O panorama atual da utilização de polímeros e as perspectivas para o futuro estiveram em pauta no IV Fórum de Ensino Superior da Área Química, realizado dia 20 de outubro pela Comissão de Ensino Superior do CRQ-IV com apoio do Sindicato dos Químicos, Químicos Industriais e Engenheiros Químicos do Estado de São Paulo (Sinquisp). O auditório do Conselho recebeu cerca de 80 pessoas, entre diretores de escolas, coordenadores de cursos, professores e estudantes.
Fotos: CRQ-IV
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Lucilene Paiva, do IPT, enfatizou a reciclagem de termoplásticos
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Ao fazer a abertura do evento, a Engenheira Química Andrea Mariano, coordenadora das Comissões Técnicas do CRQ-IV, apresentou informações sobre a atuação da entidade e destacou o papel da Comissão de Ensino Superior no desenvolvimento de propostas para currículos de cursos de Bacharelado em Química e em Química Tecnológica, além da criação, em 2013, do Selo de Qualidade para cursos superiores da área química.
O ciclo de palestras foi iniciado pela Bacharel em Química Lucilene Betega de Paiva. Pesquisadora do Núcleo de Biomanufatura do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ela falou sobre a evolução histórica da utilização de materiais polímeros e plásticos, tendo como alguns dos principais tópicos a classificação, a produção e o consumo de polímeros convencionais.
Deu ênfase aos termoplásticos, que podem ser reciclados várias vezes a partir de processos que utilizam altas temperaturas. “Polímeros biodegradáveis” foi o tema apresentado pelo Engenheiro de Materiais Guilhermino Fechine, professor e pesquisador da Universidade Mackenzie.
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Fechine: conciliar progresso com
meio ambiente
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Segundo ele, a utilização de polímeros desse tipo se fundamenta na busca por um desenvolvimento sustentável, que concilie progresso econômico com proteção ambiental ao evitar o acúmulo de plásticos descartados incorretamente. Fechine lembrou, no entanto, que “utilizar fontes renováveis por si só não garante um baixo impacto ambiental. Deve-se avaliar o processo de produção, a performance técnica e suas opções de descarte”, referindo-se ao processo de Análise de Ciclo de Vida (ACV).
Na sequência, a pesquisadora Maria Filomena de Andrade Rodrigues, também do IPT, falou sobre produção e degradação de plásticos biodegradáveis de origem bacteriana. Ela apresentou pesquisas desenvolvidas no Instituto com base na biotecnologia, em um trabalho multidisciplinar envolvendo as áreas de Química, Biologia e Engenharia que formam a base estrutural de processos biotecnológicos. De acordo com Maria Filomena, questões ambientais, como a dificuldade de reciclagem de alguns materiais, aumentam a demanda por biopolímeros que possuam características capazes de substituir os plásticos convencionais. Um dos exemplos mostrados foi o plástico biodegradável feito a partir da cana-de-açúcar.
As diversas aplicações de polímeros na atualidade permearam as apresentações feitas durante a segunda parte do Fórum. O ciclo foi aberto por André Luiz Jardini Munhoz, pesquisador sênior do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biofabricação (Biofabris), instalado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Munhoz descreveu algumas técnicas de fabricação desenvolvidas pelo Biofabris, um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) mantidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Um dos principais objetivos desse INCT é sintetizar biomateriais que possam ser utilizados no desenvolvimento de próteses e órgãos artificiais para as áreas médica e odontológica.
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Munhoz: feitura de próteses para as áreas médica e odontológica
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Celulose reduz custos e impacto ambiental, afirma De Paoli
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Maria Filomena destacou os plásticos de origem bacteriana
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Em seguida, o professor e pesquisador Marco-Aurelio De Paoli, também da Unicamp, falou sobre termoplásticos reforçados com fibras de celulose obtidas a partir de eucaliptos. Trata-se, segundo comparou, de uma alternativa ambientalmente sustentável aos compósitos feitos com fibras de carbono e de vidro. A disponibilidade da celulose (um dos polímeros mais abundantes no planeta, juntamente com a lignina, que pode ser usada como antioxidante) proporciona vantagens como um custo inferior de produção, baixo impacto ambiental, além de menores índices de densidade e abrasividade. Contudo, De Paoli assinalou a existência de desafios tecnológicos a serem superados para que a produção em larga escala se viabilize.
O IV Fórum de Ensino Superior da Área Química foi encerrado com a apresentação da Bacharel em Química Mônica Freire Dias Martins, da empresa Solvay. Discutindo a aplicação de polímeros de alta performance, ela ressaltou a versatilidade dessa categoria de materiais, que pode ser utilizado em setores como o aeroespacial e o automobilístico. Mônica também mostrou vantagens proporcionadas nas áreas médica e farmacêutica, tais como a proteção conferida por embalagens de medicamentos feitas com os denominados “polímeros de alta barreira”.
Cópias das apresentações feitas durante o evento podem ser obtidas gratuitamente na seção Downloads.