Quimicamente, o isopor (ou EPS) é um produto obtido a partir do poliestireno expandido a quente por meio de gases. São notórias as suas propriedades físicas: alvura nívea, baixíssima densidade, ótimo isolante acústico, térmico e elétrico, inodoro e insolúvel.
As indústrias o fornecem para embalagem e proteção antichoque de grande número de aparelhos e outras mercadorias. Caixas acústicas, caixas para isolação térmica, entre outros itens, também possuem o isopor como componente.
O setor da construção civil, inclusive no Brasil, utiliza o isopor há vários anos, geralmente como um isolante e/ou na etapa de acabamento da obra. Tais limitações se explicam porque o EPS não possui resistência à compressão, à ruptura e ao fogo, características fundamentais para esse tipo de aplicação.
Com a intenção de reverter esse quadro e oferecer à construção civil uma opção de material que pudesse ser usado também na parte estrutural, decidimos encarar o desafio de encontrar um meio que viabilizasse a introdução de sensíveis melhorias nas propriedades físicas e mecânicas do EPS. Realizamos um persistente trabalho de pesquisa e após muitos ensaios laboratoriais logramos atingir nossa meta.
Descobrimos um processo físico-químico inédito que dá ao isopor notável rigidez, resistência à compressão, incombustibilidade, possibilitando sua utilização com argamassa comum. Essa transformação toma como matéria-prima o isopor virgem, que é colocado numa caldeira a 103ºC de temperatura e pressão de duas atmosferas, juntamente com dois reagentes. Após um trabalho de aproximadamente 35 minutos o material adquiri a rigidez pretendida, mas preservando suas propriedades originais: baixa densidade, isolação térmica, elétrica e acústica, brancura nívea, ausência de cheiro e sem biodegradabilidade.
Com o nosso processo, o EPS rígido pode ser usado na fabricação de blocos e painéis volumosos (porém de baixo peso) com destinação especial à construção de prédios. O método proporciona economia na estrutura da edificação, facilidade na montagem dos sistemas elétricos e/ou de acústica, rapidez na colocação dos blocos e redução de desperdícios.
Os blocos de EPS rígido são muito mais leves que seus similares de concreto, colaborando para reduzir os custos com fundações das edificações que vierem a ser feitas com esse material. Observe esse comparativo: 1 bloco de concreto com as dimensões padrões (10cm de espessura, 20cm de altura e 40cm de comprimento) pesa em torno de 7,6Kg. Quatro desses blocos pesam, portanto, 30,4Kg. Um único bloco de EPS rígido com volume correspondente aos quatro blocos de concreto pesa apenas 36 gramas. Sem considerar as ferragens e a massa usada na sustentação, uma parede com 150 blocos tradicionais pesará mais de uma tonelada. O peso da mesma parede feita com blocos de isopor rígido será de 1,5Kg.
O novo material também pode ser fracionado, para fins de remate, com eficiência e perfeição, o que reduz as perdas e dispensa o uso dos chamados tijolinhos para ocupar os espaços menores da estrutura.
Reciclagem
Numa segunda etapa da obra, as sobras dos blocos de EPS rígido poderão ser reaproveitadas para fabricação de britas ou pedriscos, que seriam incorporados aos chamados concretos "light" para produção de blocos, lajes, pranchas e outros artefatos.
Acreditamos que o isopor rígido tem boas chances de se estabelecer no mercado, apoiado nas vantagens que oferece: rapidez no desenvolvimento da obra, fácil transporte, garantia de flexibilidade de layout, facilidade na manutenção e acabamento, além de conforto térmico e acústico.
Bacharel em Química e ex-professor universitário,o autor reside em Santos (SP). Contatos podem ser feitos pelo tel. (0xx13) 3261-3252.