Fórum discute impactos das mudanças no Ensino Médio
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Quarta edição do Fórum de Ensino Técnico reuniu cerca de 50 participantes |
A quarta edição do Fórum de Ensino Técnico da Área Química, realizada na sexta-feira (10), envolveu diretores de escolas, supervisores de ensino, coordenadores e representantes de cursos, além de professores e estudantes, na discussão em torno das alterações decorrentes da reforma do Ensino Médio e os reflexos sobre os cursos de nível técnico. O evento, organizado pela Comissão de Ensino Técnico do CRQ-IV, teve o apoio do Sindicato dos Químicos, Químicos Industriais e Engenheiros Químicos do Estado de São Paulo (Sinquisp).
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Guiomar Mello, consultora do MEC |
A programação da manhã incluiu duas palestras: na primeira, a educadora Guiomar Namo de Mello, consultora de projetos educacionais e de formação de professores junto ao Ministério da Educação (MEC), apresentou um panorama geral da reforma do Ensino Médio, estabelecida pela Lei nº 13.415/2017. Entre as principais mudanças, está a flexibilização do currículo escolar, permitindo aos estudantes escolher itinerários formativos para aprofundamento nas áreas de interesse, e a ampliação gradual da carga horária anual (de 800 para 1.400 horas).
A educadora destacou também o papel da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ainda em processo de discussão no Conselho Nacional de Educação. O documento, de caráter normativo, visa determinar o conjunto de conhecimentos obrigatórios que devem constar em todos os currículos de cursos das diferentes etapas da Educação Básica (que engloba a Educação Infantil e os ensinos Fundamental e Médio).
De acordo com Guiomar, o sistema atual demanda alterações estruturais profundas em vista dos resultados apurados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). "O atual sistema fracassou segundo todos os indicadores disponíveis", afirmou. Entre os dados apresentados, ela apontou que o Ideb do Ensino Médio encontra-se estagnado, desde 2011, em 3,7 pontos (em uma escala que vai de 2 a 7); o desempenho em Português e Matemática é menor do que há 20 anos; e 82% dos jovens de 18 a 24 anos estão fora do Ensino Superior.
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Amneris Caciatori, supervisora do CPS |
Em seguida, a supervisora educacional do Centro Paula Souza (CPS), Amneris Ribeiro Caciatori, abordou reflexos da reforma no Ensino Técnico. O CPS, mantenedor da rede de Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), tem como uma das prioridades, segundo a supervisora, continuar e ampliar o Ensino Técnico Integrado ao Médio (Etim). Nesse sentido, foi apresentada a nova proposta do curso Técnico em Química dessa modalidade, que contempla uma carga horária de 2.160 horas/aula para as disciplinas previstas pela Base Nacional, mais 1.440 horas/aula para a formação técnica e profissional, totalizando 3.600 horas/aula distribuídas ao longo de três anos de curso.
No período da tarde, Francisco Aparecido Cordão, especialista em Supervisão de Ensino e Administração Escolar, analisou as principais mudanças propostas pela reforma, com ênfase nos aspectos que alinham o novo modelo aos desafios do mundo do trabalho contemporâneo. Ele salientou que as demandas atuais exigem um novo foco do trabalho escolar, passando da mera transmissão de conhecimentos para a construção de competências e, ao mesmo tempo, entendendo o aluno como um agente ativo e interessado no processo educacional, e o professor como o responsável pela mediação das diferentes oportunidades de aprendizagem.
Aberta a perguntas do público, uma mesa-redonda com a participação de palestrantes do evento, integrantes da Comissão de Ensino Técnico do Conselho e de Donizetti Louro, do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (SIEEESP), encerrou a programação do Fórum.
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Fernando Souza quer se tornar professor |
Aprendizado - Empresário no ramo de tintas, Fernando Cândido de Souza atualmente cursa Licenciatura em Química e tem como objetivo se tornar professor. Por isso, o Fórum acabou sendo uma oportunidade para obter uma visão de especialistas sobre a nova configuração do Ensino Médio. Para ele, a reforma possui aspectos positivos. "Os palestrantes fizeram boas apresentações e a conclusão é de que o Brasil está no caminho certo. No entanto, não será um processo fácil. Levará tempo, mas com alguns ajustes, tenho certeza de que se chegará a um consenso e a qualidade do ensino irá melhorar", analisou.
Ele ainda considerou como ponto importante da nova proposta a previsão de aumento da carga horária para atividades práticas de laboratório. "É fundamental que os estudantes possam aplicar os conhecimentos que adquirem. E isso se torna mais viável quando as escolas estabelecem parcerias com empresas da área, algo que também foi abordado durante o Fórum", relatou Souza.
Os arquivos disponibilizados pelos palestrantes podem ser baixados na seção Downloads.
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Publicado em 10/11/2017
Atualizado em 13/11/2017