Combustíveis - Fontes renováveis e derivados de petróleo foram discutidos em Rio Claro
Fotos: CRQ-IV
O Conselho promoveu no dia 14 de agosto o II Workshop de Divulgação – “Química: a Ciência das Soluções”. Com o tema central “Combustíveis”, o evento foi realizado em Rio Claro, no Colégio Alem, uma das escolas que possuem cursos técnicos certificados com o Selo de Qualidade CRQ-IV e que também abrigou a primeira edição do evento, realizada em outubro de 2010.
O presidente do CRQ-IV, Manlio de Augustinis, e a diretora do Colégio Alem, Celia Maria Alem de Oliveira, fizeram a abertura do evento. Em sua fala, Augustinis ressaltou a importância de se discutir o tema “energia” e o papel da Química no desenvolvimento de soluções alternativas. Também enalteceu outras iniciativas do Conselho para capacitação de estudantes e profissionais da área, a exemplo do Programa Minicursos CRQ-IV (confira matéria nesta edição).
O workshop foi dividido em dois blocos. O primeiro foi iniciado com um panorama geral e as perspectivas futuras da matriz energética global e das fontes de energia (renováveis e não renováveis), apresentados pela Engenheira Química Andrea de Batista Mariano, do setor de Fiscalização do CRQ-IV e coordenadora das Comissões Técnicas mantidas pela entidade.
Bresciani: reservas conhecidas duram meio século
Em seguida, o Engenheiro Químico Antonio Esio Bresciani, integrante da Comissão de Meio Ambiente do Conselho, conduziu a discussão de dois temas. O primeiro abordou o petróleo e seus principais derivados, como gasolina, diesel e nafta. Com experiência de 30 anos de trabalho na Petrobras, Bresciani ressaltou que a empresa tem conseguido extrair atualmente de 600 mil a 700 mil barris por dia da camada do pré-sal, notadamente na bacia de Santos. O número estimado equivale a cerca de um terço do que é produzido diariamente no Brasil (2,2 milhões de barris/dia).
No fechamento desta edição, as informações mais recentes eram referentes ao mês de julho e foram divulgadas em setembro pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Os dados apontam que a produção diária no pré-sal alcançou a marca de 812 mil barris/dia, mantendo assim cerca de um terço do total produzido no país (2,4 milhões de barris/dia).
De acordo com dados apresentados por Bresciani, as reservas mundiais atualmente conhecidas devem atender à demanda por mais meio século, previsão que poderá ser alterada mediante a prospecção e descoberta de novas reservas. “Os combustíveis fósseis, como o petróleo, ainda serão importantes por muitos anos, embora as fontes alternativas estejam apresentando um crescimento relevante, como são os casos das energias eólica, solar e de biomassa. Continuaremos dependentes do petróleo por muito tempo, embora o papel dele tenda a diminuir”, ponderou o especialista.
A edição de 2015 do Relatório Estatístico Global de Energia da British Petroleum (BP), divulgada em junho, destaca que as reservas mundiais provadas de petróleo alcançaram a marca de 1,7 trilhão de barris, o suficiente para atender a demanda global por 52,5 anos (confira a figura abaixo).
“Tecnologias químicas aplicadas aos combustíveis” foi o tema da segunda palestra de Bresciani, que abriu o segundo bloco do workshop. Técnicas de Química Analítica, como a espectrometria de massas, foram destacadas. A professora e pesquisadora Ljubica Tasic, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ-Unicamp), participou da apresentação fornecendo informações sobre cromatografia gasosa.
País possui potencial em biocombustíveis, diz Tasic
Nascida na Sérvia, Ljubica é radicada no Brasil há quase duas décadas. Em sua apresentação, cujo tema foi “Conversão de biomassa”, ela avaliou que o Brasil possui elevado potencial na área de biocombustíveis pela grande quantidade de biomassa que ainda é subaproveitada.
Atuando no Laboratório de Química Biológica do Instituto de Química da Unicamp, a pesquisadora coordena um trabalho de produção de bioetanol de segunda geração a partir do bagaço de laranjas, por meio de processos de hidrólise enzimática e fermentação. “Além do bioetanol, o processo também gera outros produtos de alto valor agregado, que poderiam baratear o custo da produção, como a nanocelulose”, destacou.
Ganhador do Prêmio Fritz Feigl, concedido pelo CRQ-IV em 2007, o professor Matthieu Tubino, também do IQ-Unicamp, completou o ciclo de palestras falando sobre o potencial do biodiesel, com ênfase na diversidade de matérias-primas existentes para desenvolvê-lo, a exemplo da soja, do milho e da canola. Ele avaliou que o Brasil, atualmente o segundo maior produtor mundial desse tipo de combustível, possui condições de alcançar a liderança, ultrapassando os EUA em até três anos. “O biodiesel pode contribuir nas áreas ambiental, agrícola e energética, ao diminuir a necessidade de importação de diesel”, enfatizou.
Interação - No encerramento de ambos os blocos, foram realizadas mesas-redondas com os palestrantes, abertas a perguntas do público. Um dos participantes foi o Químico com Atribuições Tecnológicas Adolfo Godoy Borges, de São Pedro. Para ele, o workshop atendeu às expectativas. “Tenho muito interesse por biocombustíveis e um evento como este é uma boa oportunidade para entrar em contato com especialistas no assunto”, avaliou.
Organizado pela Comissão de Divulgação do CRQ-IV, o workshop teve os seguintes apoiadores: Colégio Alem, Sinquisp, Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Buffet Cheiro & Sabor, RCcon e LOOK-OUT.