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Mai/Jun 2017 

 


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INCTs pesquisarão poluentes e moléculas da biodiversidade


Um workshop realizado no Instituto de Química de Araraquara (SP), nos dias 9 e 10 de março, deu início aos trabalhos de dois Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) sediados na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Os novos centros, que deverão atuar pelos próximos seis anos, são o Instituto Nacional de Tecnologias Alternativas para Detecção, Avaliação Toxicológica e Remoção de Contaminantes Emergentes e Radioativos (INCT-Datrem) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biodiversidade e Produtos Naturais (INCT-Bionat).

O INCT-Datrem congrega inicialmente 20 pesquisadores de instituições paulistas e 12 cientistas de outros estados, incluindo grupos das universidades federais de Sergipe, Rio de Janeiro e Grande Dourados (MS). “Nossa proposta inicial era trabalhar com contaminantes que afetam a água, que ainda são um problema muito grande no país, mas acabamos percebendo que também há questões sérias ligadas à importação e exportação de produtos envolvendo os chamados micropoluentes”, disse a coordenadora do INCTDatrem, Maria Boldrin Zanoni, professora no Instituto de Química da Unesp.

Essa categoria inclui itens tão diversos como resíduos de hormônios e fármacos, pesticidas, retardantes de chama e corantes, que podem ser prejudiciais à saúde humana e animal mesmo quando estão presentes em concentrações muito pequenas. “São moléculas que podem estar na água, no esgoto doméstico e em efluentes industriais, por exemplo, e existe uma atenção cada vez maior das agências reguladoras em relação à presença delas. Se alguém tentar exportar um tecido que contenha certas aminas aromáticas [derivadas de corantes, são substâncias com efeito potencialmente cancerígeno], por exemplo, ninguém compra”, disse Zanoni.

Além dessa análise do ciclo de vida dos poluentes e de seus efeitos sobre organismos vivos, a equipe estudará ainda processos mais rápidos e baratos para detectar sua presença no ambiente, incluindo o desenvolvimento de sensores mais seletivos e específicos e novos reatores para o tratamento de água.

Biodiversidade – O INCT-Bionat, por sua vez, tem como objetivo entender melhor os organismos da biodiversidade brasileira. A professora Vanderlan Bolzani, coordenadora da unidade, disse que, apesar da enorme diversidade de espécies no Brasil, “percebemos que os pesquisadores que trabalham com química de produtos naturais acabam muitas vezes estudando sempre as mesmas plantas”. Por isso, segundo ela, a ideia é criar uma grande base de dados reunindo as dezenas de milhares de estudos já publicados sobre o tema e, de preferência, disponibilizá-la aos interessados por meio da internet.

Um dos destaques do INCT-Bionat será o estudo de moléculas obtidas de plantas medicinais do Nordeste, conduzido pelo vice-coordenador do instituto, Edilberto Rocha Silveira, da Universidade Federal do Ceará. “Não podemos revelar ainda quais são as plantas por causa do potencial comercial”, explicou Bolzani.

A análise de substâncias com promissor efeito antitumoral ficará a cargo de Leticia Lotufo, da USP. Já a área de biossíntese será coordenada por Maysa Furlan, da Unesp de Araraquara. “Esse é um dos grandes gargalos da química de produtos naturais porque, sem isso, fica difícil obter as substâncias em grande escala”, disse Bolzani. Fazer novas coletas de espécies vegetais potencialmente úteis também está nos planos da equipe.

Marcos Jorge/Unesp

As coordenadoras dos novos INCTs, Vanderlan Bolzani (Bionat) e Maria Zanoni (Datrem)





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