Saneantes - Faturamento cresce 23% em 2019 e segue em alta por conta da pandemia
Dados constam em anuário da Abipla, que também apontou para aumento do emprego
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Publicação pode ser baixada gratuitamente do site da entidade
O faturamento do setor que engloba os fabricantes de produtos de higiene e limpeza alcançou a marca de R$ 26 bilhões em 2019, superando em 23,8% o resultado do ano anterior. Impulsionada pela pandemia de Covid-19, a produção industrial de janeiro a julho deste ano já cresceu 5,9%. As informações foram fornecidas por Paulo Engler, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla), durante o lançamento da 15ª edição do anuário da entidade, ocorrido dia 14 de setembro. A economista Tereza Fernandez, sócia da consultoria MB Associados, também participou do evento, realizado de maneira virtual.
Para Engler, um dos principais destaques do anuário é o fato de que houve aumento do número de empresas abertas de 2018 para 2019, o que gerou um aumento da empregabilidade (inclusive na área química), refletindo uma tendência global.
“Continuamos com a tendência de abertura de novas fábricas e aumento das existentes e deveremos ter uma valorização constante do Profissional da Química. É um setor técnico e não podemos prescindir da qualidade técnica dos químicos. Como estamos em linha com o mercado internacional, isso naturalmente mantém essa demanda por qualificação”, explicou o executivo.
Engler também assinalou outra vantagem: por ter sido considerado essencial durante a pandemia, o setor não teve as fábricas fechadas em face do novo coronavírus. “Não tivemos dificuldades com matérias-primas, transporte, escoamento de produção e vendas. E mesmo com o aumento do dólar, os custos ainda se mantiveram dentro da realidade”, relatou.
Diante do contexto geral do mercado de trabalho, que enfrenta uma taxa de desemprego de 13,8% (segundo a Pnad Contínua do IBGE), Engler fez uma referência ao fato de que, nos últimos anos, o número de admissões tem se mantido maior do que o de demissões. Em 2018, o setor fechou o ano empregando 49.419 trabalhadores. Em 2019, saltou para 58.226 colaboradores, alta de 17,82%. “É interessante que, mesmo com a pandemia, as contratações do setor continuam crescendo em 2020. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de janeiro a julho deste ano, o saldo positivo do setor (admissões menos demissões) é de cerca de 3,1 mil vagas”, diz Engler.
Engler: O produto de limpeza é a primeira vacina contra o coronavírus
Entre as tendências de mercado constatadas pelo anuário, o diretor-executivo da Abipla apontou o crescimento na compra de amaciantes e de produtos multiuso, o que deverá continuar devido ao que ele definiu como um “viés maior de desinfecção”, consequência das mudanças no comportamento das pessoas, que aumentaram os cuidados com higiene e limpeza em todos os ambientes usando diversos itens, como álcool (gel e líquido) e saneantes para desinfecção de alimentos hortifrutícolas. “O produto de limpeza é a primeira vacina contra o coronavírus. E, mesmo quando houver a vacinação de fato contra a Covid-19, esses novos hábitos já terão sido incorporados e deverão ficar”, enfatizou.
Além disso, também apontou um recuo temporário da tendência de substituição de produtos básicos por mais sofisticados. O motivo é a conjuntura econômica desfavorável. No entanto, o aumento nas vendas desses itens de custo mais acessível só foi possível, segundo Engler, devido ao pagamento do auxílio emergencial. Porém, a previsão é de que o consumo poderá cair com um possível aumento nos preços a partir de outubro. “Há uma pressão de preços no mercado, notadamente no setor de alimentos. Imaginamos que poderá acontecer também com os de limpeza, mas não com a mesma intensidade”, ponderou.
EXPECTATIVAS – Mesmo com um cenário macroeconômico marcado por dificuldades conjunturais decorrentes da Covid-19, a economista Tereza Fernandez afirmou que houve uma “surpresa positiva”, pois a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre foi de 5%, menor do que os 7,5% inicialmente previstos.
“Houve melhoria nos índices de confiança e os números de atividade em geral foram positivos”, avaliou a especialista, que apontou o desempenho do agronegócio e o pagamento do auxílio emergencial (que adicionou cerca de R$ 50 bilhões mensais na economia) como fatores decisivos para que os impactos da pandemia não fossem ainda mais profundos.
Ao avaliar o setor de limpeza, a economista explicou que a pandemia conferiu um expressivo impulso em razão do aumento da procura por produtos para desinfecção, notadamente o álcool gel. Por outro lado, com a queda de 50% no total a ser pago como auxílio emergencial pelo governo, a expectativa é de que ocorra uma desaceleração da compra desses produtos no último trimestre de 2020. O aumento verificado nos preços de gêneros alimentícios, que tende a reduzir a disponibilidade de renda das famílias para a aquisição de outros itens, também foi apontado por ela como um obstáculo a ser enfrentado.
Apesar de uma esperada recessão global em razão da pandemia, para 2021 a economista salientou que há uma previsão de que o PIB do Brasil possa crescer de 2 a 2,5%. Quanto ao cenário setorial observou que, no pós pandemia, o consumo tende a sofrer uma ligeira desaceleração, mas o receio dos consumidores deverá se manter elevado e a demanda ficará um pouco acima do que era antes da Covid-19.
Setor fechou 2019 empregando mais de 58 mil trabalhadores, salto de 17,8% em relação ao ano anterior
ANUÁRIO – Disponível no site da Abipla, o anuário reúne dados do setor, como faturamento, origem de importações, destino de exportações, empregos, número de empresas em atividade, produção industrial e o comportamento de vendas de diversos produtos da cesta de limpeza nacional. Traz, também, artigos, entrevistas e comentários de temas relevantes ao setor industrial e à sociedade brasileira.
O anuário também cita os esforços da entidade para esclarecer a sociedade sobre o uso correto de produtos de higiene e limpeza durante a pandemia do novo coronavírus. Na mensagem de sua presidente, Juliana Durazzo Marra, destaca a declaração conjunta com o Conselho Federal de Química (CFQ) sobre os túneis de desinfecção de pessoas, na qual “alertamos para o perigo à saúde humana se estes não forem usados com os devidos equipamentos de proteção individual”. Abipla, CFQ, CRQ-IV e a Associação Comercial de São Paulo também estiveram juntas na luta para evitar que o prefeito da capital, Bruno Covas, sancionasse um projeto de lei que tornava obrigatória a instalação desses túneis em locais de grande circulação de pessoas (confira mais detalhes em matéria sobre o assunto publicada nesta edição).