À Folha, CRQ-IV reafirma riscos de túneis de desinfecção
Projeto pode ser votado hoje pela Câmara Municipal de São Paulo
O Engenheiro Químico Wagner Contrera Lopes, gerente do setor de Fiscalização do CRQ-IV e conselheiro federal, concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulopara falar sobre os túneis de desinfecção previstos no Projeto de Lei nº 01-00365/2020, que consta na pauta desta quarta-feira (5) da Câmara Municipal de São Paulo e poderá passar pela segunda votação (na primeira, realizada em 22 de julho, um substitutivo ao PL foi aprovado).
Na entrevista, Lopes reiterou que não há comprovação da eficácia dos túneis que lançam digluconato de clorexidina a 0,2% para combater o novo coronavírus, causador da Covid-19. "Mesmo que os produtos químicos desinfectem superfícies, não eliminam o vírus da pessoa que estiver contaminada, que vai continuar espalhando a doença, mesmo tendo passado por essas estruturas", afirmou.
O gerente da Fiscalização do CRQ-IV destacou ainda que, pela falsa sensação de segurança que proporcionam, os túneis desviam o foco da necessidade de distanciamento social, do uso de máscara e de lavagem das mãos como medidas preventivas contra a Covid-19.
Caso a maioria dos vereadores conceda hoje uma nova aprovação, o projeto seguirá para sanção ou veto do prefeito Bruno Covas (PSDB). O texto, de autoria do vereador Camilo Cristófaro (PSB), visa instituir uma "Política Municipal de Sanitização" na cidade de São Paulo que, entre outras medidas, determina a obrigatoriedade de instalação de túneis (ou cabines) de desinfecção em locais de grande movimento, a exemplo de parques, shoppings e terminais de transporte público.
Desde a primeira versão do projeto, o CRQ-IV tem feito gestões junto a vereadores para sensibilizá-los no âmbito técnico-científico para os riscos da iniciativa à saúde da população, especialmente pela possibilidade de contato do digluconato de clorexidina a 0,2% com os olhos e as vias respiratórias, podendo causar até mesmo cegueira. Pareceres das comissões técnicas de Química Farmacêutica e Saneantes foram corroborados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que ressaltou em notas técnicas o potencial risco de lesões dérmicas, respiratórias, oculares e alérgicas pelo contato da substância com o corpo humano. Além disso, o órgão regulador salientou não haver nenhum registro de produto químico específico para desinfecção de pessoas em estruturas com essa finalidade.
Confira nos links abaixo as matérias já publicadas pelo CRQ-IV sobre o assunto: