Foram necessários dois anos de pesquisas e muitas experimentações para que o Técnico em Química Pedro Barbieri, de 81 anos, conseguisse realizar a transformação em pó da cera de abelha sólida convencional. "Meu produto pode ser aplicado em qualquer processo que usa a cera sólida, como pomadas dermatológicas e, na área cosmética, na fabricação de batons e cremes", garante. A inovação já está com patente requerida no Instituto Nacional de Propriedade Industrial e disponível para empresas que queiram investir na produção em escala.
Responsável Técnico pela empresa Cerapura Indústria e Comércio Ltda., localizada na Zona Sul de São Paulo, Barbieri concilia os trabalhos do cotidiano com a busca contínua por novos produtos. Persistente, ele destaca as vantagens da cera em pó. "Ela proporciona um manuseio mais limpo. Além disso, facilita a realização de análises por amostragem, viabilizando uma separação exata de qualquer quantidade. Ao mesmo tempo, facilita o transporte e o armazenamento com custos mais baixos, exigindo locais menores para estocagem", enumera.
O Técnico em Química sempre gostou de buscar alternativas para melhorar a fabricação de produtos, notadamente os destinados aos segmentos farmacêuticos e de cosméticos. Um de seus primeiros empregos, aos 23 anos, foi no laboratório da Companhia Farmacêutica Brasileira.
Na Cerapura, a rotina de Barbieri começa antes de o sol raiar. "Entro às cinco da manhã todos os dias. Gosto muito do que faço e, graças a Deus, tenho saúde para continuar com os meus projetos", conta. Para a realização de suas pesquisas montou dentro da empresa um modesto laboratório, mas que tocado com muita dedicação e persistência atende às suas necessidades.
Por enquanto, a cera em pó é produzida em pequena escala. São somente 20 kg por mês, pois esta é a quantidade que o pequeno laboratório de Barbieri comporta. "Ofereci a produção ao dono da empresa, mas, por enquanto, ele não tem projetos para substituir as máquinas atuais", explica.
Passo a passo - O processo de elaboração da cera em pó começa com a obtenção da cera sólida natural, ainda em estado bruto, obtida diretamente dos favos de mel. Em um recipiente inoxidável, o material é levado a uma temperatura de 120ºC. Paralelamente, dissolve-se bicarbonato de potássio em água potável a 90ºC em um decantador de alumínio ou de aço inoxidável.
Com um agitador mecânico e um registro de saída de líquidos em sua porção inferior, a cera fundida é adicionada sobre a solução de bicarbonato de potássio, a fim de criar uma emulsão. Para a decantação é adicionada água potável a temperatura de 25ºC. Em seguida, o material descansa por um dia para que ocorra a separação da água e da cera em pó, que fica sobre a água, sendo posteriormente retirada com um tecido permeável.
O pó, que tem uma textura parecida com farinha de trigo, é lavado de três a quatro vezes para a total retirada do bicarbonato de potássio. A substância fica em secagem por mais um dia e, em seguida, é levada a uma estufa de madeira para secagem por ventilação. Esta última etapa do processo demora aproximadamente três dias.
Apesar da idade, Barbieri nem pensa em se aposentar e avisa: as empresas que desejarem obter mais informações sobre a cera podem entrar em contato pelo telefone (11) 5515-1825.