Os nomes dos vencedores da edição 2012 do Prêmio CRQ-IV foram divulgados no dia 27 de abril (veja matéria), depois de anunciados pelo Plenário da entidade. O ganhador em cada modalidade receberá R$ 10 mil, enquanto que seu orientador levará R$ 4,6 mil, dos quais serão descontados os impostos. Os vencedores e suas escolas também receberão certificados de participação.
Nas entrevistas abaixo, alunos e orientadores falam de seus trabalhos e da importância de terem vencido o concurso. A entrega do prêmio está marcada para o dia 15 de junho, na sede do Conselho, durante a cerimônia que comemorará o Dia do Profissional da Química, cuja data oficial é 18 de junho.
A edição 2012 do Prêmio CRQ-IV recebeu 32 inscrições enviadas por representantes de 20 instituições paulistas. Algumas concorreram com mais de uma inscrição, como foi o caso da Escola Técnica Júlio de Mesquita Neto, de Santo André, que disputou (e venceu) a modalidade Química de Nível Médio com um dos cinco trabalhos enviados.
O desenvolvimento de um processo que possibilitasse o reaproveitamento de resíduos orgânicos para a produção de corantes naturais foi o resultado do trabalho que deu a um grupo da Escola Técnica Estadual (ETEC) Júlio de Mesquita, de Santo André, o Prêmio CRQ-IV na modalidade Química de Nível Médio. As ganhadoras foram Caroline Christine Augusto, Ester Wilma González Pacheco e Patrícia Arras Bertozzi, que desenvolveram seus estudos sob a orientação da professora Magali Canhamero. Com o título Corafruta – corantes naturais de jabuticaba e amora: aplicações, o trabalho contou com a colaboração das alunas Jaqueline da Silva Melo e Nádila Lucarelli. De acordo com a equipe, os corantes obtidos podem ser aplicados nas áreas alimentícia, têxtil e de cosméticos.
Ester contou que o grupo extraiu os corantes de resíduos da polpa e das cascas de amora e jabuticaba. “Hoje em dia a química verde está em alta, por isso decidimos estudar este tema”, disse Patrícia. Caroline explicou que a extração dos corantes era realizada em meio alcoólico, sendo depois feita a destilação para concentrar o produto.
“As alunas ficaram dias e dias no laboratório e tiveram a colaboração total das famílias e professores”, lembrou Magali Canhamero. A orientadora contou que a ETEC, com mais de três mil estudantes matriculados em três turnos, exige bastante dedicação dos alunos e por isso já colhe os bons resultados: tem 11 trabalhos inscritos na Feira de Ciências do Centro Paula Souza (autarquia vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e que administra as escolas e faculdades de tecnologia do governo paulista), sendo nove da área de Química.
Hoje, todas as integrantes da equipe vencedora estão na graduação. Ester, Nádila e Jaqueline cursam Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Medicina do ABC. Caroline faz Bacharelado em Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Patrícia optou por mudar de área e foi estudar Psicologia na Universidade Estadual Paulista, em Assis.
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Química de Nível Superior
Fernanda Bertuchi, ganhadora do Prêmio na categoria Química de Nível Superior, é Bacharel em Química pela Universidade Federal do ABC (UFABC), em Santo André, onde trabalha como técnica de laboratório. Ela contou que sua pesquisa - A Influência antioxidante da proteína príon celular em células de astrócitos - buscou contribuir para os estudos sobre os mecanismos envolvidos na atividade antioxidante da proteina príon celular e seu envolvimento em doenças neurodegenerativas, o que possibilitaria a descoberta de drogas mais eficientes para tratá-las. No trabalho, Fernanda procurou saber se a citada proteína, que existe em todas as células, mas está mais presente no sistema nervoso central, tem alguma influência antioxidante. “O que conseguimos verificar é que a presença da proteína príon celular realmente tem uma atividade antioxidante em células da glia”, conclusão que, salienta ela, estabelece um avanço para o entendimento químico das doenças neurológicas relacionadas àquela proteína. O trabalho também lhe rendeu em 2012 uma publicação no periódico Biochemical and Biophysical Research Communications, da editora Elsevier.
A orientadora Giselle Cerchiaro, professora de Química e Bioquímica da UFABC, disse que sua participação incluiu a discussão frequente sobre os rumos da pesquisa e o acompanhamento do processo de crescimento científico da aluna no projeto e na vida acadêmica. Giselle falou da importância do Prêmio CRQ-IV, que ela mesma conquistou, em 1998, quando se formou: “o Prêmio custeou as despesas no início do meu mestrado”, lembrou.
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Química de Nível Superior com Tecnologia
Da cidade de Assis, cerca de 430 km da capital, saiu o ganhador nesta modalidade. Raphael de Souza, orientado pela professora Gilcelene Bruzon, produziu o trabalho Extração e quantificação de inulina a partir da raiz de chicória. O ex-aluno da Fundação Educacional do Município de Assis disse que a primeira etapa do processo foi conhecer um pouco mais sobre a inulina e saber quais alimentos possuem este componente. “Diversas pesquisas foram feitas até chegarmos à raiz da chicória”, comentou Raphael.
O resultado final foi a produção de um gel que pode ser usado como substituto de gorduras, açúcares e também usado na indústria farmacêutica como probiótico para regular o funcionamento do intestino.
Desde o início das pesquisas, a professora Gilcelene notou que o trabalho era bastante promissor. O primeiro reconhecimento veio em novembro de 2011, quando a pesquisa ficou em primeiro lugar num concurso regional promovido, em São José do Rio Preto, pela Sociedade Brasileira de Química. “Esta conquista motivou o envio do trabalho para o Prêmio CRQ-IV. E pela qualidade do material tínhamos grandes expectativas de ganhar na modalidade”, contou a professora.
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Engenharia da Área Química
A elaboração do projeto e a construção de um Fotocolorímetro microcontrolado de baixo custo destinado ao ensino de química analítica garantiu a Edgar Henrique Ferreira, ex-aluno da Escola de Engenharia de Lorena EEL/ USP, a conquista do Prêmio CRQ-IV na modalidade Engenharia Química. Segundo ele, as leituras feitas com o aparelho que criou foram comparadas com as de um equipamento comercial e os resultados obtidos foram muito positivos.
O fotocolorímetro é simples de ser montado, sendo composto de peças baratas e facilmente encontradas no mercado, salientou o engenheiro. Além de facilitar o acesso a uma tecnologia importante para o estudo da química, o aparelho também pode ajudar a promover a interdisciplinaridade entre alunos dos cursos de química, mecânica e eletrônica, que podem construí-lo juntos.
“Orientar o Edgar foi muito fácil. Ele é um aluno diferenciado, acima do padrão no quesito iniciativa”, disse Ângelo Capri Neto, orientador do trabalho e professor da instituição. Ele ressaltou que a USP incentiva e valoriza muito a produção e divulgação de trabalhos científicos.
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Os trabalhos vencedores da edição 2012 do Prêmio CRQ-IV podem ser consultados na Biblioteca do CRQ-IV. Informações: 11 3061-6039 ou crq4.biblioteca@totalwork.com.br