Evento apresentou iniciativas na área de tratamento de resíduos
Com mais de 300 participantes, IV edição do Fórum do Meio Ambiente foi virtual
Promovido pela Comissão Técnica de Meio Ambiente (CTMA) do CRQ-IV na tarde do dia 21 de setembro, quando é comemorado o Dia da Árvore, o IV Fórum de Meio Ambiente abordou os desafios do tratamento de resíduos sólidos e apresentou iniciativas inovadoras que estão sendo implementadas na área.
Assistido por mais de 300 pessoas, o encontro foi realizado por meio do canal do Conselho no YouTube e teve os apoios da Associação Brasileira de Biopolímeros Compostáveis e Compostagem (Abicom), do Sindicato dos Químicos, Químicos Industriais e Engenheiros Químicos do Estado de São Paulo (Sinquisp) e da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção São Paulo (Abes-SP), por meio de sua Câmara Técnica de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
O Químico e professor José Carlos Silvestre Filho, criador do Programa Aterro Zero, do Grupo Salmeron, da cidade de Sorocaba, foi o primeiro palestrante do evento. Ele falou sobre a importância da recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos e destacou que o Brasil poderá se valer desses materiais descartados como lixo para ampliar as suas fontes de energias renováveis e reduzir os impactos ambientais. Silvestre lembrou ainda que, pela primeira vez, o Leilão de Energia Nova A-5 incluiu projetos de geração de energia por meio de resíduos sólidos urbanos, o que indica que em breve o país terá novidades neste setor. O leilão ocorreu no dia 30 de setembro.
Grupo Salmeron
Somente poderão ser inscritos trabalhos orientados por profissionaisem situação regular no CRQ-IV
Divulgação
Marcos Poiato, fundador da primeira empresa especializada em reciclar bitucas
Na sequência, o especialista em marketing social e ambiental Marcos Robles Poiato apresentou o “case” da Poiato Recicla, da cidade de Votorantim/SP, primeira empresa brasileira especializada em reciclagem de resíduos de cigarros, com tecnologia 100% nacional, desenvolvida pela Universidade de Brasília e que está em operação desde 2010.
As bitucas são transformadas em massa celulósica e destinada às oficinas de arte para produção de papel artesanal. Segundo o empresário, 98% das bitucas de cigarro são descartadas no chão, demorando 15 anos para se degradar e provocando a contaminação da terra e do lençol freático com suas substâncias tóxicas. A solução ainda está em ações de conscientização para o descarte correto dos resíduos e em iniciativas voltadas à reciclagem. “A Poiato reciclou até hoje mais de 80 milhões de bitucas. Em termos de impacto na água, isso significa que 40 milhões de litros de água deixaram de ser contaminados por resíduos de cigarro”, disse.
Após a sessão de perguntas que encerrou o primeiro bloco do evento, a etapa seguinte discutiu os processos de compostagem e biodigestão de resíduos orgânicos. O tema foi abordado por João Carlos de Godoy Moreira. Engenheiro de Materiais, ele é fundador e diretor técnico comercial da Oeko Bioplásticos, empresa com sede em Florianópolis (SC), que produz polímeros à base de fontes renováveis, como a biomassa. Moreira discutiu a importância do ciclo biológico para a economia circular, destacando o papel da tecnologia da compostagem. Segundo ele, além de gerar compostos que podem ser utilizados na agricultura e na recuperação do solo, esse método de decomposição biológica de resíduos também é capaz de remover o gás carbônico da atmosfera, contribuindo para reduzir o problema das questões climáticas.
Divulgação
Decomposição biológica remove CO2 da atmosfera, explica Moreira
O evento foi encerrado com a palestra “Desafios da Reciclagem e seus Benefícios para a Economia Circular”, ministrada pelo Químico Amarildo Bazan, diretor da ABazan Consultoria, empresa que atua em reposicionamento comercial, planejamento e gestão de negócios para o mercado de termoplásticos. Também é sócio fundador da REVIR – Revalorização, Inclusão e Renda com 35 anos de experiencia no setor de resinas termoplásticas, concentrados de cores e aditivos e PCR de alta performance.
Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) apresentados por Bazan mostram que o Brasil gera hoje 379 kg de lixo por habitante a cada ano, totalizando cerca de 80 milhões de toneladas. Entre os materiais com menor índice de reciclagem no País está o plástico – somente 10% acaba sendo reciclado – o que, segundo o especialista, se deve a impasses tecnológicos, baixa qualidade do produto final reciclado e a informalidade do setor de reciclagem, pontos que precisarão ser repensados para minimizar o problema nos próximos anos.
A gravação do IV Fórum de Meio Ambiente está disponível no YouTube. Clique aqui para assistir a íntegra do evento.