Vítima de problemas respiratórios, o químico industrial e presidente do CRQ-IV, Olavo de Queiroz Guimarães Filho, morreu dia 27 de dezembro, em São Paulo, aos 89 anos de idade. Seu corpo foi velado na sede do Conselho e sepultado, no dia seguinte, no cemitério Gethsêmani, também na Capital paulista. Para substituí-lo, foi eleito, em sessão extraordinária, ocorrida em 13 de janeiro, o conselheiro Manlio Deodócio de Augustinis, que ocupava a direção executiva da entidade. Ele permanecerá no cargo até 31/07/2005, quando se encerraria o mandato de Guimarães Filho.
Integrante do CRQ-IV desde 1963, o ex-presidente passou pelos cargos de tesoureiro e vice-presidente em várias gestões até ser eleito presidente, em 1981. Nos mais de 20 anos em que comandou o CRQ-IV e apoiado na vastíssima experiência acumulada em mais de três décadas na direção de importantes empresas químicas do setor privado, implementou grandes modificações visando a modernização da entidade e o fortalecimento técnico dos profissionais e empresas do setor.
Sua obra material de maior visibilidade foi a construção da nova sede do Conselho. Já com a saúde abalada, Guimarães Filho não pôde comparecer à inauguração oficial do prédio que leva o seu nome, em setembro de 2002. Mas mesmo enfrentando as dificuldades físicas, ele comparecia com freqüência à sede para participar das reuniões do Plenário do CRQ-IV e para verificar o andamento da administração da entidade.
O prédio era um de seus grandes orgulhos, pois desde o início cumpriu com os objetivos para os quais foi idealizado: servir como um ponto de referência para o setor. Apesar de ter sido inaugurado há pouco tempo, suas instalações já abrigaram eventos nacionais e internacionais de grande relevância para a indústria, seus gestores e profissionais. A beleza e funcionalidade do edifício também vêm sendo reconhecidas por entidades ligadas ao setor da construção civil. Nos últimos seis meses, a Associação Brasileira da Construção Metálica e a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura conferiram prêmios ao edifício.
Mais do que um órgão de fiscalização, Guimarães Filho sempre se preocupou em fazer do CRQ-IV uma entidade de apoio para a área química. A montagem de um sistema eficiente de fiscalização que primeiro busca orientar profissionais e empresas a respeito das exigências legais para só então, quando necessário, punir os infratores foi um dos diferenciais de sua gestão.
A prestação de assessoria às instituições de ensino no sentido de fornecer subsídios que as auxiliassem na montagem de novos cursos de formação profissional, a criação dos plantões de atendimento nas escolas para atender aos profissionais e empresas do interior paulista e do Mato Grosso do Sul – estados sob a jurisdição do CRQ-IV –, e o cadastramento de estudantes para que estes começassem desde cedo a se inteirar das atividades do Conselho foram outros marcos de sua administração.
O Informativo CRQ-IV, principal veículo de comunicação da entidade, foi criado durante a gestão de Guimarães Filho e hoje está entre as publicações da área química de maior tiragem do País. Seus mais de 60 mil exemplares são distribuídos gratuitamente a todos os profissionais, empresas, escolas e estudantes vinculados ao Conselho. Atento à constante evolução tecnológica, o ex-presidente apoiou a criação do
site oficial do Conselho que, além de também ser um veículo de comunicação, constitui-se numa ferramenta que agiliza o contato com a entidade. O site recebe mais de 25 mil visitas mensais e vem contribuindo para reduzir significativamente o número de atendimentos telefônicos e despesas do Conselho com, por exemplo, a produção e envio de formulários, publicações, legislações etc.
Formação
A qualidade da formação dos profissionais da química era outra preocupação constante do presidente falecido. Apesar da legislação não prever a interferência direta dos CRQs na metodologia educacional, em 2001 Guimarães Filho tomou uma atitude ousada ao não permitir o registro profissional de estudantes que conseguissem seus diplomas à cus- ta de recursos ao Conselho Estadual de Educação (CEE). A medida foi adotada em resposta à decisão do CEE de São Paulo, que havia anulado o ato de professores de um curso Técnico em Química que reprovaram um de seus alunos.
A criação do Ciclo de Palestras foi outra iniciativa do CRQ-IV durante sua gestão destinada a reforçar a capacitação profissional. Lançado em 1998, o ciclo ofereceu cerca de 200 palestras desde então, das quais participaram quase seis mil profissionais e estudantes. Também sob a orientação de Guimarães Filho, foram firmados convênios que possibilitaram a participação de profissionais e estudantes em cursos por preços reduzidos, e, gratuitamente, em feiras, seminários e congressos.
A criação do Centro de Documentação e Informação Miguel Romeu Cuoculo, mais conhecido como a Biblioteca do CRQ-IV e que completa dez anos em 2004, integra a lista de iniciativas destinadas a apoiar o aprimoramento profissional. Com a inauguração da nova sede, a biblioteca – que hoje possui quase três mil obras técnicas –, teve sua área ampliada e há projeto de que passe a contar com computadores para permitir aos usuários fazerem pesquisas on-line.
Guimarães Filho sempre acreditou que o esforço profissional merecia ser estimulado e reconhecido. Por essa razão, apoiou a criação de dois concursos que hoje estão entre os mais importantes da área química e que, juntos, distribuem anualmente R$ 60 mil livres de impostos, certificados e um troféu. O Prêmio Fritz Feigl é oferecido aos profissionais que se destacam nas atividades exercidas na indústria ou no setor educacional/pesquisa. O Prêmio CRQ-IV é disputado por estudantes, cabendo ainda premiação aos professores e/ou profissionais que orientarem os trabalhos vencedores.