Augustinis fala à Química e Derivados
A situação do mercado de trabalho e a qualificação dos profissionais da química foram os dois principais temas da entrevista que o Engenheiro Manlio de Augustinis, presidente do CRQ-IV, concedeu hoje à revista
Química e Derivados. Ele avaliou que existe uma tendência para que o volume de empregos no setor continue crescendo, mas observou a necessidade de que as empresas invistam mais no aperfeiçoamento contínuo de seus funcionários e que as instituições de ensino ofereçam cursos que proporcionem uma formação adequada às necessidades do mercado. Estas são, conforme destacou, condições básicas para que o setor enfrente os desafios que o crescimento econômico impõe.
Augustinis lembrou que as reservas de petróleo existentes na chamada camada pré-sal representam uma grande perspectiva de mercado de trabalho. “Mas a Petrobras diz que faltam profissionais qualificados, o que é uma verdade”, concordou. De acordo com Augustinis, ainda é muito pequeno, no Brasil, o número de jovens que se interessa por carreiras da área da Química e outras ligadas à tecnologia. Este fato, somado à formação ainda longe do ideal proporcionada por escolas técnicas e superiores, podem representar um gargalo para que os setores químico e petroquímico alcancem, em pouco tempo, todo o potencial que deles se espera.
Durante o encontro com o jornalista Marcelo Fairbanks, Augustinis apresentou dados sobre o comportamento do setor, no estado de São Paulo, jurisdição do CRQ-IV, entre 2000 e 2010. No período, o número de empresas registradas passou de pouco mais de 9 mil para 12,9 mil, representando um crescimento ao redor de 35%. Já o total de profissionais empregados aumentou 67%, passando de 40,5 mil para 68 mil.
Tais resultados foram proporcionados por dois fatores: reflexo do crescimento econômico que o País experimentou no período e a intensificação da fiscalização feita pelo Conselho. Conforme salientou Augustinis, o Conselho tem desenvolvido ações destinadas não a punir empresas ou trabalhadores que atuam sem o registro exigido por lei, mas sim criado mecanismos que possibilitem a regularização. Como exemplo, citou o setor sucroalcooleiro, que hoje é o segundo maior empregador de profissionais da química no estado. Em 2000,comparou o presidente do CRQ-IV, as usinas de açúcar e álcool somavam 148 empresas e possuíam 1.176 químicos em situação regular. Por conta de convênios incentivados no decorrer dos anos pelo Conselho e que envolveram as próprias empresas, prefeituras e órgãos da Educação, as empresas puderam qualificar milhares de trabalhadores que até então exerciam irregularmente atividades privativas da área. O resultado desse esforço contribuiu para que o setor sucroalcooleiro fechasse 2010 empregando mais de cinco mil profissionais da química, o que representou um aumento de 320% em relação a 2000. No mesmo período, o número de empresas cresceu bem menos, 20,9%.
Manlio de Augustinis também comentou sobre algumas ações que a entidade tomará em breve para comemorar o Ano Internacional da Química. Como forma de contribuir para o esforço de aproximar os jovens da ciência, ele confirmou que a entidade tem a meta de realizar este ano 1.500 palestras voltadas para estudantes dos níveis fundamental e médio. “Esta semana teremos uma reunião com representantes da Secretaria Estadual de Educação para darmos detalhes e pedir o apoio do governo para este projeto”, adiantou. O presidente do CRQ-IV também confirmou que o Conselho, renovando iniciativa de anos anteriores, fará uma campanha publicitária voltada ao grande público e destinada a salientar a importância da química na qualidade de vida das pessoas.
A entrevista do presidente do CRQ será veiculada na próxima edição da revista Química e Derivados.
Clique aqui para ler a matéria publicada na edição de março da Química e Derivados
Publicado em 28/02/2011
Atualizado em 29/03/2011