Sexta edição do Fórum de Recursos Hídricos tem foco em novas tecnologias
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Ciclo de palestras apresentou inovações em tratamento de água e efluentes |
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Maynart atua no Senac e na UFABC
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Um dos mais tradicionais eventos promovidos anualmente pelo CRQ-IV, o Fórum de Recursos Hídricos chegou à sua sexta edição nesta terça (20). Organizado pela Comissão de Meio Ambiente da entidade, o encontro que reuniu profissionais e estudantes teve o apoio do Sindicato dos Químicos, Químicos Industriais e Engenheiros Químicos do Estado de São Paulo (Sinquisp) e da seção paulista da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-SP), além do patrocínio do Grupo Verde Ghaia.
O fórum é alusivo ao Dia Mundial da Água (22/03), criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, quando foi divulgada a Declaração Universal dos Direitos da Água. O documento apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para as questões relacionadas ao uso e à preservação do recurso hídrico.
A primeira palestra foi ministrada pela Engenheira de Materiais Sônia Mucciolo, Especialista em Processos da empresa Aquamec. Com ênfase em novas tecnologias disponíveis para o tratamento de água potável, ela chamou a atenção para os principais desafios a serem enfrentados nessa área, como a degradação de mananciais provocada pelo crescimento populacional e ocupação desordenada do solo. Membranas ultrafiltrantes, estações móveis e utilização de materiais poliméricos estiveram entre os principais tópicos da apresentação.
A programação da manhã ainda incluiu mais duas palestras. A do professor e pesquisador Marlon Cavalcante Maynart (Senac e Universidade Federal do ABC) divulgou estudos voltados à detecção de hormônios na água e foi dividida em quatro segmentos: reflexões sobre contaminação ambiental; hormônios como poluentes emergentes; procedimentos experimentais e técnicas de detecção; e resultados obtidos com as pesquisas.
Já a palestra da advogada Adriana Ponce Cerântola abordou as responsabilidades legais dos profissionais que atuam com recursos hídricos, especialmente quando ocorrem contaminações, a exemplo dos vazamentos de mercúrio provenientes da fábrica de fertilizantes químicos e plásticos Chisso Company, que afetaram as águas da Baía de Minamata (Japão) entre as décadas de 1930 e 1960. O "Desastre de Minamata", como ficou conhecido, inspirou a assinatura da Convenção de Minamata, ratificada em 2013 por cerca de 140 países (incluindo o Brasil).
SOLUÇÕES - O segundo bloco do evento teve como destaques casos de sucesso no mercado, com soluções implementadas pelas empresas Unniroyal e Knorr-Bremse. Sobre a primeira, foram detalhados os benefícios da bioestimulação no tratamento biológico de efluentes. A apresentação foi conduzida pelo Engenheiro Ambiental Luis Fernando de Oliveira. Ele salientou que o tratamento biológico consiste na remoção da matéria orgânica dissolvida e em suspensão ao transformá-la em sólidos sedimentáveis (flocos biológicos) e gases.
A respeito do segundo caso, relativo à multinacional alemã Knorr-Bremse, que instalou em sua planta na cidade de Itupeva (SP) uma estação de tratamento de efluentes industriais, a Engenheira Química Amanda Cristina Sales Marafioti, coordenadora do departamento ambiental da empresa, detalhou as diferentes etapas do processo realizado pela fabricante de sistemas de freio e bordo para veículos comerciais e ferroviários. Segundo ela, a estação atendeu a uma demanda necessária, já que a região onde a planta foi construída, em 2013, não contava com o atendimento da rede pública de esgoto. Empregando a tecnologia de ultrafiltração por membranas, a estação gera água para usos diversos nas instalações, tais como irrigação e combate a fogo.
O evento foi encerrado pela Engenheira de Materiais Cristiane Poças, que ressaltou as vantagens potenciais decorrentes da utilização de jardins filtrantes artificiais, reproduzindo áreas alagadas existentes na Natureza. A pesquisadora explicou que essas áreas (chamadas de "wetlands") possuem diversas funções nos ecossistemas onde estão inseridas, tais como a regularização de fluxos de água; retenção ou remoção de nutrientes e matéria orgânica; e controle de erosão, o que evita o assoreamento de rios. Dessa forma, wetlands podem ser artificialmente construídas com plantas aquáticas e substratos (brita, areia, bambu etc.) para o tratamento de esgoto.
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Ana Luiza buscou se atualizar sobre a legislação vigente |
Nos encerramentos de ambos os blocos, foram realizadas mesas-redondas com os palestrantes, que responderam a dúvidas apresentadas pelo público.
ATUALIZAÇÃO - A Bacharel em Química Ana Luiza Soares, da Capital, trabalha na empresa Enfil Controle Ambiental com análise de áreas contaminadas. Participante do evento pela primeira vez, interessou-se especialmente pela palestra sobre as responsabilidades legais daqueles que atuam no setor. "Na faculdade, não temos tantas referências sobre o assunto e nem sempre sabemos onde pesquisar a respeito", assinalou.
As apresentações cedidas por palestrantes do Fórum estão disponíveis na seção Downloads. A galeria de fotos do evento pode ser conferida na página do CRQ-IV no Facebook.
Publicado em 20/03/2018
Atualizado em 23/03/2018