Live do CRQ-IV/SP inspira jovens a desenvolverem TCCs com foco em sustentabilidade
Uma live realizada pelo CRQ-IV/SP em março de 2021 sobre logística reversa no setor cosmético foi responsável por inspirar quatro estudantes do curso Técnico em Química da Escola Técnica Estadual (Etec) Dr. Adail Nunes da Silva, de Taquaritinga, a elaborar um Trabalho de Conclusão de Curso voltado para a preservação do meio ambiente.
Após acompanharem o evento idealizado pela Comissão Técnica de Cosméticos do Conselho, transmitido pelo YouTube, as estudantes Amanda Rodrigues Farinelli, Bruna Rarumi Tamimoto Santana, Emanoeli Vitória Martins Pio e Gabriela de Barros Corrêa resolveram desenvolver um projeto de TCC para incentivar a logística reversa de frascos de esmaltes.
Siqueira, palestrante da live, orientou o grupo da Etec Adail Nunes da Silva
A prática da logística reversa é baseada no retorno sustentável de materiais que foram colocados em circulação pelas empresas. Por meio da coleta pós-consumo e da destinação correta dos resíduos, que podem ser reciclados e até mesmo reintroduzidos na cadeia produtiva, espera-se alcançar maior sustentabilidade ambiental e econômica.
Renata Zambelli
Alunas apresentaram projeto de logística reversa de esmaltes durante evento na Unesp de Araraquara
Orientadas pelas docentes Lais Coletto, Andreza Zambelli e Maria Leonor Beneli Donadon, as alunas realizaram uma campanha de conscientização na Etec e disponibilizaram pontos de coleta para que os colegas pudessem descartar esses materiais. O grupo também contatou o especialista em Economia e Meio Ambiente Antonio Siqueira, palestrante na live do CRQ-IV/SP e Responsável Técnico da Prolab Ambiental, de Cotia. A empresa, que atua com gerenciamento de resíduos, aceitou ser parceira da iniciativa. “Entramos em contato com o Siqueira, que prontamente se dispôs em nos orientar sobre o assunto e se colocou a disposição no que fosse preciso”, contou Andreza Zambelli.
O projeto, inicialmente desenvolvido dentro da comunidade escolar, ganhou maiores proporções. O grupo concedeu entrevistas para a mídia local e a conscientização sobre o descarte correto de resíduos foi disseminada para a população de Taquaritinga.
Segundo a orientadora Andreza Zambelli, mesmo com uma pequena amostragem, o projeto chamou atenção para um material que passa despercebido e despertou a comunidade para as questões ambientais. “Depois da divulgação, muitos entraram em contato para saber se já estávamos recolhendo [os vidros]. Percebemos que muitos querem cuidar do planeta, mas que as políticas públicas são muito discretas”, comentou.
O reconhecimento científico do projeto se confirmou ainda mais quando o grupo foi convidado para apresentá-lo na Jornada Farmacêutica da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, que ocorreu no final de setembro deste ano. “Foi uma oportunidade incrível! Mesmo com dois anos estudando a distância por conta da pandemia consegui aproveitar todas as oportunidades que estudar na Etec proporciona e me sinto pronta para o mercado de trabalho”, declarou Emanoeli, uma das autoras da pesquisa, em entrevista ao site do Centro Paula Souza, autarquia pública que administra as 224 Escolas Técnicas (Etecs) e as 75 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) mantidas pelo governo estadual.
Os vidros de esmalte coletados ainda estão armazenados na Etec de Taquaritinga, mas serão encaminhados para que a Prolab Ambiental lhes dê a destinação correta.
Centro Paula Souza
Grupo da mesma Etec apresentou trabalho mostrando como a Química também pode proteger o meio ambiente
Reaproveitamento de máscaras – A sustentabilidade também foi motivo de outro Trabalho de Conclusão de Curso de alunos do curso Técnico de Química da Etec. O grupo formado por Maria Eduarda Rogério de Oliveira, Larissa dos Santos, Rafael Teixeira de Aquino e Thaisa Camargo Soares queria fugir do convencional e integrar os conhecimentos do Curso Técnico de Meio Ambiente, já que Rafael e Thaisa também são alunos do curso Técnico em Química integrado ao ensino médio e também fazem o Técnico em Meio Ambiente, oferecido pela mesma escola, no período noturno.
Para isso, desenvolveram um projeto para reaproveitamento de máscaras descartáveis e descobriram que é possível transformá-las em plástico altamente resistente. O trabalho também foi orientado pelas docentes Lais Coletto, Andreza Zambelli e Maria Donadon.
Após três meses realizando a coleta de máscaras em ecopontos instalados na Etec, os materiais foram recolhidos e derretidos em uma mufla, forno elétrico que alcança altas temperaturas, disponível no laboratório da escola. Após o processo, as máscaras se transformaram em um plástico ultrarresistente que recebeu o formato de um tijolo. Segundo os estudantes, a substância obtida pode ser moldada em qualquer formato.
A próxima fase do projeto é estudar a aplicação do material resultante do experimento. A princípio, eles estão analisando a possibilidade de produzir objetos que possam ser utilizados no dia a dia, principalmente na própria unidade escolar, como telhas, divisórias, baldes, mesas e banquetas.
Pela relevância do trabalho, o grupo também foi convidado pela Unesp de Araraquara para participarem da Jornada Farmacêutica. A participação no encontro acadêmico foi uma oportunidade de divulgação e gerou convites para entrevistas na TV Brasil e no Portal R7. A mídia local também repercutiu as iniciativas.