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Para compreender a origem do Instituto de Química da USP (IQ-USP), é preciso remontar a pouco mais de 65 anos atrás, quando, em 25 de janeiro de 1934, por decreto do então Interventor do Estado de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, fundou-se formalmente a Universidade de São Paulo, mediante a reunião das faculdades existentes na época e a concomitante criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL).

 

Essa nova faculdade passou a oferecer grande variedade de cursos básicos, entre os quais o Curso de Química, cujas atividades se iniciaram em março de 1935, sob a direção do Prof. Heinrich Rheinboldt, recrutado na Alemanha, auxiliado pelo recém chegado da Europa Dr. Heinrich Hauptmann. Começou, assim, a funcionar o primeiro curso de química básica, que por alguns anos seria o único, no Estado de São Paulo, a levar à formação de químicos, visto que a Escola Politécnica, pioneira na implantação de curso superior de química no Estado, resolvera desativar, em 1935, o Curso de Química Industrial passando a manter, na área de química, exclusivamente o de Engenharia.

 

Com o advento da reforma universitária e a entrada em vigor do novo Estatuto da USP, em 1o de janeiro de 1970, surgiram os institutos básicos, entre os quais o Instituto de Química, formado pela reunião do Departamento de Química da FFCL e departamentos e cadeiras de química e bioquímica básicos de outras cinco faculdades, que ministravam essas disciplinas em seus cursos profissionais. O IQ, portanto, não é um prolongamento do Departamento de Química da FFCL, mas, na verdade, um bom exemplo de integração universitária, a partir do princípio básico que veda a duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes.

 

Evidentemente, sendo o curso da FFCL o único a formar químicos foi natural que viesse a ter participação docente ligeiramente preponderante. O corpo docente do Instituto, ou seja, considerando os seus dois departamentos, o de Química Fundamental e o de Bioquímica, formou-se com 34% de professores originários da FFCL, com aproximadamente 29% da Faculdade de Farmácia e Bioquímica, com cerca de 15% da Escola Politécnica, 13% da Faculdade de Medicina, 5% da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia e 3% da Faculdade de Odontologia.

 

Como instituto básico, o IQ passou a ter a responsabilidade de ministrar o ensino fundamental não apenas para a formação de químicos, mas também para estudantes matriculados em 12 outras unidades, distribuídos em 17 currículos de estudos distintos, ou seja, alunos dos cursos de Engenharia Química, Engenharia Metalúrgica, Engenharia de Minas, Farmácia-Bioquímica, Biologia, Física, Geologia, Geofísica, Medicina, Medicina Veterinária, Odontologia, Enfermagem, Educação Física, Es­por­­te, Nutrição, Terapia Ocupacional e Fisioterapia.

 

O curso de Química tem um currículo de estudos flexível podendo levar à formação de Bacharéis ou de Licenciados em Química (professores para o ensino médio), sendo que o aluno que cursar de­terminadas disciplinas específicas poderá obter o título de Bacharel em Química modalidade Industrial e Bacharel em Química modalidade Biotecnológica. Todos os profissionais formados pelo IQUSP são obrigados a registrarem-se nos Conselhos Regionais de Química para exercerem legalmente suas atividades.

 

Graças à reunião de docentes originários das antigas faculdades, o IQ pôde implantar a pós-graduação nos moldes exigidos pela legislação federal, já em 1970, oferecendo programas nas áreas de concentração de Química Analítica, Química Inorgânica, Físico-Química, Química Orgânica e Bioquímica, programas esses que, a partir de 1973, foram credenciados pelo Conselho Federal de Educação para ambos os níveis, de mestrado e doutorado. O credenciamento tem sido renovado a cada cinco anos e a avaliação periódica pela CAPES tem sido sempre nos níveis mais altos.

 

O desenvolvimento da pós-graduação proporcionou, também, como é natural, maior impulso à pesquisa, que cresceu e se diversificou apreciavelmente. Pela sua própria condição na Universidade, é natural que o Instituto tenha se dedicado à pesquisa básica. Todavia, com certa freqüência, os resultados têm levado a aplicações variadas, às vezes de maneira imediata ou então têm apontado o caminho para resolver racionalmente problemas de interesse eminentemente prático.

 

É importante o apoio técnico dado ao ensino e à pesquisa pelas oficinas especializadas de mecânica, eletrônica e hialotécnica, que realizam consertos e constroem peças e aparelhos variados. O IQ ainda mantém o Laboratório de Micro-análise Elementar, que tradicionalmente vem prestando assistência também à instituições e pesquisadores de qualquer parte do país. O almoxarifado geral, em dependência ampla, possui setor especial blindado para o armazenamento de material inflamável e explosivo. O biotério, com instalações e equipamentos modernos, atende aos trabalhos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, FCF, e do Departamento de Bioquímica do IQ.

 

Ponto alto é a biblioteca, organizada pela reunião dos acervos do antigo departamento de Química da FFCL e da então Faculdade de Farmácia e Bioquímica (hoje FCF), acrescidos de obras dos setores básicos das demais faculdades que contribuíram para a formação do IQ.

 

A biblioteca mereceu sempre alta prioridade e pôde ampliar consideravelmente as suas coleções de periódicos e obras de consulta, bem como os recursos técnicos para o atendimento dos usuários graças, principalmente, a auxílios vindos de instituições como o FUNTEC (BNDE), e FINEP e, em particular, pelos projetos do PADCT. Inicialmente denominada "Bibliote­ca do Conjunto das Químicas" passou a ser, em 1985, em virtude de uma reestruturação administrativa, "Serviço de Biblioteca e Documentação do Conjunto das Químicas". Pouco depois, por decisão do CNPq / IBICT, foi escolhida para ser a "Biblioteca Principal de Química e Engenharia Química (do País)".

 

Desde o início ela tem funcionado no sistema de livre acesso e esteve sempre aberta à co­munidade em geral, sendo freqüentada também por pessoas que trabalham em indústrias. Está em boa parte informatizada, o que facilita o atendimento de interessados, sejam eles do Brasil ou do Exterior.

 

 

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