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A Fapesp, a Shell Brasil, as universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e de São Paulo (USP) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) anunciaram, dia 23 de maio, o lançamento do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE). Criado no âmbito do Programa Fapesp Centros de Pesquisa em Engenharia, a iniciativa receberá investimentos de R$ 110 milhões nos próximos cinco anos e terá como objetivo desenvolver novos dispositivos de armazenamento de energia com emissão zero (ou próximo de zero) de gases de efeito estufa e que utilizem fontes renováveis como combustível. Também serão desenvolvidas, entre outras, pesquisas visando a descoberta de rotas tecnológicas para converter metano em produtos químicos.
A Shell aportará um total de até R$ 34,7 milhões no novo centro, enquanto a Fapesp reservou um investimento de R$ 23,14 milhões. Outra parcela, de R$ 53 milhões, virá da Unicamp, USP e Ipen, na forma de salários de pesquisadores e de pessoal de apoio, infraestrutura e instalações.
O CINE terá quatro divisões de pesquisa, com sedes na Unicamp (Armazenamento Avançado de Energia e Portadores Densos de Energia), na USP (Ciência de Materiais e Químicas Computacionais) e no Ipen (Rota Sustentável para a Conversão de Metano com Tecnologias Químicas Avançadas), que desenvolverão, ao todo, 20 projetos.
A missão do centro será produzir conhecimento na fronteira da pesquisa e, paralelamente, transferir tecnologia para o setor empresarial. Os resultados das pesquisas poderão ser usados pela Shell para gerar startups ou firmar parcerias com outras empresas.
“Uma das coisas que diferenciam esse novo centro é que os pesquisadores ligados a ele não pretendem fazer avanços incrementais, mas realizar pesquisas avançadas que possam ter impacto no mundo”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp.
O CINE foi composto a partir de uma chamada de propostas lançada pela Fapesp em parceria com a Shell em abril de 2017. Concluída este ano, a seleção aprovou as propostas dos pesquisadores Rubens Maciel Filho e Ana Flávia Nogueira (Unicamp), Fábio Coral Fonseca (Ipen) e Juarez Lopes Ferreira da Silva (IQ-USP/São Carlos).
TRANSIÇÃO – André Araújo, presidente da Shell Brasil, afirmou que a empresa vem discutindo, já há alguns anos, a questão da transição energética “e vemos que este momento está chegando e deve se tornar realidade em breve”. Joep Huijsmans, líder da divisão de pesquisa e tecnologia de novas energias da Shell, previu que, em 2050, a população mundial será de, aproximadamente, 10 bilhões de pessoas, das quais 50% deverão morar em cidades.
A demanda global de energia provavelmente será quase 60% maior em 2060 do que hoje, com 2 bilhões de veículos em circulação no mundo, contra a frota atual de 800 milhões.
“A produção de energia renovável poderá triplicar até 2050, mas ainda precisaremos de grandes quantidades de petróleo e gás para fornecer toda a gama de produtos energéticos de que o mundo precisa”, estimou Huijsmans. Maciel Filho, coordenador de transferência tecnológica do Centro, disse que o futuro demandará mais energia renovável como saída para diminuir as emissões de gases de efeito estufa”, avaliou.