Antonio Carlos Lacerda, presidente do Conselho da Abrafati
Um cenário permeado por incertezas, com perspectiva de melhora somente a partir de 2017. Este foi o prognóstico apresentado por oradores do 10º Fórum Abrafati da Indústria de Tintas, ocorrido dia 26 de agosto, em São Paulo. Com a presença de 120 líderes empresariais, o evento precedeu a 14ª edição da exposição internacional e congresso da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), realizada de 13 a 15 de outubro.
Antonio Carlos Lacerda, presidente do Conselho Diretivo da Abrafati, afirmou que o nível de emprego tende a ser cada vez mais afetado pela queda na demanda em alguns segmentos, como o automotivo, que neste ano pode ter uma diminuição de 19% no volume de produção.
Tal previsão é confirmada por dados apurados pelo Sindicato da Indústria de Tintas e Vernizes do Estado de São Paulo (Sitivesp): o nível de emprego do setor, em queda desde abril, fechou o mês de julho com retração de 2,73% em relação ao mesmo mês de 2014. Em comparação à data-base da pesquisa (novembro de 2014), a redução foi de 2,97% nas 22 empresas pesquisadas, significando o corte de 282 postos de trabalho.
Ao analisar as perspectivas para o mercado, Lacerda, que também é vice-presidente sênior da Basf para a América do Sul, previu queda de 4% nas vendas neste ano e um leve crescimento, que não chegará a 1%, em 2016. Porém, ele acredita que existem alternativas para as empresas. “O cenário apresenta muitos desafios. Por outro lado, há diversas oportunidades para investimentos em novas tecnologias e produtos que priorizem a sustentabilidade”, frisou.
Um dos palestrantes do encontro foi o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, que previu uma piora na economia antes de uma recuperação. “Estamos em uma fase de transição. A tendência é de que a recessão vire estagnação. Até 2018, não haverá crescimento relevante”, apontou ele, que defendeu a execução de reformas, como a tributária.
O evento também contou com palestras de Eduardo Zaidan, do Sindicato da Indústria da Construção Civil; Claudio Conz, da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção; Douver Gomes Martinho (Universo Tintas e Vernizes), Jaime Dal Farra (Resicolor) e João Roberto de Moura Benites (Valspar).
Ajuste fiscal prejudicará indústria química
A decisão do governo de cortar pela metade o benefício concedido à indústria química, a partir da incidência menor de PIS/Cofins, afetará a competitividade setor em relação à concorrência externa e deverá provocar aumento de preços. O diagnóstico foi feito pelo presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, logo após o governo anunciar uma série de medidas visando aumentar a arrecadação de impostos para cobrir déficit fiscal de R$ 30,5 bilhões previsto no orçamento de 2016. "Infelizmente, mais uma vez atacamos gravemente a competitividade da indústria brasileira de modo geral e, em especial, da indústria química", lamentou Figueiredo.
No dia 21 de setembro, a Abiquim e a Abrafati participaram do lançamento da campanha “Não vou pagar o pato” (http://bit.ly/1OpEQpH). Liderada pela Fiesp, a iniciativa protesta contra o aumento de impostos e a volta da CPMF.