A manchete desta edição não traz uma boa notícia. Por meio de consultas públicas divulgadas no final do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende mudar as regras de fabricação dos gases industriais destinados ao uso médico, que passariam a ser classificados como medicamentos. O problema é que, com a mudança na classificação, apenas farmacêuticos poderão responder tecnicamente por esses produtos e, se aplicada a mesma regra que se pretende impor às indústrias farmacêuticas, gerenciar todas as fases de sua produção. Resumo da ópera: você, Profissional da Química, poderá ser sumariamente alijado desse nicho de mercado.
As propostas da Anvisa não representam um perigo apenas para os profissionais. As indústrias também podem ficar numa situação complicada à medida que teriam de montar equipes extras de profissionais para, na maioria dos casos, cuidarem da produção de um mesmo produto. Por exemplo, se um determinado lote de oxigênio for destinado a um hospital, sua produção terá de ser supervisionada por farmacêuticos. Se o lote seguinte tiver como consumidor um segmento industrial, o trabalho terá, obrigatoriamente, de ser realizado por químicos. Ou seja, uma confusão absurda e que certamente elevará o preço final dos produtos.
O mais grave, contudo, são as conseqüências danosas à sociedade que a medida poderá causar, notadamente aos enfermos. É sabido que as grades curriculares das escolas de farmácia nem de longe privilegiam disciplinas relacionadas à produção de gases. E nem poderia ser diferente, até porque este é um trabalho que exige grande conhecimento de tecnologia química. Esta, aliás, é a razão de as leis e decretos em vigor estabelecerem que tal atividade é privativa dos profissionais da química.
O momento, portanto, é de mobilização. Os profissionais – mesmo aqueles que não atuam no setor – devem manifestar sua oposição às propostas da Anvisa. Saiba como clicando aqui.