Ser estudioso, inovador, consciente dos riscos de suas atividades e comunicativo. Este é o perfil básico do profissional que a indústria química quer contratar. Mas só isso não bastará a quem pretende fazer parte da próxima revolução do setor: a digital. O assunto foi discutido em workshop realizado na Abiquim e cujo resumo está publicado na página 13.
O Conselho decidiu reativar o Prêmio Walter Borzani. As regras desse concurso e do tradicional Prêmio CRQ-IV já estão disponíveis. As inscrições poderão ser feitas de 1 de novembro a 30 de março.
Bioquímica - Bactéria "ciborgue" gera energia verde
Kelsey Sakimoto
"Painéis solares" do híbrido tornam mais eficiente a conversão da luz em energia
Estudo apresentado durante reunião anual da American Chemical Society (ACS), em agosto, em Washington (EUA) mostrou uma nova possibilidade de geração de energia a partir de bactérias modificadas. Chamadas de “ciborgues” por conta da transformação química a qual foram submetidas, essas bactérias passaram a ter seus corpos cobertos com nanocristais de semicondutores que atuam como painéis solares e que são mais eficientes na conversão da luz solar em energia do que a clorofila, segundo afirmou Kelsey Sakimoto, da Universidade da Califórnia (EUA), um dos autores do estudo.
“Ao invés de confiar na clorofila ineficiente, ensinei as bactérias a crescer e cobrir seus corpos com pequenos nanocristais de semicondutores”, disse. O experimento usou a bactéria natural, não-fotossintética, Moorella thermoacetica.
Para produzir sua bactéria ciborgue, Sakimoto introduziu o aminoácido cisteína e o elemento cádmio no seu cultivo. Modificadas, as bactérias passaram a sintetizar as nanopartículas de sulfeto de cádmio (CdS), que absorvem de forma eficiente a luz, funcionando como painéis solares nas superfícies das bactérias. O novo organismo híbrido, chamado M. thermoacetica-CdS, produz ácido acético a partir de energia leve, água e CO2 a uma taxa que supera qualquer fonte de fotossíntese natural.
De acordo com o pesquisador, as bactérias ciborgue funcionam com uma eficiência superior a 80%, e o processo é autorreplicante e autorregenerador, tornando esta uma tecnologia de desperdício zero. “A biologia sintética e a capacidade de ampliar o alcance do produto da redução de CO2 serão cruciais para aproveitar esta tecnologia como uma substituição, ou uma das muitas substituições, para a indústria petroquímica”, previu Sakimoto.