Muitos profissionais escreveram ao Informativo para manifestar seu inconformismo com a Resolução 387, do CFF, e as ações que ela desencadeou, principalmente em São Paulo. Os textos publicados abaixo - que foram adaptados ao espaço disponível à versão impressa do jornal –, representam a síntese de todas as mensagens recebidas.
Choque - Estou chocada com as notícias sobre a Resolução 387. Sou Química Industrial, atuo na área há sete anos, amo minha profissão e entendendo que químicos, engenheiros químicos e farmacêuticos poderiam continuar trabalhando na indústria farmacêutica. Sinto-me indiretamente prejudicada por esta insensível resolução, assim chamada por nosso colega Francisco Alcântara. Estive em processos de seleção para duas grandes empresas farmacêuticas e, possivelmente, não fui contratada em função das restrições impostas pela resolução. Triste, realmente muito triste visualizar tais comportamentos do CFF, pois químicos e farmacêuticos sempre atuaram em parceria. Não há fundamento nesta resolução, e o CRQ certamente pode contar com o meu apoio, pois irei distribuir estas informações a maior quantidade de contatos possível.
Lilian Cristiane Balduino
Ofensa - O colega Francisco C. de Alcântara, que escreveu o artigo na última edição do Informativo, com certeza fala pela grande maioria dos profissionais da química. A resolução do CFF é uma ofensa aos profissionais da química e de outras categorias. Espero francamente que o CRQ e o Sinquisp façam algo de efetivo para evitar demissões de colegas, pois na minha modesta opinião o Ministério Público já deveria ter sido acionado há muito tempo e ações mais efetivas já deveriam ter sidos tomadas.
Guilherme Augustus de Oliveira
Nanológica - Estou escrevendo esta carta ou protesto – como acharem melhor –, para que pelo menos tenha o direito de desabafar (se não houver, é claro, resoluções proibindo isso).Tive conhecimento da Resolução 387, do CFF, e fiquei realmente indignado, pois ela demonstra o quanto é pequena a filosofia e visão do tal Conselho. Esquece aquela entidade que químicos escreveram muitas páginas da história da humanidade e deram contribuições – várias delas, aliás, na área da saúde, sem as quais a qualidade de vida não teria alcançado o nível atual. Temos direito de trabalho na indústria farmacêutica sim e o conquistamos por mérito e não por meio de resoluções. O ato do CFF causa atraso ao setor farmacêutico à medida que inibe a participação de profissionais que pesquisam, opinam e resolvem. Químicos e farmacêuticos deve- riam estar lutando juntos por melhores salários, condições de emprego, mais incentivo à pesquisa e não tentando destruir o mercado de trabalho de companheiros de ciência. Se tivéssemos esta "filosofia nanológica", poderíamos citar que eles também invadem áreas de biodiagnósticos clínicos. Temos que pensar que quanto maior for o número de visões diferentes nas empresas, melhor será o seu desempenho. Não somos tão mesquinhos ao ponto de pensar somente em "nosso umbigo". Fica aqui o protesto de um profissional que está perplexo com atos que só mancham a imagem do CFF e que mostram o quanto é pequena a filosofia daquela entidade. Acredito nas ações e medidas do CRQ-IV.
Aldo Lucio Mamede
Distribuidora - Informo que o CFF também vem classificando como função privativa do farmacêutico a responsabilidade técnica em empresas distribuidoras, revendedoras e importadoras de produtos químicos utilizados nas áreas cosméticas e farmacêuticas e não só na indústria. Infelizmente, talvez por falta de agilidade e interesse do CRQ-IV, nada havia sido feito até agora. É de meu conhecimento que um engenheiro químico, proprietário de uma empresa distribuidora de insumos para a área farmacêutica, teve problemas com a vigilância sanitária e com o CRF e se viu obrigado a procurar um advogado que, com base em uma lei (já antiga), que classifica como função de profissionais da química o controle de drogas classificadas como psicotrópicos, conseguiu liberar a empresa das sanções impostas pela ANVISA. Ora, se o profissional da química está apto ao controle de psicotrópicos, por que não de outras matérias-primas farmacêuticas e cosméticas? O CRQ deveria se basear no mesmo argumento e com base nele exigir a participação de químicos na ANVISA, que na verdade é um "curral" do CFF e do CRF. Aliás, o CRQ deveria também acompanhar as legislações criadas pela ANVISA nos últimos três anos e de alguma forma poder interferir. Sei que vai ser difícil, pois a ANVISA cria uma resolução a cada 24 horas, algumas chegam a ser absurdas. O que eu gostaria é que meu Conselho Regional de Química fosse tão atuante quanto o dos farmacêuticos, ainda que não possuísse uma sede merecedora de um prêmio.
Vitório Manoel Juliani
NR. - A falha apontada pelo profissional ocorreu em 1997 e, portanto, nada teve a ver com a Resolução 387, do CFF. Em contato mantido com o proprietário da empresa, o CRQ-IV reconheceu o erro e colocou-se à disposição para futuros assessoramentos em questões envolvendo o CFF e a ANVISA. O CRQ-IV entende que medidas visando torná-lo um órgão mais atuante não dependem exclusivamente de seus dirigentes, mas de toda a classe química, que deve ficar atenta às movimentações de mercado que possam afetá-la. Também seria importante que o Conselho Federal de Química assessorasse melhor seus regionais.