Ao iniciar este artigo com a frase de Charles Darwin, pretendo mostrar aos leitores que a busca pela inovação não se encontra fora das organizações e que é necessário desenvolver habilidades que permitam adequar a prática da inovação nas ações do dia a dia ou fazer o novo a cada dia.
Empreendedor é o termo utilizado para especificar o indivíduo que de forma inovadora transforma conhecimentos e bens em novos produtos ou serviços. O termo também é utilizado para designar o fundador de uma em presa ou entidade, aquele que criou o que ainda não existia.
Inovação é a implementação de um produto ou processo novo ou significativamente melhorado. Também pode ser entendida como um novo método de marketing ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. (Manual de Oslo, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE). A inovação, portanto, não é só tecnologia e processo. Ela abrange a gestão da inteligência do negócio, tornando o conhecimento em diferencial de competitividade.
Inovar é surpreender a concorrência, transformando habilidades e atitudes em soluções para a empresa, para os stakeholders (os envolvidos direta-mente no processo) e para a sociedade como um todo.
Inovação difere de invenção. Invenção é uma solução para um problema, enquanto que a inovação é uma invenção comercialmente relevante para a empresa. A inovação pode ser classificada em cinco tipos:
(i) Produto - Quando um novo produto é colocado no mercado ou é significativamente melhorado;
(ii) Serviços - Quando se oferece um novo serviço, melhoria ou agregação de um serviço a um produto;
(iii) Processo - Quando se introduz um novo método ou melhoria de produção e de gestão;
(iv) Marketing - Quando há a implementação de um novo método de marketing, com alterações significativas na concepção de um produto, em sua apresentação ou comercialização; e
(v) Organizacional - Quando há inovações de caráter gerenciais voltadas à gestão de pessoas, à redução de custos administrativos, de produção ou de suprimentos, por meio da utilização de métodos organizacionais novos (Shumpeter, 1934).
Podemos dizer que os processos de inovação nas empresas possuem os seguintes objetivos: alinhar as ações de inovação da organização às suas iniciativas estratégicas; motivar e orientar a capacitação do capital intelectual em processo de aprendizagem contínua; estimular a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) para aperfeiçoar os processos internos da organização; desenvolver estratégias competitivas que contenham proposições de valor imbatível no mercado e; apoiar os processos de busca para a captação de recursos subsidiados.
Desta forma, para que as empresas alcancem um maior valor no mercado, precisam contar com uma economia baseada no conhecimento, o qual gera inovações criadas pelas pessoas que formam o seu capital intelectual e são o seu maior patrimônio.
No Brasil, assim como em outros países, a inovação e o empreendedorismo têm sido colocados como agentes facilitadores para o crescimento da competitividade das empresas.
Para constatarmos as ações de empreendedorismo e inovação brasileiras frente aos outros países, utilizamos as pesquisas do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Considerado o mais abrangente estudo sobre o assunto no mundo, ele é realizado em 54 países. No Brasil, o GEM é elaborado pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade.
A pesquisa realizada em 2009 (a mais recente) mostrou que, no Brasil, o total de pessoas na faixa dos 18 aos 64 anos, envolvidas em atividades empreendedoras com menos de 42 meses de existência, passara de 12%, em 2008, para 15,3%. Esse expressivo aumento garantiu ao Brasil a 14ª colocação no ranking mundial de empreendedorismo.
Na mesma pesquisa, outra tendência animadora apurada foi que o índice de empreendimentos desenvolvidos por oportunidade está se distanciando, com margem positiva, daqueles criados por necessidade. No entanto, negócios inovadores ainda são minoria. Perguntados sobre a intenção que tinham de inaugurar um empreendimento inovador, os brasileiros favoráveis à ideia eram apenas 8,2%. Índice muito distante, por exemplo, dos 48% de chineses que responderam positivamente. Boa parte das iniciativas brasileiras ainda está destinada ao consumidor final, geralmente em atividades como confecções ou produtos alimentícios, por conta da tendência à informalidade.
"O gasto com P&D pelas empresas e o Governo é de 0,9% do PIB. Esta mos muito aquém de países desenvolvidos, como Finlândia, Suécia e Japão, no topo da lista dos que mais investem na área, com 4%, 3,7% e 3,4% do PIB, respectivamente" (José H. Arrym Filho, consultoria Pieracciani Desenvolvimento de Empresas).
Química - Ao lado da aeronáutica, segmentos da indústria química estão entre os mais abertos às iniciativas de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Entre eles podemos destacar os setores de açúcar e álcool, biocombustíveis, pneus, alimentos, bebidas, petróleo e gás. Isso indica excelentes oportunidades para o desenvolvimento de projetos tecnológicos nesse importante setor da economia brasileira.
Com o desenvolvimento das economias e da sociedade, as instituições de ensino superior e os centros de pesquisas tiveram de se adaptar e de se desenvolver. Criaram novos eixos de atuação institucionais de forma a atuar como um instrumento importante para a trans- formação da pesquisa aplicada em inovações tecnológicas. Incentivaram pesquisadores e seus grupos a estimularem a geração de renda (e mais empregos) através da aplicação das pesquisas inovadoras na sociedade.
Sob essa ótica, leis federais e estaduais vêm alinhando e facilitando o desenvolvimento de projetos que podem ser realizados por estes centros de competências em conjunto com as empresas. O marco regulatório brasileiro para estas ações está organizado em torno de três vertentes:
1 - A constituição de um ambiente propício às parcerias estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e empresas;
2 - Estímulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação da empresa e;
3 - Incentivo à inovação para a empresa.
Um desses incentivos é a Lei de Inovação - nº 10.973, de 2004, que cria ambiente propício às parcerias estratégicas entre o poder público, agências de fomento, empresas nacionais, instituições científicas e tecnológicas e as organizações voltadas para as atividades de P&D&I. Outra medida importante e a chamada Lei do Bem – nº 11.196, de 2005, que oferece incentivos fiscais para apoiar as atividades de P&D&I nas empresas. Ambas permitem a captação de recursos não reembolsáveis ou subsidiados para o desenvolvimento de projetos tecnológicos e a distribuição de bolsas de pesquisas (Finep Subvenção/Fundos Setoriais, CNPq, Fapesp, BNDES, Fundos internacionais etc).
A Lei de Inovação também regula a criação dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), para que atuem como agentes de propriedade intelectual, trabalhando diretamente com os pesquisadores e inventores independentes. Os NITs desempenham papel importante na proteção (patentes), na transferência da invenção e na utilização da infraestrutura de laboratórios das instituições de ensino superior.
Bacharel em Química, o autor iniciou a carreira como pesquisador industrial na área de pigmentos e tintas. Depois, migrou para a área de administração científica e tecnológica, tendo atuado nos últimos onze anos em projetos de desenvolvimento e capacitação tecnológica no setor aeroespacial pela Cassimiro Montenegro Filho, Fundação de Apoio ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica. É, desde 2009, diretor da Rede Paulista de Inovação.
|