Os norte-americanos Peter Agre, da Universidade Johns Hopkins, que identificou e descobriu como funcionam os canais de água, e Roderick MacKinnon, do Howard Hugues Medical Institute, que mostrou como os canais de íons controlam o fluxo dessas partículas, ganharam o Prêmio Nobel de Química de 2003, concedido pela Real Academia Sueca de Ciências.
"As descobertas nos permitiram um entendimento molecular fundamental de como, por exemplo, os rins recuperam água da urina e como os sinais elétricos das nossas células nervosas são gerados e propagados", informou a Real Academia.
Os canais são proteínas específicas, especializadas em controlar a entrada e saída de água e de íons de cálcio, potássio, sódio e cloro das células de todos os seres vivos. Falhas nos genes que codificam essas proteínas podem causar doenças. Nos íons de cloro, fibrose cística - doença em que as células, do pulmão, por exemplo, não conseguem eliminar o muco que se acumula, provocando seguidas infecções e a morte. Quando os canais das células renais não funcionam bem, o resultado pode ser a diabetes insipidus.
Os canais de íons estão envolvidos no controle dos batimentos cardíacos, na regulação dos hormônios e na transmissão dos impulsos nervosos.
Em 1991, Peter Agre descobriu um canal de água na membrana celular, o que acabou revelando toda uma família de canais, hoje chamada de aquaporinos. "Essa descoberta decisiva abriu as portas para toda uma série de estudos bioquímicos, fisiológicos e genéticos sobre os canais de água", saliento a Academia.
Agre usou glóbulos vermelhos para identificar a aquaporina, a proteína que controla o fluxo de água para dentro e fora das células.
Com a técnica da cristalografia de raios X, MacKinnon descobriu a estrutura dos canais de potássio em 1998. Embora os íons de sódio sejam menores que os de potássio, eles não passam pelos canais de potássio. MacKinnon mostrou que a estrutura interna dos canais explica a razão disso. A distância entre o íon de potássio e os átomos de oxigênio do canal é a mesma existente entre os íons de potássio e o oxigênio das moléculas de água que o envolvem, e eles passam sem problemas. Essa distância é diferente nos íons de sódio, por exemplo, e eles não conseguem passar pelo canal.
Os vencedores vão dividir um prêmio de US$ 1,3 milhão. Graduados em química, anos depois ambos se tornaram médicos.
Mais informações sobre os cientistas estão disponíveis no site da Fundação Nobel, em www.nobel.se.