Na operação de titulação, dosa-se solução-padrão à solução-problema com o auxílio da bureta até que ocorra a viragem do indicador para que seja possível ler o volume gasto na escala. O referencial para a medida é o ponto onde o menisco coincidir com o traço da escala. Existe um intervalo mínimo entre os traços para permitir uma boa resolução visual. O menisco, aleatoriamente, pode coincidir com esse intervalo, o que gera um ponto de indeterminação, que usualmente é contornado com o uso do referencial mais próximo.
Para resolver tal inconveniente era necessário aumentar a precisão da escala, o que foi feito com a criação de um dispositivo lógico desenvolvido isoladamente por Pierre Vernier e Pedro Nunes, conhecido simplesmente por vernier ou nonio(1). Tal dispositivo é composto por uma escala justaposta à principal, chamada de cursor, com uma diferença de comprimento de l/l0. Deslocando-se esse cursor, sempre haverá apenas um ponto em que ocorrerá coincidência ou maior proximidade, e este é o submúltiplo da medida na natureza de trabalho.
O dispositivo citado seria, sem dúvida, a solução não fosse o fato de que os intervalos de espaçamentos variam conforme o calibre de coluna utilizado. Isso gera a necessidade de dimensionar-se um nônio para cada caso, tornando o processo inviável.
A solução estaria em desenvolver um processo que pudesse assumir todas as possibilidades de intervalos de espaçamentos. A melhor forma encontrada foi uma construção mecânica baseada no método utilizado em desenho técnico para dividir um segmento de reta qualquer em um número de partes iguais (2).
O instrumento criado é constituído por duas hastes paralelas (3), interligadas nas extremidades a duas chapas horizontais (4), havendo entre estas somente liberdade de movimento de rotação. Ao longo das hastes há um fio estirado (5), que as cruza em intervalos constantes e também em posições paralelas entre si. A rotação das hastes faz com que ocorram variações entre os intervalos e com espaçamentos proporcionais ao ângulo de inclinação das hastes.
Porém, a invenção ainda não estava completa, pois teria que se deslocar com seus referenciais em posição paralela em relação à escala principal de qualquer coluna. Vários modelos foram testados, e o que melhor se adaptou foi um baseado no principio da régua T (6). A solução encontrada para o posicionador (7) fez com que ele passasse a funcionar similarmente àquele instrumento, apoiado sobre uma base fixa.
O instrumento, em resumo, permite a ampliação da precisão das buretas a partir da determinação de submúltiplos da medida dentro da escala principal. Em um só elemento é possível a adequação às exigências de espaçamento e posicionamento, pois é provido da capacidade de assumir infinitas medidas dentro de certo parâmetro.
O invento, que inicialmente foi projetado para resolver o problema nas titulações, passa a ter utilidade também nos dosamentos de precisão. Na íntegra de sua patente há uma forma construtiva definida e detalhamento das operações, com o acréscimo de mecanismos auxiliares utilizados para o tracionamento do fio e rotação das hastes.
O autor é Técnico em Química. Contatos podem ser feitos pelo e-mail
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