Live discutiu ACV de Polímeros e Elastômeros
A Comissão Técnica de Elastômeros e Polímeros do CRQ-IV promoveu nesta quinta-feira uma live com o tema Avaliação do Ciclo de Vida de Polímeros e Elastômeros. A live teve mediação de Karina Daruich, integrante da própria comissão.
A primeira palestra foi com o Engenheiro Químico Claudio Roberto Passatore, formado pela Faculdade Oswaldo Cruz. Ele falou sobre o que é e como é feita a avaliação do ciclo de vida de polímeros e elastômeros.
Passatore informou que nos anos 1960, com a crise do petróleo e com o expressivo aumento da população, a sociedade começou a questionar o limite da extração dos recursos naturais e o impacto da poluição gerada com o descarte dos produtos. A partir de 1969 começou-se a dar importância a esses temas, o que gerou a edição das normas da série 14000.
Ele falou que a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) analisa os ciclos de vida de um produto: existem os ciclos técnicos, quando um produto ou suas matérias-primas após sua utilização são restaurados e reutilizados; e os ciclos biológicos das matérias-primas, com materiais não tóxicos restaurados, num efeito cascata de uso após uso. Em alguns casos um único produto pode englobar ambos os ciclos, como as resinas plásticas produzidas a partir de matéria-prima renovável.
“A ACV é um processo objetivo que avalia todo o ciclo de vida de um produto, e se refere a todas as etapas de produção, da fabricação, uso, descarte e o que acontece com este produto na natureza após seu descarte”, informou Passatore. Disse também que quando se fala de avaliação do ciclo de vida é preciso contabilizar as retiradas de recursos naturais e energia da natureza e as devoluções para a mesma.
O especialista falou sobre a macro visão do ciclo de vida, que envolve conhecimentos na área ambiental, engenharia de materiais, processos, e considera todas as partes de um sistema e a inter-relação entre elas. Ele abordou a questão da produção e reciclagem de plásticos no mundo, revelando que no Brasil houve produção de 11 milhões de toneladas de lixo plástico em 2020. O total do plástico reciclado foi de apenas 145 mil toneladas, ou apenas 1,28% do plástico produzido, e considerou que por isso é importante avaliar o ciclo de vida deste material.
Passatore listou as quatro etapas de um estudo ACV de acordo com as normas ISO que são: a definição dos objetivos e escopo; a análise de inventários; a avaliação dos impactos ambientais em processos e resíduos e a interpretação, que é a última etapa. “A interpretação busca identificar o que é menos impactante ao meio ambiente”, disse.
O engenheiro trouxe o exemplo de um estudo sobre uma troca de embalagem de papel cartonado por uma embalagem plástica flexível. Lembrou a importância da embalagem para a proteção do alimento, no transporte e para torná-lo acessível a todos. “Sem as embalagens plásticas teríamos impacto ambiental ainda maior”, falou. A embalagem cartonada tinha 56 gramas e a plástica 26 gramas, o que reduziu espaço físico no freezer, no transporte, permitiu economia de combustível durante o transporte, e tudo isso é levado em conta na análise.
Mostrou outro exemplo de embalagens de achocolatados, que antes eram vendidos em latas de aço e hoje estão embalados em polietileno. Mostrou as vantagens e desvantagens dessas substituições. O estudo mostra indicadores de sustentabilidade em relação ao aquecimento global e outros fatores. Trouxe também outros estudos sobre trocas de materiais e os resultados em relação aos impactos ambientais, com seus prós e contras.
O apresentador fez considerações quanto aos polímeros, chamando a atenção para o fabricante olhar a cadeia produtiva como um todo; avaliar os projetos e repensar hábitos de uso; avaliar o design do produto, já que ele pode ter uma embalagem com menor massa, obtendo assim ganhos; pensar que qualquer melhoria focada em sustentabilidade e meio ambiente é bem-vinda. Lembrou que o resíduo pode ser tratado como uma matéria prima que pode ser reutilizada.
Pneus - O segundo palestrante foi Carlos Eduardo de Santo, formado em Engenharia Química pela Unicamp, com especialização em meio ambiente. Ele falou sobre o tempo de vida de produtos e a análise do ciclo de vida de elastômetros, especificamente sobre pneus. Disse que o Ciclo de Vida (CV) de um produto leva em conta o impacto que ele causa no meio ambiente, uma necessidade atual importante. Em relação ao pneu, seu impacto é muito grande, salientou.
Mostrou um trabalho feito em conjunto com a Pirelli que será apresentado no 24º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, que será promovido em Águas de Lindoia de 6 a 10 de novembro de 2022. Com este trabalho busca-se a forma de fazer um produto mais viável, ou seja, com boa durabilidade, e que causasse menos danos ao meio ambiente, explicou de Santo.
O engenheiro falou sobre a estrutura básica e o ciclo de vida dos pneus, da fabricação ao descarte no meio ambiente, e disse que este descarte é uma grande preocupação, por isso pensa-se em como aumentar o tempo de vida do produto. Apresentou um estudo sobre o envelhecimento da borracha de pneus, o envelhecimento mecânico e dados sobre resistência, dureza e resiliência da borracha.
Abordou a importância de se fazer ensaios físico-químicos, como ressonância magnética nuclear e ensaios de densidade, além de análises térmicas de amostras de borrachas, para se conhecer melhor o produto utilizado e identificar melhor suas características. Disse que a durabilidade e qualidade de pneus é uma questão muito importante, já que impacta na segurança de pessoas e na questão da sustentabilidade.
No encerramento, Karina Daruich encaminhou aos palestrantes as perguntas feitas pelos dos participantes.
A integra da live está disponível no canal do CRQ-IV no YouTube.
Publicado em 29/09/2022
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