Revestimento - Tecnologia que repele líquidos pode ajudar a combater contaminações
Produto permite aplicação em máscaras plásticas usadas por profissionais de saúde
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Integrantes do Laboratório de Pesquisa e Aplicações de Engenharia de Polímeros da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) desenvolveram um revestimento capaz de repelir quase todas as substâncias de uma superfície. A inovação facilitará a limpeza dos equipamentos de proteção individual utilizados principalmente por profissionais que atuam na linha de frente do atendimento em saúde, diz Kevin Golovin, professor da Escola de Engenharia da universidade e diretor do laboratório.
As superfícies que podem repelir uma ampla variedade de líquidos são chamadas de onifóbicas, explica Behrooz Khatir, estudante de mestrado e principal autor do estudo. Sob a orientação de Golovin, ele criou uma solução em spray que pode conferir essa propriedade a qualquer superfície, inclusive escudos faciais usados por profissionais de saúde e de outros setores que fazem atendimento presencial do público e que passaram a precisar de equipamentos especiais de proteção para evitar contaminações pelo novo coronavírus.
“Os filmes onifóbicos podem repelir uma ampla variedade de líquidos, mas a aplicabilidade desses revestimentos sempre foi limitada a pastilhas de silício ou vidro liso”, diz Khatir. “Esta nova formulação pode revestir e proteger praticamente qualquer superfície, incluindo metais, papel, cerâmica e até plástico”, salienta.
O revestimento envolve o depósito de uma camada de sílica ultrassuave, semelhante a uma pastilha de silicone. O tratamento dessa camada é feito com um clorosilano altamente reativo, que enxerta cadeias de polidimetilsiloxano na superfície.
University of British Columbia
Kevin Golovin observa o efeito onifóbico do spray numa superfície de teste
Histerese negligenciável dos ângulos de contato (≤1º) para vários líquidos foi alcançada em substratos diferentes. “A histerese dos ângulos de contato era tão baixa que fomos forçados a propor uma técnica de medição alternativa, usando ângulos de inclinação, que reduziu os erros inerentes à goniometria conhecida dos ângulos de contato” salientam os autores do estudo no artigo publicado na revista ACS Applied Materials & Interfaces.
Mesmo sob exposições severas a luz UV, ácidos e altas temperaturas, as superfícies tratadas com o spray mantêm suas qualidades de resistência. Golovin observa que, se danificado, o revestimento poderá ser reparado de maneira simples e por repetidas vezes, restaurando-se totalmente suas propriedades onifóbicas.
“Essa tecnologia tem muitas aplicações, mas atualmente estamos focados em fornecer uma solução que manterá nossos enfermeiros e médicos seguros”, diz Golovin. Esse novo revestimento impedirá que gotículas ou micróbios grudem em um escudo facial, possibilitando sua limpeza apenas com água e sabão, completa o pesquisador.