O Projeto Selo de Qualidade para cursos técnicos da área química foi oficialmente lançado dia 11 agosto, durante a cerimônia de comemoração dos 50 anos do CRQ-IV. A apresentação foi feita pelo conselheiro Paulo César A. de Oliveira, membro da Comissão de Ensino Técnico, grupo responsável pelo projeto. O material contendo a metodologia e os indicadores que serão avaliados pode ser obtido
clicando-se aqui.
O CRQ-IV começará a receber os pedidos de certificação de cursos em fevereiro de 2008. No entanto, baixando já a cópia do material, as escolas podem dar início à primeira etapa do processo para obtenção do selo de qualidade: a auto-avaliação. Assim, será possível fazer os ajustes necessários e só enviar o pedido de auditoria quando a instituição se julgar apta a ter seu curso certificado.
Para a coordenadora técnica do Núcleo de Tecnologia Química do Senai Mário Amato (São Bernardo do Campo/SP), Ana Rita Galhardo Tur, o Projeto Selo de Qualidade "vem resgatar a qualidade do ensino técnico". O Mario Amato foi uma das nove escolas que fizeram a auto-avaliação na fase piloto de implantação do projeto. Habituada a passar por auditorias de certificação do Sistema ISO, Ana Rita disse que as exigências feitas pelo Conselho são coerentes e que "se as escolas conseguirem a pontuação mínima exigida, vão melhorar muito a qualidade de formação de seus técnicos".
A Escola Técnica Estadual Trajano Camargo (Limeira/SP), ligada ao Centro Paula Souza, também participou dos testes. Na opinião do coordenador do curso de técnico em química, Reinaldo Blezer, o material oferecido pelo Conselho "é uma grande ferramenta para avaliar os cursos e verificar os pontos falhos". Ele destacou, por exemplo, a exigência de que haja na instituição políticas implantadas de capacitação contínua do corpo docente. "O professor vai se atualizar e isso vai refletir na qualidade de ensino", avaliou.
Blezer também aprovou um dos princípios do projeto que é o de valorizar não só a existência de infra-estrutura (biblioteca, laboratórios, salas ambiente), mas também a sua efetiva utilização. Disse que sua escola, por exemplo, toma o cuidado de arrumar todo o material das aulas práticas antes de seu início. "Se não, perde-se metade do tempo da aula e isso reflete na qualidade da formação do técnico", explicou.
Desde que participou da apresentação do projeto, em junho, o coordenador da Escola Técnica Oswaldo Cruz, Laércio Marques Machado, constatou que o projeto faria com que as escolas lançassem olhares críticos sobre si mesmas. "O que eu faço como coordenador está dentro do que eu devo fazer como coordenador?", questionou, mostrando o tipo de análise a que o projeto leva. Ele observou que as escolas que pretendem obter o Selo devem registrar suas ações para poder comprová-las. "Para algumas reuniões não fazíamos ata, mas agora estamos tomando esse cuidado", afirmou.
No lançamento oficial do projeto, o conselheiro Paulo César A. de Oliveira lembrou que a idéia do Selo surgiu em 2004, após o Fórum de Ensino Técnico realizado pelo CRQ-IV. Segundo lembrou, o evento mostrou a necessidade de que fossem criados mecanismos para promover a melhoria da qualidade de formação dos profissionais de nível médio. O objetivo do Selo é justamente o de gerar entre as escolas uma competição que beneficie os alunos, as empresas que absorvem sua mão-de-obra e a sociedade que consome os produtos e serviços por eles prestados. A Comissão trabalhou por mais dois anos até chegar aos critérios de avaliação pelos quais as escolas terão de passar para obter o Selo. Os parâmetros foram definidos após estudos de vários métodos, inclusive o do Ministério da Educação.
Indicadores - O projeto prevê a avaliação de vários indicadores de qualidade, agrupados em três categorias: (1) Organização didático-pedagógica, (2) Corpo docente, corpo discente e corpo técnico-administrativo e (3) Instalações físicas. Receberão o Selo os cursos alcançarem nota mínima 4, numa escala que vai de 1 a 5. Se a qualquer um dos indicadores for atribuído conceito 1, o curso em questão não será certificado.
Uma Comissão Central de Qualificação vai analisar a auto-avaliação da escola e os documentos que ela enviar para sustentá-la. Em seguida, auditores irão ao local para validar as informações. Se forem encontrados problemas, a equipe dará à instituição as orientações necessárias para corrigi-los.
O Selo de Qualidade terá validade por dois anos. Se a escola desejar renová-lo, deverá passar por nova avaliação. É importante salientar que a certificação será concedida ao(s) curso(s) e não à escola.
O conselheiro Paulo César A. de Oliveira salientou que o Selo não será obrigatório, mas representará um diferencial para as escolas que o conquistarem. A proposta, afirmou, é estimular a competitividade entre as instituições tendo a qualidade como principal ferramenta para que os estudantes – e a sociedade em geral – possam ter meios mais precisos para escolher este ou aquele curso.
E para facilitar ainda mais a pesquisa dos interessados pelas melhores instituições de ensino, os cursos daquelas que obtiverem o Selo de Qualidade serão destacados no site do CRQ-IV.
Correção - Ao contrário do que foi publicado na última edição do
Informativo, o Senai Luiz Simon (Jacareí/SP) integra da Comissão de Ensino Técnico do CRQ-IV. O representante da escola é o professor José Carlos Mancilha, que participou da elaboração do Projeto Selo de Qualidade e do Guia de Laboratório para o Ensino de Química.