‘Saga’ da fosfoetanolamina é contada em livro de professor da UFSCar
A fosfoetanolamina sintética, que ficou nacionalmente conhecida como a “pílula do câncer”, é tema de um livro lançado em agosto que narra a história do composto, desde o seu desenvolvimento no Instituto de Química da USP de São Carlos, na década de 1990, até os dias atuais. Em julho, o Químico Gilberto Chierice, coordenador do grupo de pesquisa responsável pela síntese, morreu aos 75 anos devido a problemas cardíacos.
Divulgação
Professor Maurizio Ferrante foi amigo de Gilberto Chierice
Escrito por um amigo pessoal de Chierice, o engenheiro Maurizio Ferrante, professor titular do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), A Saga da Fosfoetanolamina é um dos livros divulgados para sorteio nesta edição do Informativo.
Em meados da década de 1970, Chierice e Ferrante trabalharam juntos no Centro Técnico Aeroespacial (atual Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial) da Aeronáutica, em São José dos Campos. Em 1979, se reencontraram em São Carlos, onde Chierice já lecionava no IQSC-USP.
Interessado na polêmica suscitada pelo composto, Ferrante dedicou-se nos últimos três anos a elucidar os fatos em torno do desenvolvimento da fosfoetanolamina e da descoberta de seu potencial efeito anticancerígeno, o qual sempre foi objeto de controvérsias no meio científico.
Em vídeo publicado na internet, Ferrante destaca alguns dos trechos mais importantes do livro. “O capítulo 4 fala sobre as pessoas que ajudaram e as que dificultaram a vida da fosfoetanolamina, mostrando uma relação de fatos que iam acontecendo dia a dia”, como oposição ao composto e os processos abertos contra Chierice pela USP, que o denunciou por curandeirismo e tentou cassar sua aposentadoria.
O capítulo 5 apresenta a droga no contexto da grande indústria farmacêutica e, segundo o autor, sua leitura permite entender o que havia por trás de tanta oposição. O capítulo seguinte relata os testes realizados entre 2017 e 2018 pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. “Testes clínicos entre aspas porque eles não tiveram nenhum cuidado, o que foi, inclusive, objeto de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa, que concluiu pela inobservância dos mínimos critérios científicos”, avalia.
Ferrante nunca fez uso do composto, mas alega conhecer pessoas que o fizeram, sendo que algumas delas relataram ter obtido benefícios. No entanto, assim como diversos outros casos divulgados na mídia e em redes sociais, não houve comprovação clínica formal desses supostos impactos positivos no tratamento de tumores, o que sempre foi alvo de críticas por parte de especialistas. Para ele, há uma tendência natural de a sociedade duvidar daquilo que, potencialmente, pode alterar o status quo. Contudo, faz uma ressalva: “nem sempre a sociedade científica brasileira criticou a substância em si, mas sim, e com razão, a ausência de testes clínicos”.
O autor enfatiza que a obra não defende o uso da fosfoetanolamina. “Não é uma substância milagrosa. Sei de muitas pessoas que a utilizaram e faleceram”, destaca ele na página 192 do livro. Ao mesmo tempo, não refuta a possibilidade por ainda não haver, em seu entendimento, qualquer comprovação definitiva de sua ineficácia contra a doença. “Minha convicção é de que as pessoas precisam conhecer esse importante desenvolvimento no caminho da luta contra o câncer”, finaliza.
SORTEIO – Profissionais e estudantes em situação regular no CRQ-IV que quiserem participar do sorteio, previsto para 21/10/2019, de dois exemplares do livro devem enviar um e-mail para sorteio.crq4@gmail.com, informando nome, CPF e endereço residencial com CEP. No campo “Assunto” da mensagem escreva “Sorteio” seguido da palavra “Saga”. Os nomes dos ganhadores serão divulgados no site do Conselho.
A obra custa R$ 34,90 mais despesas de postagem e pode ser comprada neste site.
Matéria Anterior
