Webinar discute mecanismos de incentivo à inovação
ananthu kumar/Pixabay
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Em mais um evento em comemoração aos 30 anos do Programa de Atuação Responsável, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) promoveu nesta quinta-feira, 8 de setembro, o webinar Mecanismos de Incentivo à Inovação para o Desenvolvimento Sustentável. Entidades de grande importância para a inovação mostraram quais são seus programas e projetos voltados à promoção do desenvolvimento sustentável. O evento foi dividido em dois painéis.
André Passos Cordeiro, presidente-executivo em exercício da Abiquim, abriu o encontro destacando a importância do programa Atuação Responsável que, segundo ele, hoje encara novos desafios. “Vemos claramente as mudanças nos paradigmas de desenvolvimento sustentável no mundo; o que eram utopias e propostas hoje estão se materializando. A pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxeram para o nosso tempo o desafio de implantar elementos como o carbono neutro, entre outros paradigmas produtivos”, disse.
A economista e diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, foi a primeira palestrante. Ela disse que a entidade lançou há 14 anos a iniciativa Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), que se consolidou como um fórum para o diálogo privado-público em relação ao tema. Hoje a MEI reúne cerca de 500 lideranças empresariais e da academia.
A executiva, contudo, trouxe dados preocupantes quanto à inovação: o Global Inovation Index mostra que o Brasil caiu 10 posições desde 2011 e destacou que a execução do orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) entre 2013-2022 tem ficado abaixo do volume arrecadado, o que é muito grave. “Estamos na contramão. O mundo está fortalecendo suas instituições e, infelizmente, estamos vendo esta queda acentuada de recursos para dar suporte à pesquisa e projetos de inovação”, alertou.
O segundo palestrante foi José Henrique Menezes, coordenador de Planejamento e Gestão da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), uma entidade privada, sem fins lucrativos, fundada há nove anos e que mantém contrato de gestão com os Ministérios da Ciência e Tecnologia, da Educação e da Saúde, além de parcerias com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Menezes explicou que a EMBRAPII não trabalha com editais ou chamadas públicas. “Na nossa página a empresa interessada faz contato com nossos representantes, apresenta seus desafios tecnológicos, discute competências, e se der tudo certo, a EMBRAPII entra com recursos para a inovação”, explicou. A entidade disponibiliza financiamentos para áreas como bioeconomia florestal, economia circular, materiais, biocombustíveis, saúde, transformação digital e defesa.
O terceiro palestrante foi Paulo Coutinho, gerente do Instituto Senai de Inovação Biossintéticos e Fibras. Ele destacou a importância do compartilhamento de risco, quando o estado assume os riscos junto com as empresas. Mostrou como se dá o cronograma de andamento dos projetos e como funciona o Projeto da Aliança, que é alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Coutinho apresentou projetos apoiados pelo Instituto em várias áreas e informou que a EMBRAPII fornece recursos em projetos de sucesso em áreas como saúde, agropecuária, mobilidade urbana e tecnologia da informação. “Os recursos para P&D são muito elevados, e muitos deles a fundo perdido.”
A gerente de Pesquisa e Inovação da Rhodia Solvay e vice-coordenadora da Comissão de Tecnologia da Abiquim, Cristina Schuch, perguntou aos palestrantes se o Brasil poderá ser um protagonista no desenvolvimento das tecnologias sustentáveis. Coutinho, do Instituto Senai, disse que sim: “estudos apontam que existe a real possibilidade de crescimento, porque temos água, terras, empresas e institutos públicos de pesquisa, mas precisamos efetivamente que as empresas invistam mais pesadamente”, salientou. Gianna Sagazio, da CNI, acrescentou que o País precisa eleger a tecnologia de inovação como prioridade nas políticas públicas e no que diz respeito ao financiamento. José Menezes, da EMBRAPII, afirmou que esse conjunto de instituições pode contribuir com quem quer inovar, mas que teme as questões envolvendo o FNDCT.
Hidrogênio verde - O segundo painel foi aberto por Márcio Henriques, gerente Operacional do BNDES. Ele mostrou os mecanismos que existem hoje no banco para auxiliar as empresas nos campos da sustentabilidade e inovação. Acrescentou que o BNDES está passando por um processo de planejamento estratégico e revendo suas linhas de crédito para ampliar o apoio às indústrias que querem inovar. Lembrou, ainda, que o banco mantém várias linhas de crédito para financiar iniciativas ligadas à sustentabilidade. Por fim, informou que o banco elevará suas linhas de financiamento para projetos envolvendo hidrogênio verde a partir do ano que vem.
A apresentação seguinte foi de Maurício Alves Syrio, superintendente da área de Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Empresa pública, a Finep faz parcerias com agências internacionais e seis redes internacionais para inovação. Há financiamentos para empresas de todos os portes e etapas do ciclo de inovação, como aquisição de máquinas e equipamentos, matérias-primas e softwares. Syrio mostrou projetos com financiamento não reembolsável para energia eólica offshore, energia solar flutuante, novos materiais e armazenamento de energia.
A engenheira de alimentos Luciana Hashiba Maestrelli Horta, coordenadora Adjunta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foi a última palestrante do segundo painel. Ela explicou que os programas de pesquisa para inovação são feitos por chamadas e editais em fluxo contínuo. Existem subvenções para pequenas empresas e parcerias com grandes empresas. Há várias chamadas abertas para pesquisa em inovação que podem ser acessadas neste site, completou.
Rafael Pellicciotta, gerente de Estratégia, Inovação e Desenvolvimento de Negócios da Braskem e coordenador da Comissão de Tecnologia da Abiquim, fez a moderação do segundo painel. Ele pediu aos palestrantes dicas de como as empresas podem levar adiante seus projetos. Maurício Syrio, da Finep, disse que as empresas devem procurar as entidades participantes do webinar e participar de fóruns. Marcio Henriques, do BNDES, informou que o banco está de portas abertas para as empresas que buscam a inovação. Luciana Horta, da Fapesp, reiterou as palavras de Márcio Henriques e disse que é uma boa hora para ir atrás de novos instrumentos. “Sustentabilidade está virando algo obrigatório e inovação, apesar de não ser obrigatória por lei, é obrigatória por questão de sobrevivência”, afirmou.
A íntegra do evento deverá ser disponibilizada em breve no canal da Abiquim no YouTube.
Publicado em 08/09/2022
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