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Mai/Jun 2016 

 


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Bioquímica - Movimento quer unir estudantes e profissionais para alavancar mercado


Ilustração comemorativa, veiculada no site do Movimento Bioquímica Brasil

A Bioquímica é um dos segmentos pertencentes à área química. Porém, no Brasil, diferentemente do que ocorre em países como EUA e Inglaterra, o reconhecimento dessa especialidade como profissão de Nível Superior é recente. Em 2001, atendendo a uma demanda de docentes da instituição, a Universidade Federal de Viçosa (UFV), de Minas Gerais, iniciou o Bacharelado em Bioquímica. Posteriormente, mais dois cursos foram criados: o primeiro em 2008, na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), também de Minas Gerais; e o segundo em 2011, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), do Paraná.

Em fevereiro de 2014, um grupo de alunos e bacharéis criou o “Movimento Bioquímica Brasil”, uma associação que tem como principal objetivo divulgar a profissão por meio do site https://bioquimicabrasil.com e de redes sociais, como Facebook e LinkedIn. Em entrevista ao Informativo CRQ-IV, o gerente de Relacionamentos Empresariais da associação, Bruno de Lima Damasceno, explicou que a organização busca “criar redes que conectem o Bioquímico com suas áreas de atuação e com o mercado de trabalho”. Damasceno acredita que o número de profissionais formados tende a aumentar nos próximos anos. “A UEM deve ampliar o número de vagas em breve e a USP agora oferece ênfases em Bioquímica e Biotecnologia no Bacharelado em Química. Temos a expectativa de que, a partir disso, possa surgir um novo Bacharelado em Bioquímica no futuro”, diz.

Fotos: Divulgação

Damasceno: criar redes para conectar profissionais com áreas de atuação e ao mercado de trabalho

Ainda composto somente por estudantes e bacharéis em Bioquímica, o movimento também tenta estabelecer contato com alunos e profissionais de áreas correlatas, como os Engenheiros Bioquímicos, Biotecnologistas, Engenheiros de Bioprocessos, além de Químicos e Farmacêuticos. “Com isso, esperamos também fomentar a expansão desse mercado de trabalho estratégico envolvendo a química da vida e a biotecnologia”, ressalta Damasceno, que concluiu o bacharelado em Bioquímica pela UFV em 2006, tendo também mestrado em Biologia Celular e Molecular pela Fiocruz, obtido dois anos depois.

Uma das iniciativas do movimento foi escolher como o “Dia do Bioquímico” (ou “Dia do Bacharel em Bioquímica”) a data de 8 de maio, em alusão ao primeiro curso de Nível Superior da profissão, criado pela UFV. Entretanto, Damasceno salienta que os Bioquímicos também comemoram o 18 de junho, Dia do Profissional da Química. Ainda não há uma estimativa sobre quantos Bioquímicos atuam no Brasil, mas informações apuradas pelo movimento apontam que os profissionais se concentram majoritariamente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. Também há registro de atuação nos estados do Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Goiás e Ceará, além do Distrito Federal. Em geral, os Bioquímicos trabalham em indústrias agroquímicas, alimentícias e farmacêuticas, além de universidades, hospitais e empresas de biotecnologia.

Damasceno salienta que os Bioquímicos têm se interessado mais recentemente por segmentos relacionados à gestão de projetos e inovações, vendas e marketing de produtos laboratoriais. “Isso tem sido fundamental para deixar claro que não atuamos apenas em pesquisa e desenvolvimento, mas também em produção, gestão, garantia e controle de qualidade”, afirma.

REGISTRADOS – No total, encontram-se atualmente registrados no CRQ-IV onze bacharéis em Bioquímica que trabalham no Estado de São Paulo, dos quais dez formados pela UFV e uma graduada pela UFSJ, Alessandra Ribeiro de Oliveira, 26 anos. Sua formação, concluída em 2012, teve um currículo com base na Química Tecnológica, o que lhe permite atuar de acordo com as atribuições de 1 a 13 definidas pela Resolução Normativa nº 36/1974 do Conselho Federal de Química. Já o curso oferecido pela Universidade de Viçosa proporciona as atribuições de 1 a 10.

Alessandra ingressou na primeira turma da UFSJ

Alessandra se registrou no CRQ-IV em 2014. Mineira de São Lourenço, atualmente reside em Taubaté e dedica-se à preparação para concursos públicos. Para ela, a Bioquímica tornou-se uma opção profissional ainda no Ensino Médio, quando se preparava para prestar vestibular. “Procurei escolher algum curso relacionado a matérias com as quais possuía mais afinidade, a Química e a Biologia, que são as bases da Bioquímica”, conta.

Em pesquisas pela internet, ela descobriu o curso de Bioquímica que, na época [2008], já era ministrado em Viçosa e estava sendo implantado pela Universidade Federal de São João del-Rei. “Conheci a grade curricular e me apaixonei pelo curso. Prestei vestibular para as duas universidades e acabei ingressando na primeira turma de Bioquímicos da UFSJ”, relata.

Alessandra destaca ainda que o curso ofereceu diversas oportunidades aos alunos de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos, como projetos de iniciação científica e de extensão universitária, empresas juniores e parcerias com indústrias para estágios.

O conhecimento ainda restrito do mercado sobre o profissional bioquímico foi um dos obstáculos enfrentados na procura por emprego. “Muitas empresas confundem os Bioquímicos com Farmacêuticos, Biomédicos ou Analistas Clínicos. Além disso, a maioria dos concursos não inclui Bioquímicos em seus editais e há concorrência por vagas com profissionais de áreas correlatas, como Químicos, Engenheiros Químicos e de Bioprocessos”, relata. Em razão desse cenário, segundo ela, os formados muitas vezes acabam sendo direcionados para a carreira acadêmica.

REVERSÃO - A ampla divulgação e expansão dos cursos da área podem contribuir para a reversão desse quadro, acredita Alessandra, que colabora com o Movimento Bioquímica Brasil por entender que a organização dos estudantes e bacharéis é importante para a existência de um fórum de debates sobre a profissão e de uma aproximação com as empresas do setor.

“O Movimento Bioquímica Brasil preza pela união e coesão entre os profissionais da área. Organizados, temos mais força para garantir um perfil sólido perante o mercado”, avalia ela. Aos interessados em ingressar na carreira, Alessandra recomenda uma pesquisa prévia sobre a grade curricular para conhecer as diferenças em relação aos cursos correlatos (Bioquímica, Química e de Bioprocessos). Gostar de pesquisa e se atualizar continuamente também são requisitos fundamentais ao bom exercício da profissão, complementa.




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