/CRQs, composto pelo Conselho Federal de Química (CFQ) e por 21 Conselhos Regionais de Química, observa o desencadeamento das consequências nocivas ao país trazidas pela medida provisória n.º 1.034/2021 – proposta do governo federal que extingue o Regime Especial da Indústria Química (REIQ). Àqueles menos familiarizados, o REIQ existe desde 2013 e se trata de medida de desoneração de PIS/COFINS sobre a indústria química de 1ª e 2ª gerações, responsável pela produção de matérias-primas para os demais elos da cadeia produtiva.
Nos custa conceber que medida tão predatória à Química no Brasil possa ser posta em marcha em momento tão sensível do país. O desenvolvimento da Química tem sido um dos pilares da proteção da população e da mitigação dos riscos de contágio pela Covid-19 e o enfraquecimento do setor vem na contramão do bom senso. Ainda que medidas direcionadas, paliativas, tenham sido incluídas para mitigar o impacto direto sobre a indústria química relacionada ao combate ao novo coronavírus, o prejuízo ocorrerá.
Destaque-se que o REIQ nem de longe se trata de privilégio do setor químico. Em qualquer país desenvolvido a indústria química é vista como estratégica. O mercado da produção de produtos químicos demanda escala global e disposição em gerar as condições competitivas mínimas que viabilizem a fabricação nacional. O Brasil exporta químicos e absolutamente não é viável onerar a produção nacional de tributos em nível muito superior ao praticado nos principais concorrentes – distorção essa que vinha sendo mitigada pelo REIQ.
Os profissionais da Química e as empresas do setor são sensíveis ao momento desafiador que o Brasil e o mundo passam. Desde a primeira hora temos sido sócios dos esforços do país em combater a pandemia e sua repercussão econômica.
Segundo dados da Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química -, o fim do REIQ, ameaça o fechamento de até 80 mil postos de emprego no país. Os impactos são estimados em R$ 7,5 bilhões em produção e em R$ 2,5 bilhões de valor adicionado. Compreendemos a grandeza das pressões que recaem sobre o poder público. Há demandas humanitárias importantes colocadas no momento, como a restituição do auxílio emergencial. Fornecer aos brasileiros as mínimas condições de subsistência em meio às restrições da pandemia deve ser um esforço de todos. Ressaltamos, porém, que o flagelo à indústria Química provocado pelo fim do REIQ abalará também a população desassistida. Os produtos de consumo quotidiano, como saneantes e artigos de higiene pessoal, terão seus preços majorados e seu uso dificultado por conta da elevação dos tributos. Reiteramos também que 80 mil empregos estão sob ameaça – e tudo indica que esse desemprego que advirá do fim do REIQ potencializará a crise humanitária que ora se pretende enfrentar. A justificativa pública para a triste decisão, a necessidade de compensar uma redução no valor da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha, sequer parece sólida. A queda projetada nos preços é tímida e a raiz do problema reside mais nos preços internacionais do petróleo e no desarranjo econômico provocado pela alta do dólar – o que, se diga, prejudica hoje também a indústria química brasileira, que seria duplamente penalizada.
Por fim, do dia para a noite a Química nacional será sobretaxada em 3.65 pontos percentuais. Aumento de carga tributária em um cenário de crise econômica não é nem de longe a política mais recomendada. Em nome dos mais de 230 mil profissionais de Química registrados junto ao Sistema CFQ/CRQs, esperamos que nossa atividade tenha reconhecida sua prioridade para os interesses do Brasil.
Queremos ajudar o país como sempre fizemos, mas para realizarmos mais é preciso segurança jurídica, tributária e a confiança de que decisões de afogadilho não venham a turvar nossas condições de competir com o mundo em igualdade de condições, nos valendo da capacidade de nossa gente e do engenho dos nossos profissionais da Química.
JOSÉ DE RIBAMAR OLIVEIRA FILHO
Presidente do Conselho Federal de Química (CFQ)
ANA PAULA SILVEIRA PAIM
Presidente do Conselho Regional de Química 1ª Região – Pernambuco
WAGNER JOSÉ PEDERZOLI
Presidente do Conselho Regional de Química 2ª Região – Minas Gerais
RAFAEL BARRETO ALMADA
Presidente do Conselho Regional de Química 3ª Região – Rio de Janeiro
HANS VIERTLER
Presidente do Conselho Regional de Química 4ª Região – São Paulo
PAULO ROBERTO BELLO FALLAVENA
Presidente do Conselho Regional de Química 5ª Região – Rio Grande do Sul
CRISTIANE MARIA LEAL DA COSTA
Presidente do Conselho Regional de Química 6ª Região – Pará e Amapá
ANTONIO CESAR DE MACEDO SILVA
Presidente do Conselho Regional de Química 7ª Região – Bahia
ABIAS MACHADO
Presidente do Conselho Regional de Química 8ª Região – Sergipe
DILERMANDO BRITO FILHO
Presidente do Conselho Regional de Química 9ª Região – Paraná
CLAUDIO SAMPAIO COUTO
Presidente do Conselho Regional de Química 10ª Região – Ceará
JOSÉ DE RIBAMAR CABRAL LOPES
Presidente do Conselho Regional de Química 11ª Região – Maranhão
LUCIANO FIGUEIREDO DE SOUZA
Presidente do Conselho Regional de Química 12ª Região – Distrito Federal, Goiás e Tocantins
NIVALDO CABRAL KUHNEN
Presidente do Conselho Regional de Química 13ª Região – Santa Catarina
GILSON DA COSTA MASCARENHAS
Presidente do Conselho Regional de Química 14ª Região – Amazônia, Acre, Rondônia e Roraima
DJALMA RIBEIRO DA SILVA
Presidente do Conselho Regional de Química 15ª Região – Rio Grande do Norte
SUZANA APARECIDA DA SILVA
Presidente do Conselho Regional de Química 16ª Região – Mato Grosso
ALBERTO JORGE DA MOTA SILVEIRA
Presidente do Conselho Regional de Química 17ª Região – Alagoas
SANDRA MARIA DE SOUSA
Presidente do Conselho Regional de Química 18ª Região – Piauí
LÚCIA RAQUEL DE LIMA
Presidente do Conselho Regional de Química 19ª Região – Paraíba
LUIZ MIGUEL SKROBOT JÚNIOR
Presidente do Conselho Regional de Química 20ª Região – Mato Grosso do Sul
ALEXANDRE VAZ CASTRO
Presidente do Conselho Regional de Química 21ª Região – Espírito Santo
|