A Comissão de Ensino Técnico do CRQ-IV lançou, em março, a segunda edição do Guia de Laboratório para o Ensino de Química: instalação, montagem e operação. A primeira edição saiu em 2007 e desde então passou a integrar o Selo de Qualidade, programa criado pelo Conselho para certificar cursos de formação de Técnicos da área química. Além da revisão e atualização da legislação pertinente, a nova edição inclui informações adicionais sobre segurança e procurou adotar uma linguagem que facilite a compreensão pelos usuários. O guia é gratuito e pode ser baixado clicando-se aqui.
A produção do guia se justificou em função da carência de literatura específica voltada à montagem de laboratórios de química com finalidade educacional. Se por um lado o trabalho procurou não se distanciar da realidade de uma escola, por outro foi criterioso ao embasar suas orientações em normas da ABNT e do Ministério do Trabalho. Contou, ainda, com a supervisão técnica do Bacharel em Química Freddy Santiago Cienfuegos Petricic, profissional com vasta experiência na área. Além de trabalhar atualmente como consultor, ele publicou três livros relacionados às atividades desenvolvidas em laboratório (veja abaixo).
O guia contém orientações sobre projetos (edificação e instalações elétricas e hidráulicas), segurança (sinalização, equipamentos de emergência e de proteção individual), rotulagem de soluções e legislação sobre efluentes e descarte de resíduos. Também inclui três anexos sobre estrutura para funcionamento de um laboratório de ensino técnico, lista dos principais grupos de substâncias e relação das incompatibilidades de produtos e as reações que o armazenamento incorreto pode provocar.
Segundo explicou a Engenheira Química Andrea de Batista Mariano, da Gerência de Fiscalização do CRQ-IV e Coordenadora da Comissão de Ensino Técnico, o guia contém explicações sobre o trabalho consciente dentro de um laboratório, começando com regras básicas de segurança, como o uso de avental longo de mangas compridas sobre a roupa. É importante que sejam observados cuidados como o uso de óculos de segurança, de colocação de touca por quem tem cabelos cumpridos, não portar anéis ou outros acessórios que possam enroscar nos equipamentos como também, nos casos de joias feitas de ouro ou prata, reagir com determinados produtos: o ouro é sensível ao cloro e ao bromo; a prata oxida quando exposta ao ozônio, gás sulfídrico ou ar com enxofre, salientou. De acordo com a coordenadora da comissão, é recomendável que o laboratório tenha as instruções, procedimentos e normas de segurança em local visível e que os professores, alunos e instrutores tenham conhecimento pleno de seu conteúdo.
Chileno dirige consultoria
Responsável pela revisão da nova edição do Guia de Laboratório, o Bacharel em Química Freddy Santiago Cienfuegos Petricic afirma que o engenheiro deve elaborar um projeto baseado em especificações de um profissional que vivencia o dia a dia de um laboratório, pois só assim é possível a construção de um ambiente seguro e funcional.
Formado em 1971 pela Universidade do Chile, Cienfuegos está no Brasil desde 1977. Depois de trabalhar por muitos anos na Polibrasil, em 1995 fundou e até hoje dirige a empresa C&C Cursos e Consultorias, que oferece serviços nas áreas de elaboração de projetos de laboratório, desenvolvimento de métodos analíticos e realização de auditorias, além de ministrar cursos. Entre seus clientes estão companhias como a Suzano Petroquímica, Varian, Polietilenos União e a Rio Polímeros.
Ele tem três livros publicados: Segurança em laboratório, Tabelas Químicas e Análise Instrumental.