Uma carta supostamente produzida pelo CRQ-IV (clique na imagem ao lado para ampliá-la) foi enviada à Coremal, empresa distribuidora de produtos químicos, sugerindo que suspendesse as vendas de carbonato de cálcio para indústrias alimentícias. O Conselho esclarece que não faz esse tipo de comunicação. Os responsáveis técnicos devem estar atentos e entrar em contato sempre que tiverem dúvidas quanto à veracidade de correspondências enviadas em nome da entidade.
Num texto de sete linhas e com vários erros de português, a carta dirigida à diretoria da Coremal afirmava que o Conselho teria detectado "carbonato de cálcio em alimentos, através de fiscalização e das notas fiscais da empresa". Em seguida, sugeria à distribuidora que parasse as vendas daquele insumo às indústrias alimentícias, uma vez que "o uso de carbonato de cálcio, em produto alimentícios constitui-se em crime contra à saúde pública" (sic).
O texto foi impresso em papel cujo timbre do Conselho e a assinatura de seu superintendente, José Glauco Grandi, foram grosseiramente falsificados. Colocada dentro de um envelope também falsificado com a logomarca do CRQ-IV, a carta foi postada dia 28 de agosto, numa agência dos Correios no bairro do Jabaquara, capital paulista.
A Bacharel em Química Márcia Barbosa, gerente de qualidade da Coremal, recebeu a falsa carta em 6 de setembro e chegou a informar sua diretoria sobre a sugestão apresentada. Contudo, estranhou o fato de o documento não estar datado e nem ter o nome da empresa escrito por extenso.
A tentativa de conturbar os negócios da distribuidora acabou não dando certo. Por coincidência, no dia 10 de setembro o agente fiscal José Renato Lourenço esteve na empresa para uma vistoria de rotina e tomou conhecimento da carta. Imediatamente, entrou em contato com o CRQ-IV para confirmar a falsidade do documento e em seguida registrou boletim de ocorrência policial.
Com unidades em São Paulo e mais seis estados brasileiros, a Coremal está entre as principais distribuidoras do País, segundo ressalta o site da companhia. Fornece uma vasta gama de matérias-primas para diversos segmentos da indústria química. O carbonato de cálcio é um dos insumos comercializados, embora a empresa não tenha fabricantes de alimentos entre os compradores do produto.
O carbonato de cálcio tem aplicações em diversos ramos da indústria química. No de alimentos, ele é um dos sais de cálcio mais utilizados para fazer o enriquecimento nutricional da farinha de trigo. Sua aplicação nunca foi proibida. Ao contrário, segundo informou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso do carbonato de cálcio em alimentos foi autorizado pela Resolução 386/1999, que instituiu o
Regulamento técnico sobre aditivos utilizados segundo as Boas Práticas de Fabricação de Fabricação e sua Funções.
As empresas que eventualmente tenham recebido correspondência semelhante ou outras supostamente enviadas pelo Conselho e com conteúdo duvidoso devem procurar imediatamente a entidade. No caso em questão, o Conselho jamais poderia afirmar que alimentos fabricados por terceiros continham insumo fornecido pela Coremal, uma vez que a fiscalização não inclui realização de análises laboratoriais.