Especialistas estimam que iniciativas em diferentes setores serão necessárias para reduzir as emissões de gases estufa, manter o aquecimento global abaixo de 2 ºC até o fim do século e, dessa forma, minimizar os impactos da mudança climática para a humanidade. Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, a bioenergia tem lugar garantido nesse conjunto de soluções.
A avaliação foi feita durante a palestra de abertura da terceira edição da Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST). Organizado no âmbito do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen), o evento ocorrido em outubro, na cidade de Campos do Jordão (SP), discutiu a bioenergia como ferramenta para a construção de uma economia sustentável.
Arquivo pessoal
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Brito Cruz, diretor científico da Fapesp
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“Energia é essencial para o desenvolvimento. Nos próximos anos, países como China, África, Índia, Oriente Médio, Rússia e Brasil vão precisar de mais energia para criar uma vida melhor para sua população. Isso torna ainda maior o desafio de conter as emissões e, portanto, será preciso buscar novas formas de lidar com esse problema”, disse Cruz.
A bioenergia, acrescentou, pode ajudar a mitigar as emissões de gases de efeito estufa principalmente no setor de transportes – que atualmente é o que mais demanda energia no mundo (27% de toda a energia consumida). Para ele, a ideia de que os carros elétricos vão substituir totalmente os motores a combustão interna precisa ser vista com cautela, pois a indústria automobilística ainda precisaria superar o desafio de aumentar a autonomia dos veículos movidos a baterias.
“A conveniência de usar combustível líquido é relevante e ainda há espaço para os motores a combustão se tornarem menores e mais eficientes. A eletricidade e os biocombustíveis são soluções complementares e terão de trabalhar juntos. A demanda por biocombustíveis no futuro estará associada principalmente à aviação, navegação oceânica e viagens rodoviárias de longa distância”, completou o diretor da Fapesp.
Reprodução YouTube/aab
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Glaucia Mendes Souza, do Bioen
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BIOECONOMIA – O presidente da Fapesp, José Goldemberg, destacou que até 2050 a bioenergia corresponderá a quase 30% de toda a energia usada no mundo. Atualmente, esse índice está em torno de 10%, segundo dados da International Energy Agency (IEA), organização intergovernamental autônoma criada no âmbito da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. “Por estar ciente dessa situação a Fapesp criou o Bioen, que desde sua criação em 2008 já recebeu R$ 80 milhões de investimento”, disse Goldemberg.
Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do Bioen, afirmou que a BBEST nasceu praticamente ao mesmo tempo que o Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia com o intuito de congregar a academia e a indústria e fazer um esforço de comunicar os avanços no campo da ciência e da tecnologia para os formuladores de políticas públicas do setor.
“Nas edições anteriores da BBEST, conseguimos mostrar como a bioenergia pode interagir com questões como segurança alimentar, ambiental, climática e o desenvolvimento sustentável. Nos últimos três anos, começamos a pensar em todas essas questões de uma maneira mais integrada, buscando o desenvolvimento de uma bioeconomia. Por meio do Bioen, estamos desenvolvendo tecnologias para usar a biomassa e para fazer muitas outras coisas além do bioetanol, como combustíveis de aviação e bioprodutos que substituam aqueles hoje produzidos pela indústria petroquímica”, finalizou.