Fundado na década de 1980 com o objetivo de propor soluções aos problemas institucionais do Brasil e da América Latina, o Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, instituição sem fins lucrativos com sede em São Paulo, promove uma série de ações na área da educação. Uma delas é a Academia de Ciência, projeto de iniciação cientifica hoje desenvolvido em seis escolas e que tem com apoio da multinacional Basf.
O coordenador-geral do projeto, Ricardo Pasin Caparrós, diz que a Academia de Ciência objetiva melhorar a qualidade do ensino de ciências nas escolas públicas. O programa surgiu em 2006, depois da divulgação dos péssimos resultados dos estudantes brasileiros em ciências no Pisa, exame de conhecimentos aplicado para jovens de 15 anos do mundo inteiro. O mau desempenho do Brasil comprovou que as escolas não estão conseguindo desenvolver as habilidades cientificas nos jovens e mostrou a necessidade de intervenção: “Surgiu assim o projeto da Academia de Ciência, inicialmente em São Bernardo do Campo, que desde então vem desenvolvendo ações junto aos professores e aos alunos para melhoria do ensino”.
O trabalho com os professores consiste em um programa de formação para reverter a desmotivação desses profissionais, uma das causas, segundo Caparrós, do desempenho sofrível dos jovens no Pisa. O Instituto elaborou um programa que prevê a participação dos professores em reuniões periódicas em sua unidade escolar, sendo remunerados para isso. “Em parceria com a Secretaria de Educação incluímos nossa programação nessas reuniões” explica.Outra ação é o suporte pedagógico. Quando o professor pretende dar uma aula de ciência diferenciada, realizando uma experiência, ele pode pedir apoio à Academia de Ciência, que possui um arquivo com mais 400 experimentos. “Fornecemos o material necessário e uma equipe de estagiários para dar o suporte à condução da aula”, salienta.
Clube de Ciências – A principal ação junto aos alunos são os encontros da Academia de Ciência. Caparrós explica que os jovens com interesse e desempenho diferenciados são convidados a voltar à escola fora do horário de aula. “Funciona como um Clube de Ciências. Juntamos alunos de várias séries para a realização de atividades mais complexas”. Estes jovens também são convidados a participar de encontros com professores de ciência e tecnologia e com profissionais de renome. Um desses encontros, no início de junho, foi com Ozires Silva, fundador da Embraer.
A Academia de Ciência hoje está presente em seis escolas, sendo três em São Bernardo do Campo e três em Guaratinguetá. Segundo dados de 2011, naquele ano 5.200 alunos foram atendidos no turno de aula e 400 no contraturno; aproximadamente 50 professores estiveram diretamente envolvidos no programa e o número de suportes pedagógicos chegou a 1.210.
Os resultados já começaram a aparecer. Segundo Caparrós, foi percebido o aumento da adesão dos professores e de seu interesse pelo projeto, com a elevação do número de atividades experimentais nas aulas de ciências. Em relação aos alunos participantes do programa, verificou-se maior interesse pelas disciplinas científicas, aumento do número de estudantes que passaram a buscar carreiras tecnológicas de nível técnico e superior e melhoria no desempenho global das classes. Caparrós conta que em 2011, quando se comemorou o Ano Internacional da Química, o grupo realizou um encontro com 120 jovens em Guaratinguetá. Foram oito horas de atividades relacionadas à química. A Basf é a empresa patrocinadora do programa e grande parte do crescimento do projeto se deve à parceria com a empresa, diz o coordenador: “a Basf acreditou na proposta e agora começa a colher os resultados”.
A Gerente de Sustentabilidade da Basf, Flávia Renata Tozatto, diz que a educação é o foco das ações sociais da empresa, por isso a decisão de investir no programa. “A empresa acredita que este é um caminho que contribui para o desenvolvimento das comunidades em que atua”. Dentre os bons resultados obtidos pela iniciativa ela destaca a participação de estudantes da Academia de Ciência na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia de 2011, que faz parte de um movimento nacional de estímulo ao jovem cientista. Os alunos presentaram projetos nas áreas de biologia e astronomia e foram premiados.
Pré-sal – O próximo projeto do Instituto Fernand Braudel é levar a Academia de Ciência para escolas de Santos, Guarujá e Cubatão. Essa escolha se justifica por duas razões: por um lado, a região precisará ter mão de obra qualificada em áreas tecnológicas para atender a demanda gerada pela exploração do petróleo na camada pré-sal; por outro, o desempenho atual dos estudantes em ciências é baixo, conforme atestou o último exame feito pelo Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp).
Estamos buscando parceiros que possam se comprometer, que tenham como valor o investimento na educação. Este é o ano de estabelecer parcerias, buscar empresas que acreditam na educação, para tentar iniciar a atuação em 2013 em algumas escolas daqueles municípios”, finaliza Ricardo Pasin Caparrós.
Empresas interessadas em conhecer a proposta do Instituto Fernand Braudel podem acessar o site http://pt.braudel.org.br. Contatos também poderão ser feitos pelo telefone (11) 3824-9633 ou e-mail ifbe@braudel.org.br.