RSC promove participação do Brasil em experimento global
Iniciativa de entidade britânica quer alcançar estudantes entre 7 e 16 anos
CRQ-IV
Elizabeth Magalhães, da RSC
Estimular o interesse dos jovens pela Química é o principal objetivo do programa “The Global Experiment” (“Experimento Global”), que pela primeira vez ganhou uma versão em português, lançada em julho. A iniciativa da Royal Society of Chemistry (RSC), organização britânica dedicada ao ensino e à pesquisa nessa área, está alinhada com as comemorações do Ano Internacional da Cristalografia. Com o tema “A Arte da Cristalização”, o programa quer incentivar estudantes de 7 a 16 anos a fazer experimentos com cristais e compartilhar os resultados via internet.
O material com as instruções para participar do experimento está em http://rsc.li/ge2014. A página está escrita em inglês, mas há um arquivo com texto em português. “[A ideia] é fazer com que os estudantes conheçam a importância da cristalografia para o cotidiano, desenvolvendo experimentos simples e comparando seus resultados com os de outros participantes”, explica a Química brasileira Elizabeth Magalhães, gerente do escritório da RSC no Brasil.
Os experimentos são divididos em quatro partes: dissolução e saturação de amostras, produção de cristais a partir das amostras, compartilhamento dos dados no mapa global interativo e análise das melhores condições para os experimentos mediante os dados postados no site da RSC, incluindo relatos e fotos. As instruções apontam para o desenvolvimento de cinco tipos de cristais: sal de cozinha (cloreto de sódio), açúcar (sacarose), sais de Epsom (sulfato de magnésio), nitrato de potássio (salitre) e alúmen (sulfato de potássio e alumínio).
A gerente da RSC diz que a iniciativa ajuda a despertar o pensamento científico. “Observando o processo de crescimento dos cristais e os diferentes formatos possíveis, os participantes podem descobrir quais as melhores condições de temperatura para desenvolvê-los e entender suas estruturas”, ressalta. O programa também fornece algumas curiosidades sobre os cristais e suas variadas aplicações, como a influência de suas formas sobre a textura de sorvetes, o nível de absorção de medicamentos e os efeitos visuais de maquiagens.
Didier Descouens/Creative Commons
Cloreto de sódio, comum no cotidiano
Não há um prazo definido para a conclusão dos experimentos, visto que a RSC mantém as diferentes edições do “Experimento Global” ativas em seu site. Em 2013, quando o tema escolhido foi “Vitamina C”, o programa teve aproximadamente 25 mil participantes. A expectativa da entidade é a de superar este número. “Procuramos atrair professores da área de Ciências, que podem incentivar a participação de alunos por meio de atividades práticas em sala de aula”, aponta Elizabeth.
Cristalografia – Há mais de cem anos, William Henry e William Lawrence Bragg (pai e filho, respectivamente) mostraram pela primeira vez que os raios X podiam ser usados para mapear a posição dos átomos dentro de um sólido cristalino e determinar sua estrutura tridimensional. O estudo do arranjo das espécies em um cristal faz parte de uma área da ciência denominada “cristalografia”. Em comemoração a essa descoberta, a União Internacional de Cristalografia (IUCr, na sigla em inglês) promove em 2014 o Ano Internacional dedicado ao segmento.
Os dois Bragg receberam o Prêmio Nobel de Física pela pesquisa em 1915. William, que tinha apenas 25 anos, é até hoje o mais jovem cientista a receber a láurea na história. Desde então, foram concedidos cerca de 30 prêmios Nobel relacionados com a cristalografia.