Este ano, a Royal Academy of Sciences da Suécia concedeu o Prêmio Nobel de Química a três cientistas pela descoberta e pelo trabalho que realizaram com a proteína fluorescente verde (green fluorescent protein). Um dos ganhadores é Osamu Shimomura, pesquisador japonês de 80 anos radicado nos Estados Unidos. Os outros dois, que dividiram com Shimomura, o prêmio equivalente a R$ 3 milhões, são Martin Chalfie, da Universidade de Columbia, e Roger Y. Tsien, da Universidade da Califórnia.
A proteína fluorescente verde (GFP) é formada por 238 aminoácidos e foi observada inicialmente em 1962 na água-viva Aequorea victoria, um celenterado marinho muito comum no Oceano Pacífico. Desde então, esta proteína se tornou uma importante ferramenta da biociência moderna.
Por meio da GFP, foram criados mecanismos para observar processos bioquímicos que antes eram invisíveis. Entre eles, podemos citar o desenvolvimento de células nervosas no cérebro e o esclarecimento sobre como as células do câncer se espalham pelo corpo.
Em um organismo vivo existem dezenas de milhares de proteínas que controlam processos químicos fundamentais para a manutenção da vida. Se esse sistema de proteínas não funcionar surgem as doenças. É por esta razão que a ciência precisa descobrir e conhecer melhor o papel que as proteínas, como as enzimas, desempenham nos seres vivos.
Usando a tecnologia do DNA, os pesquisadores podem agora associar a GFP a outras proteínas interessantes, que são invisíveis. A GFP funciona como um "marcador brilhante" para se observar movimentos, posições e interações das proteínas "marcadas". Os pesquisadores podem, também, acompanhar o desenvolvimento de vários tipos de células com ajuda da GFP. Por exemplo, no caso da doença de Alzheimer, pode-se compreender porque as células do cérebro sofrem danos irreversíveis. É possível entender, ainda, como as células b, produtoras de insulina, são geradas no pâncreas de um embrião.