Receita encontra maconha sintética em remessa postal internacional
Segundo Químicos da UFPR, substância ainda não estava descrita na literatura
Receita Federal
Análises indicaram que substância sintética provoca efeitos alucinógenos semelhantes aos da maconha
Os cinco volumes vindos da Holanda com destino ao estado de São Paulo chamaram a atenção dos fiscais da Receita Federal durante operação de rotina, ocorrida em agosto, no Centro Internacional dos Correios em Pinhais (PR) desde o momento em que passaram no aparelho de scanner. Ao abrirem os pacotes, eles encontraram de 1,2 kg de uma matéria sólida compactada de tom amarelado.
A seguir, amostras da substância foram enviadas ao Centro de Ciências Forenses do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para análise. Em meados de setembro, o laudo emitido pelo Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear daquele Centro foi taxativo: “A análise exaustiva dos dados de RMN [Ressonância Magnética Nuclear] obtidos para a amostra e a comparação destes com a literatura, permitiu concluir que se trata de uma substância da classe dos canabinoides sintéticos. Além disso, os dados permitiram concluir que se trata de um novo canabinoide sintético, ainda não descrito na literatura”, destacou o documento.
Segundo explicou à Folhapress o professor Anderson Barison, coordenador do laboratório responsável pela análise, a maconha sintética não tem origem na planta. O canabinoide sintético é feito em laboratório e simula os efeitos da cannabis natural. “O que esse canabinoide que identificamos tem de inédito é uma pequena modificação na molécula. Para enganar a legislação, são feitas modificações na molécula, diferente das descritas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], tornando difícil para as agências de controle identificarem a substância como uma droga ilegal”, explicou o Químico.
O especialista disse ainda que os canabinoides sintéticos são uma classe de substância, com funções químicas características em algumas moléculas. “Eles contam com um núcleo básico semelhante. O que [os traficantes] fizeram [na nova droga apreendida] foram pequenas modificações nesse núcleo básico da molécula. Como um exemplo, trocaram nitrogênio por cloro, colocando também um grupo de CH3 “, exemplificou.
A descoberta foi possível graças à operacionalização de um projeto-piloto que prevê a cooperação técnica entre a Receita Federal e a UFPR. O objetivo da Receita encontra maconha sintética em remessa postal internacional Segundo Químicos da UFPR, substância ainda não estava descrita na literatura cooperação é desenvolver estudos acerca do uso da RMN de alta e baixa resolução para análises de materiais suspeitos.
A perspectiva é de que a parceria traga bons frutos tanto para Receita Federal, que poderá aperfeiçoar a detecção de substâncias ilícitas e impedir o tráfico internacional de drogas, quanto para a UFPR, que poderá proporcionar aos estudantes de graduação e de pós-graduação acesso a uma variedade maior de matérias-primas para realização de análises.
Com informações da Receita
Federal e Yahoo! Notícias