Indústria química registra déficit recorde de US$ 29,7 bi
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O déficit acumulado da balança comercial de produtos químicos foi de US$ 29,7 bilhões no primeiro semestre deste ano. A cifra foi a maior já registrada pela série histórica para o mesmo período. Em relação ao primeiro semestre de 2021, o déficit representou um aumento de 60%, segundo balanço divulgado nesta terça-feira pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). De acordo com a entidade, tal resultado no semestre é superior a grande parte dos déficits anuais nos últimos 30 anos. Nos últimos 12 meses (jul/21 a jun/22), esse indicador totalizou US$ 57,3 bilhões, sinalizando que o déficit em 2022 deverá ser o maior em toda a série histórica do monitoramento da balança comercial setorial.
As importações brasileiras de produtos químicos no primeiro semestre do ano totalizaram US$ 38,5 bilhões, o que representou um aumento de 53,9% em relação ao primeiro semestre do ano passado e superando em U$ 13,5 bilhões o maior valor até então registrado para igual período, de US 25 bilhões, entre janeiro e junho de 2021 (ano do déficit recorde de US$ 46,2 bilhões em produtos químicos). Em uma avaliação mensal, o total importado tem sido seguidamente superado, atingindo, no mês de junho de 2022, o montante inédito de praticamente US$ 8 bilhões para um único mês.
Para a Diretora de Assuntos de Comércio Exterior e Administrativa da Abiquim, Denise Naranjo, os resultados da balança comercial de produtos químicos no primeiro semestre demonstram como a elevada dependência externa brasileira de produtos estratégicos, que poderiam ser fabricados no Brasil em condições de competitividade mais favoráveis, ameaça o desenvolvimento do País.
Os resultados do primeiro semestre, disse a executiva, foram fortemente influenciados pela guerra entre Rússia e Ucrânia e pela nova fase da pandemia de Covid-19, que tumultuaram a logística mundial na oferta de insumos e matérias-primas. Esse cenário, completou a diretora da Abiquim, "nos traz o urgente alerta de que é inaceitável o atual patamar de dependência externa em produtos estratégicos para um país do tamanho e da relevância global como o Brasil".
Em termos de quantidades adquiridas, as movimentações de produtos químicos foram recorde com as importações de 28,5 milhões de toneladas, representando um aumento de 7,6% em relação ao primeiro semestre de 2021 apesar dos desafios logísticos, no contexto dos bloqueios sanitários aplicados em importantes praças asiáticas no combate contra o recrudescimento da pandemia, e de suprimento internacional com o prolongamento por todo o semestre do conflito bélico entre Rússia e Ucrânia.
As exportações de produtos químicos somaram US$ 8,8 bilhões no semestre, elevação de 36,4% em relação ao mesmo período de 2021. Esse resultado, contudo, só foi possível devido ao aumento de 40% nos preços de vendas pelo Brasil aos seus parceiros comerciais, pois em termos de quantidades físicas foi registrado um recuo de 2,6%.
Para Denise Naranjo, a reversão da situação atual segue na dependência da adoção de uma Política Industrial robusta que, no curto prazo, dê garantias operacionais ao setor, como a extensão do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), no médio prazo equilibre os desafios de infraestrutura e logística, e no longo prazo resolva as assimetrias de competitividade – como as questões tributárias e os custos dos insumos – entre o Brasil e seus competidores internacionais.
Com informações da Abiquim
Publicado em 12/07/2022
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