Conselho promove Seminário para comemorar o Dia do Rio Tietê
Foi promovido quarta-feira, dia 22 de setembro, na sede do CRQ-IV, o "Seminário do Rio Tietê - Despoluição e Qualidade de Vida", em comemoração ao dia de um dos rios mais importantes do Estado de São Paulo. O Tietê tem 1.100 km de extensão, cobre quase um terço da área total do Estado e apesar de sua despoluição estar sendo feita há mais de 20 anos, os resultados até agora são pouco palpáveis, sobretudo no trecho que corta a cidade de São Paulo. O objetivo do seminário foi dar continuidade às discussões de políticas públicas voltadas à despoluição do rio. Realizado pela Comissão Técnica de Meio Ambiente do Conselho (CTMA), o evento recebeu cerca de 150 pessoas, que se inscreveram gratuitamente.
Representantes da Sabesp, Secretaria do Meio Ambiente, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) fizeram palestras e responderam a perguntas da plateia durante o encontro, que terminou por volta de 17h30. Plano de atuação na Bacia do Rio Tietê, alternativas para saneamento (tratamento e reúso de água), a 3ª etapa do projeto de despoluição do Rio Tietê, poluição difusa, qualidade ambiental, o Programa de Mananciais e a divulgação de resultados do relatório de qualidade de águas superficiais do rio produzido pela Cetesb foram os assuntos abordados.
Mediados por Antonio Siqueira, da CTMA, os dois primeiros painéis estiveram a cargo de Jorge Lemos e André Luis Góis Rodrigues, da Sabesp. Lemos fez um histórico do rio, mostrando as causas do elevado nível de poluição registrado hoje na região metropolitana de São Paulo, principalmente entre Mogi das Cruzes e Barueri. Ele lembrou que a degradação do Tietê começou na década de 1960 e que as iniciativas públicas para recuperá-lo ganharam força a partir de 1990, quando uma grande mobilização popular reuniu mais de um milhão de assinaturas em um abaixo-assinado que pedia providências do governo neste sentido.
André Rodrigues, por sua vez, apresentou as ações que a Sabesp vem fazendo para reduzir o nível de poluição por esgotos. Segundo disse, os resultados mais importantes até agora foram o aumento do volume de esgoto tratado. Ele falou dos programas da Sabesp na região metropolitana de São Paulo e afirmou que com o Projeto Tietê, financiado principalmente pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a mancha de poluição diminuiu 110 quilômetros na primeira etapa do programa, até 2001. Na segunda etapa, que será concluída este ano, a redução será de mais 160 quilômetros. A terceira etapa do projeto está sendo iniciada.
Na sequência, Tiago Franca Rocha, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, apresentou mapas do Estado com índices de crescimento populacional, desenvolvimento econômico e ocupação do solo e alertou para a escassez dos recursos hídricos. Apresentou mapas sobre a demanda de água das bacias do Alto Tietê, Tietê-Jacaré, entre outras, e mostrou dados sobre a demanda de água para uso rural, uso urbano e uso industrial.
No terceiro painel, sobre Tecnologia, o Engenheiro Químico José Antonio Monteiro Ferreira, membro do CTMA, mostrou diversos processos de tratamento de esgotos e suas diferentes formas, como os processos biológicos, entre os quais se inclui a flotação, exemplos de processo físico-químicos, hoje inviabilizados devido aos elevados custos, e as opções disponíveis, como os processos anaeróbios. Mostrou uma série de fotografias de reatores anaeróbios e gráficos com os resultados dos diferentes processos de tratamento de esgotos em cidades e empresas brasileiras, como Manaus, uma processadora de pescado em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, um condomínio, em Alphaville, na Grande São Paulo, e uma lagoa de estabilização, entre outros. Ferreira falou, também, sobre reúso da água, tendo considerado esta uma opção vital por conta da escassez do produto.
Um balanço sobre o projeto de despoluição do Tietê foi feito depois pelo engenheiro Luiz Antonio Alves Bíscaro, gestor da área de planejamento de esgoto da Sabesp. Ele fez um histórico mostrando todas as fases do projeto e revelou que foi assinado há apenas duas semanas o contrato com o BID para a terceira etapa do programa, que terá seis anos de duração. Esta etapa incluirá a construção de seis estações de tratamento de esgotos, ampliação das cinco grandes estações já em operação e um grande volume de obras em municípios da Grande São Paulo, como Barueri, Jandira, Suzano e na capital para construção de redes coletoras e infraestrutura.
Seguiram-se a apresentação de Nelson Menegon Júnior, da Divisão de Qualidade das Águas e do Solo, da Cetesb, que falou sobre poluição difusa, causada pelas chuvas e a exposição do representante da Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo, engenheiro Ricardo Sampaio, que falou do Programa de Mananciais, que se destina a tornar sustentável a ocupação por 2,5 milhões de habitantes de áreas de preservação nas represas Billings e Guarapiranga.
A seguir, a bióloga e doutora em Saúde Pública Claudia Condé Lamparelli, da Cetesb, apresentou o relatório de qualidade da água do Rio Tietê com dados referentes a 2009. O estudo confirma que o Tietê ainda tem altos níveis de poluição na Capital e Grande São Paulo. Os dados, segundo informou, são divididos em uma série de indicadores de qualidade e estão disponíveis no site da Cetesb para consulta.
Ao final do encontro, Wanderley Paganini, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e superintendente de gestão ambiental da Sabesp fez uma palestra abordando os usos múltiplos do rio: apesar de estar totalmente degradado na região metropolitana de São Paulo, possui longos trechos utilizados para navegação, lazer, além ter tido suas águas utilizadas para formação de várias represas e lagos. O Tietê, hoje, já não é mais um rio, mas um complexo fluvial, resumiu Paganini. Sobre o processo de recuperação do rio, ele disse que ainda há muito por fazer e observou que, sozinho, o Projeto Tietê não resolverá o problema da poluição.
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