Pesquisa sobre carbono volta a levar o Nobel
A Real Academia de Ciências da Suécia anunciou hoje os ganhadores do Prêmio Nobel de Química de 2010. Dois japoneses e um norte-americano foram os agraciados pelo desenvolvimento das chamadas reações de acoplamento catalisadas por paládio, uma ferramenta fundamental para a síntese orgânica de moléculas complexas, hoje amplamente usadas em áreas como a medicina, a agricultura e a eletroeletrônica. Por estudos iniciados há mais de 40 anos nesse campo, Akira Suzuki, de 80 anos, professor emérito da Universidade de Hokkaido, Ei-ichi Negishi, de 75 anos, professor de química da Universidade Purdue, e Richard F. Heck, de 79 anos, professor emérito da Universidade de Delaware, dividirão em partes iguais o prêmio em dinheiro de US$ 1,5 milhão.
A fabricação de compostos sofisticados ou a reprodução, em laboratório, das grandes moléculas encontradas na natureza exige que os químicos alterem uma característica do carbono, elemento-base da vida: seus átomos são estáveis e não se ligam facilmente entre si. Várias técnicas já foram concebidas para resolver o problema. Nenhuma delas, no entanto, mostrou-se tão eficiente e limpa (sem gerar tantos resíduos) quanto as reações de acoplamento catalisadas por paládio. O paládio faz com que os carbonos reajam e formem moléculas orgânicas complexas.
Heck foi o primeiro a usar, em 1968, o paládio como catalisador das ligações de carbono. No final dos anos 1070, Negishi introduziu compostos de zinco para facilitar a atuação do paládio e Suzuki adicionou o boro a esse tipo de reação, obtendo resultados ainda melhores.
Esta é quinta vez que a Real Academia de Ciências da Suécia confere o Nobel de Química a estudos envolvendo ligações de carbono. Anteriormente foram premiadas: a reação de Grignard (1912), a reação de Diels-Alder (1950), a reação de Wittig (1979) e metátese de olefina (2005). É interessante ressaltar que o Nobel de Física deste ano foi para os descobridores do grafeno, um novo material composto exclusivamente de átomos de carbono.
Fonte: Agência Fapesp
Publicado em 06/10/2010