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Mar/Abr 2012 

 


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Química Verde: histórico e sua inserção na agenda brasileira
Autor(a): Vânia G. Zuin e Arlene G. Corrêa


Historicamente, a Química cumpriu um importante papel com a introdução de inúmeros produtos essenciais à humanidade. Com a explosão do crescimento global, de maneira marcante a partir do século passado, a indústria química sintética tem produzido bilhões de toneladas por ano de mais de 70 mil compostos comerciais para os mais variados propósitos, desde os diversos combustíveis aos mais complexos medicamentos. Se por um lado a pesquisa e a produção química têm levado à indiscutíveis avanços tecnológicos e proporcionado melhorias na qualidade de vida, por outro ela também tem gerado problemas relacionados à poluição. Tal constatação vem, já há alguns anos, motivando as indústrias e os profissionais da química a aprimorarem os processos e a desenvolverem produtos que continuem atendendo às necessidades das pessoas e que, ao mesmo tempo, sejam cada vez menos prejudiciais ao meio ambiente.
 
Considerando a necessidade de um contínuo desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável, com vistas à manutenção e melhoria da qualidade de vida em todo o globo, torna-se imperiosa uma nova conduta química para o aprimoramento de técnicas e metodologias, com a geração cada vez menor de resíduos e efluentes tóxicos. Esta filosofia, conhecida como Química Sustentável ou Química Verde, pode ser definida como a criação, o desenvolvimento e a aplicação de produtos e processos químicos para reduzir ou eliminar o uso e a geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente. Objetiva-se a redução do risco por meio da minimização ou mesmo eliminação da periculosidade associada às substâncias tóxicas, em detrimento da restrição de exposição às mesmas. Dado que a Química Verde visa o desenvolvimento de tecnologias e materiais incapazes de causar poluição, idealmente, a sua aplicação pode pfromover a passagem da abordagem tradicional de “comando e controle” à desejável “prevenção” de poluição, tornando desnecessárias as remediações dos impactos ambientais observados atualmente.
 
Os conceitos fundamentais da Química Verde começaram a ser definidos na última década do século XX, no bojo de um movimento maior caracterizado pela determinação, enfrentamento e propostas de resolução dos problemas ambientais. Em 1991, após a publicação da Lei de Prevenção à Poluição dos EUA, a agência ambiental norte-americana (Environmental Protection Agency - EPA) lançou o programa “Rotas Sintéticas Alternativas para Prevenção de Poluição” para apoiar o desenvolvimento de pesquisas que objetivam prevenir a poluição quando da produção de compostos sintéticos. Em 1993, com a inclusão de outros tópicos como solventes ambientalmente corretos e compostos inócuos, houve a expansão e renomeação deste programa, que a partir de então adotou oficialmente o nome de Química Verde. Em 1995 foi instituído o programa presidencial norte-americano de premiação Desafio em Química Verde (The Presidential Green Chemistry Challenge Awards), com o objetivo de reconhecer inovações em pesquisa, desenvolvimento e implementação industriais de tecnologias para a redução da produção de resíduos na fonte. Outros países como Japão, Inglaterra, Itália, Austrália e Alemanha também têm adotado premiações semelhantes.
 
Em 1993, na Itália, foi estabelecido o Consórcio Universitário Química para o Ambiente (INCA, na sigla em inglês), com o intuito de reunir pesquisadores envolvidos com as questões químicas e ambientais para a disseminação dos princípios e tópicos de interesse da química mais limpa ou ambientalmente correta. Todos os anos, o INCA promove a Escola Internacional de Verão em Química Verde, que tem a participação de estudantes de mais 20 de países.
 
Em 1997 foi criado o Instituto de Química Verde, que, desde 2001, tem parceria com a Sociedade Americana de Química. A Sociedade Britânica de Química lançou, em 1999, o periódico Green Chemistry, com um índice de impacto bastante relevante (5,472) e criou uma linha de publicações de livros cujo enfoque relaciona-se à Química Verde. Neste mesmo período, em 2001, a união internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, sigla em inglês) aprovou a criação do Subcomitê Interdivisional de Química Verde e, em 2006, apoiou a realização de um simpósio internacional sobre sustentabilidade na Índia. Em 2004, dentro da série de textos Green Chemistry da IUPAC/INCA, foi editado o livro Quimica Verde en Latinoamerica.
 
A posição nacional - No Brasil, os conceitos da Química Verde começaram a ser difundidos recentemente. No meio acadêmico, por exemplo, o Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (DQ-UFSCar) promoveu a sua 26ª Escola de Verão no início de 2006. Com foco na Química Verde, teve a participação de pesquisadores nacionais e internacionais de renome neste campo. Vale ressaltar que as edições seguintes da Escola de Verão em Química do DQ-UFSCar incluíram várias atividades relacionadas a esta temática. Em janeiro de 2007 foi realizada, no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), a primeira Escola de Verão em Química Verde e, em novembro daquele mesmo ano, ocorreu o primeiro Workshop Brasileiro sobre Química Verde, em Fortaleza, onde foi anunciada a instalação da Rede Brasileira de Química Verde (RBQV).
 
A RBQV pretende ser o elemento institucional de promoção das inovações tecnológicas para as empresas nacionais, com o apoio da comunidade científica e o suporte de agências governamentais e órgãos correlatos. A rede tem procurado integrar profissionais de vários setores e organizado encontros e grupos de trabalho, com o apoio do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que culminaram na publicação do livro Química Verde no Brasil: 2010-2030. Segundo esta obra, bem como diversas outras publicações veiculadas nas revistas da Sociedade Brasileira de Química, há temas prioritários que precisam ser contemplados na agenda brasileira e que incluem: biorrefinarias, alcoolquímica, oleoquímica, sucroquímica, bioprodutos, conversão de CO2, energias alternativas, dentre outros assuntos transversais e interdisciplinares, que se relacionam às dimensões sociais e econômicas mais amplas.
 
A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) pretende, por meio do Pacto Nacional da Indústria Química, elevar a posição do setor industrial brasileiro no ranking mundial (5º no mundo), por meio de uma ação estratégica de tornar o País líder em Química Verde. Para isso, a indústria química deve, dentre outras medidas, investir maciçamente em inovação (previsão de US$ 167 bilhões até 2020), o que significa um grande potencial para o estabelecimento de parcerias.
 
Como se depreende, os programas para a inserção da Química Verde no contexto brasileiro têm enfatizado a crescente necessidade da integração dos variados setores – indústria, academia e instituições governamentais – para se potencializar a geração de conhecimentos de forma científica, técnica, ética e socialmente comprometida. 
 

 
Parte deste artigo foi elaborada com base em CORREA, A. G.; ZUIN, V. G. Introdução à Química Verde. In: CORREA, A.G.; ZUIN, V.G. (Org.). Química Verde: Fundamentos e Aplicações. 1 ed. São Carlos: EDUFSCar, 2009, v. 1, p. 9-22. (52º Prêmio Jabuti Bronze) 
 


 
As autoras são professoras do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos e organizadoras da 4th International IUPAC Conference on Green Chemistry.
 




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