Um dos principais nomes na área de pesquisa e difusão das Terras-Raras no Brasil, o professor Osvaldo Antonio Serra, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP - Ribeirão Preto, é o ganhador da primeira edição do Prêmio Walter Borzani, promovido pelo CRQ-IV. A entrega do certificado e da medalha ocorrerá no dia 13 de setembro, durante cerimônia na sede da entidade, em São Paulo.
Serra dedicou mais de 50, de seus 73 anos de vida, à Química. A paixão pela ciência, segundo suas palavras, se deu quando ainda estava no Colegial, atual Nível Médio. Ingressou na FFCL da USP, quando a instituição ficava na Alameda Glete, no bairro paulistano de Santa Cecília, em 1959, depois de ter sido aprovado em primeiro lugar no vestibular. Fundou e presidiu por duas vezes o Centro de Estudos Heinrich Rheinboldt, homenagem ao professor alemão que, convidado pelo governo de São Paulo, criou o curso de Ciências Químicas da USP.
O interesse pelas Terras-Raras surgiu quando, ainda estudante, começou a estagiar nos laboratórios da Orquima, indústria química pioneira no processamento de areia monazítica para extração de materiais radioativos. Lá, trabalhou sob a orientação de Pawel Krumholz, importante químico polonês que desenvolveu, no Brasil, diversos processos para separação de elementos das Terras-Raras e produziu trabalhos inovadores sobre carbonilos de metais de transição e complexos polinucleares, segundo relata artigo do professor Eduardo Vichi, da Universidade Estadual de Campinas, publicado em 1983 pela revista Química Nova.
A ida de Serra para o interior se deu em 1969 quando, após defender sua tese sobre trimetafosfatos de elementos lantanídeos, foi convidado pelo professor Waldemar Saffioti a integrar o corpo docente do curso de Química da então FFCL de Araraquara, atual Unesp. Depois, migrou para a USP de Ribeirão Preto.
Ao longo dos anos, Serra obteve quatro patentes relativas às aplicações das Terras-Raras, além de divulgar a importância desses elementos no Brasil, EUA, Europa e Ásia. Também integrou grupos dos ministérios da Ciência e Tecnologia e de Minas e Energia que trataram da prospecção de minerais das Terras-Raras.
Dinâmico, Osvaldo Serra atualmente é sócio da PDT-Pharma, uma indústria que fundou em Cravinhos/SP ao lado de ex-alunos. A empresa produz fármacos e formulações fotossensibilizadoras para o tratamento de degenarações celulares, notadamente o câncer de pele, através da terapia fotodinâmica.
Veja a entrevista concedida por Serra ao Informativo CRQ-IV:
Informativo - Por que o senhor decidiu se candidatar ao prêmio?
Serra - Fui incentivado por alguns ex-alunos e colegas.
Informativo - Qual é a importância dessa conquista?
Serra - É um reconhecimento por mais de 50 anos de exercício profissional como entusiasta da nossa querida Química na academia e, mais recentemente, na indústria.
Informativo - Conheceu o professor Walter Borzani?
Serra - Borzani foi meu professor de Bioquímica Industrial em 1962. A disciplina era oferecida na Escola Politécnica aos alunos do curso de Química da ex-FFCL-USP, que buscavam obter as “Atribuições Tecnológicas” para melhor capacitação na indústria. Seu entusiasmo e conhecimento me impressionaram ao ponto de, recém-formado, quase aceitar uma proposta da Escola Politécnica. Apenas meu grande amor pelas Terras-Raras, as quais conheci em 1961 na ex-ORQUIMA, fez com que optasse pela FFCL.
Informativo - Foi a primeira vez que participou de um concurso promovido pelo CRQ-IV?
Serra - Ainda como aluno de graduação recebi um prêmio do CRQ-IV em 1963, relativo ao trabalho sobre separação de Terras-Raras, que depois foi publicado na revista Tintas e Vernizes, em 1964. O trabalho foi realizado na ex-ORQUIMA entre 1961 e 1962. Também concorri ao Prêmio Fritz Feigl há cerca de 15 anos.