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Nov/Dez 2001 

 


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Moléculas quirais foram tema do Nobel


Estudos que permitiram principalmente a produção de novos medicamentos a partir da separação de moléculas quirais valeram o Prêmio Nobel de Química de 2001 aos norte-americanos William Knowles e Barry Sharpless e ao japonês Ryoji Noyori. A escolha foi feita pela Real Academia de Ciências da Suécia. As pesquisas foram fundamentais para a produção em escala industrial de remédios para o tratamento do mal de Parkinson, antibióticos, antiinflamatórios e betabloqueadores.
 
Quirais são moléculas de composição química idêntica e arquitetura invertida. Um exemplo desse fenômeno pode ser visualizado na figura 1, que mostra como a estrutura do aminoácido alanina pode ocorrer de duas formas, como se fossem imagens especulares. Apenas um dos enantiômeros é encontrado nos seres vivos.
 
Ministradas sem controle, essas moléculas podem curar doenças e, ao mesmo tempo, provocar terríveis danos. Um exemplo clássico desses efeitos é o da Talidomida, muita usada nos anos 60: se por um lado aliviava náuseas das grávidas, por outro interferia nas gestações, causando o nascimento de bebês defeituosos. O mérito dos ganhadores do Nobel foi a criação de catalisadores que permitiram a produção apenas da forma benigna das moléculas.
 
William Knowles descobriu ser possível usar alguns metais como catalisadores de quirais numa reação química denominada hidrogenação, na qual átomos de hidrogênio são adicionados aos carbonos de uma ligação dupla. Uma única molécula do catalisador pode produzir bilhões de moléculas do enantiômero desejado. Knowless trabalhou com um ligante de fosfina ao cloreto de ródio. O metil-propil-fenil-fosfina era um ligante quiral, capaz de conferir quiralidade aos produtos de hidrogenação. Essa descoberta possibilitou a produção da L-Dopa, subs- tância usada no combate ao mal de Parkinson. Noyori complementou a pesquisa de Knowles, criando catalisadores mais eficientes que levaram à produção de remédios contra úlcera, aromatizantes e inseticidas. Sharpless desenvolveu catalisadores para outra reação química importante, a oxidação, pesquisa que possibilitou o desenvolvimento de betabloqueadores, usados por pessoas cardíacas.
 
William S. Knowles, de 84 anos, trabalhou durante muitos anos para a indústria Monsanto e aposentou-se em 1986. Ryoji Noyori, de 64 anos, é diretor do Centro de Pesquisas de Ciências dos Materiais do Japão. Barry Sharpless, de 60 anos, foi professor da Univ. de Stanford e do Massachusetts Institute of Technology. É catedrático de Química do Instituto Scripps de Pesquisa e membro da Academia de Ciência dos EUA.




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